terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Componentes de um candeeiro a petróleo



A ideia de um candeeiro a petróleo, para a maioria dos portugueses, são os de vidro moldado, que caracterizaram durante décadas o interior do espaço doméstico. A variedade de motivos, cores e tamanho é abundante, o que faz deles ainda um sucesso comercial. O uso destes candeeiros não desvaneceu, talvez devido à simplicidade de manuseamento, além de serem um recurso quando há falta de luz elétrica. No mercado encontramos candeeiros de maior complexidade, tanto a nível dos materiais de fabrico como na forma como são decorados. Consoante o ambiente que pretendem enriquecer assim vai variando a sua qualidade e design.




Na imagem estão sete candeeiros, que são da esquerda para a direita:

- vidro moldado, fabrico português, queimador em latão para torcida pequena;

- vidro moldado, fabrico português, queimador em latão para torcida pequena;

- vidro opaline azul com motivos florais, fabrico português?, queimador Kosmos 6” Nacional Porto;

- vidro moldado, fabrico português, queimador em latão para torcida grande;

- latão, fabrico francês, marca Tito Landi, queimador em latão e ferro com camisa;

- vidro moldado, fabrico português, queimador em latão para torcida grande;

- vidro moldado, fabrico português, queimador em latão para torcida pequena.


Nestes candeeiros o reservatório faz parte do corpo principal, no qual encaixam ou se enroscam os queimadores. Os reservatórios para o petróleo podem ser feitos em diversos materiais, tais como vidro ou latão, e devem de estar limpos e livres de fissuras.




Nesta imagem temos outro tipo de candeeiros a petróleo, sofisticados e adequados a um certo ambiente, que são, novamente da esquerda para a direita:

- o mesmo candeeiro em vidro opaline já mencionado anteriormente;

- candeeiro em bronze dourado e cinzelado, fabrico desconhecido (1870 a 1900), queimador inglês em banho de prata e reservatório em latão;

- candeeiro em liga de estanho e antimónio, fabrico alemão (1870 a 1900), queimador em latão e reservatório em vidro;

- candeeiro em liga de estanho e antimónio, alabastro, ferro e latão, fabrico alemão (1895 a 1910), queimador em latão e reservatório em vidro;

- candeeiro em ferro, vidro e latão, fabrico americano (1880 a 1900), antes de ser restaurado.

Os dois candeeiros do lado direito, devido ao seu corpo principal ser composto por peças de vários materiais, têm um parafuso interno em ferro que liga a base ao reservatório. Este parafuso tem como função unir e estabilizar as várias peças. Por sua vez o reservatório tem na base uma bola de vidro, que é colada com gesso a uma peça em latão. É nesta peça que se enrosca o parafuso.




Queimador da Evered & C.º, duplex burner, duas perspectivas, pertencente ao candeeiro de bronze dourado e cinzelado.




Candeeiro alemão em liga de estanho e antimónio, duas perspetivas. O reservatório neste tipo de candeeiros encaixa dentro do corpo principal, ficando camuflado. A grande maioria destes reservatórios é em vidro moldado, há, no entanto exemplares em metal.



Nesta imagem temos um grandioso candeeiro opaline americano, fabricado pela Consolidated Lamp Glass and Company, com componentes metálicos da Pittsburgh Lamp & Brass C.º, datado de 1900. O candeeiro tem várias peças em falta; uma galeria para apoio do globo, um espalhador específico, a chaminé própria e globo.




O mesmo candeeiro desmontado e os diferentes materiais com que foi fabricado, que são: vidro, latão, cobre e ferro.



Na aquisição de um candeeiro antigo a petróleo devemos ter em atenção, entre vários aspectos, se o queimador se encontra completo e em bom estado. A internet é um belíssimo motor de busca com informação, bastante completa, sobre os diferentes fabricantes.
A função de um candeeiro a petróleo é a de dar luz, por isso é absolutamente necessário manter o queimador limpo. A primeira intervenção a fazer no queimador é remover os restos de gordura. Uma boa limpeza e polimento fazem com que a chama tenha maior luminosidade. No entanto há pessoas que acreditam que isso tira o valor ao candeeiro, mas na época em que estes candeeiros eram usados, havia o costume de os polir e manter limpos. Não é esse ponto que os desvaloriza, mas sim os atos criminosos perpetrados em alguns exemplares ao longo do século XX, nomeadamente a eletrificação.
Para remover a gordura, podemos utilizar um dos diversos produtos anti gordura disponíveis no mercado. Devemos deixar de molho nesse produto o queimador, até remover toda a gordura. De seguida deve-mos usar um produto anti calcário (para limpeza de casa de banho por exemplo) e retirar o mais possível da oxidação. Deixamos secar e por fim polimos.



Nesta imagem temos um lote variado de queimadores, alguns danificados mas na sua grande maioria funcionais.



Neste lote surgiram dois magníficos queimadores Agni 20”, da manufactura alemã Wild & Wessel de Berlim. Com estes dois queimadores conseguiu-se completar e recuperar totalmente um terceiro. O queimador do lado direito estava cheio de oxidação, o que para muitos era apenas sucata, mas foi cuidadosamente recuperado.





O queimador Agni 20” recuperado, após ter sido removida a oxidação, entretanto conseguiu-se um espalhador original (o que foi fotografado perdeu o chapéu) e presentemente encontra-se num candeeiro em recuperação.

Os malefícios da eletrificação são absurdos, surgem no mercado português magníficos exemplares completamente danificados e desvalorizados, mas são vendidos a preços exorbitantes. Um candeeiro a petróleo é, como o nome indica, para ser usado no seu estado original.



Nos anos setenta do século XX este queimador Kosmos 14” da firma Brökelmann, Jäger und Busse foi eletrificado, o que levou à sua destruição parcial e irremediável.



Outro queimador Kosmos 14”, desta vez da Hugo Schneider, igualmente danificado.



Neste queimador alemão (três perspetivas) Matador 20”, da firma Ehrich & Graetz de Berlim, a remoção do suporte para o espalhador e a destruição do tubo central, levaram à sua inutilização. Os componentes elétricos foram removidos para esta demonstração.