segunda-feira, 3 de março de 2014

Candeeiro a petróleo Evered & C.º duplex burner



Adquiri este candeeiro numa conceituada leiloeira de Lisboa após ter sido retirado por falta de licitação. O estado em que se encontrava afugentava qualquer comprador, mas algo havia nele que de imediato me atraiu irresistivelmente. No primeiro contacto que tive com o candeeiro verifiquei logo o queimador e o reservatório. O queimador estava totalmente colado e não mexia um milímetro mas o reservatório estava em perfeitas condições.
Após uma segunda observação verificou-se o seguinte:

- reservatório tem Evered & Company Limited Patent gravado;

- o queimador tem Evered & Company Limited Patent R D 141632 gravado no topo da galleria;

- a alavanca elevatória tem Evered`s Patent;

- cada regulador tem Evered & Company London Birmingham.



Os reguladores devidamente marcados.





Numa pesquisa na internet descobriu-se que a companhia metalúrgica tinha sido fundada em 1809, com o nome Richard Evered and Son, em Tyburn Road, Erdington, Birmingham. A companhia, em 1851, participa na Exposição Universal no Crystal Palace, e em 1869 abre escritório na cidade de Londres, Drury Lane. Na década de vinte do século XX interrompe a produção de queimadores de petróleo, concentrando-se em várias outros objetos em metal, nomeadamente para iluminação elétrica e materiais de construção, entre outros. A companhia ainda existe mas com outra denominação.
A produção de queimadores duplex burner começa em 1865, data em que outra firma britânica de renome, a Joseph Hinks & Son, o patenteia, conjuntamente com os apagadores e a sua alavanca. A firma foi fundada antes de 1865, na Great Hampton Street e Hockley Street, igualmente na cidade de Birmingham. A produção deste tipo de queimador teve um enorme sucesso e foi melhorada com a adição da alavanca para subir e descer a chaminé para acender, sem retirar a chaminé. Na mesma cidade há a salientar a firma Samuel S. Messengers & Son, a qual surge por volta de 1810 na Gloucester Place e Alston Street. A firma participa também na Exposição Universal de 1851 mas cessa a produção na década de trinta do século XX.
O queimador também foi produzido nos Estados Unidos da América, nomeadamente pela firma Edward Miller & C.º.
O candeeiro foi, seguramente, produzido depois de 1865 até 1910. Até agora só se sabe o fabricante do reservatório e queimador. A base onde estas peças assentam não tem qualquer marca mas, a qualidade da fundição e detalhes denunciam um artigo de grande qualidade. O design delicado, a conjugação dos motivos florais e estilizados apontam para a segunda metade do século XIX. O material escolhido o bronze em dourado e cinzelado, confere uma certa sofisticação e contraste de cor realçado pelos componentes ingleses. A base deve de ser de fabrico europeu e possivelmente ter sido encomendada por algum decorador ou firma de renome na altura.
Realizaram-se tentativas para se descobrir a proveniência desta peça mas, até agora nada foi descoberto. Na conceituada leiloeira Christie`s surgiu um candeeiro ligeiramente parecido com este, igualmente da Evered & C.º.



O candeeiro no estado em que se encontrava aquando da aquisição. Foi removido o globo e chaminé para ser fotografado.



O queimador duplex burner da Evered & C.º (três perspectivas) cheio de gordura e oxidação, que impedia o movimento das alavancas e reguladores. O nome duplex burner deve-se ao uso de duas torcidas paralelas no queimador, como o próprio nome indica.



A remoção da galeria permite uma limpeza constante. O queimador tem na base uma rodela de cortiça, a qual assenta no reservatório.



O queimador encaixa no reservatório através de um sistema de baioneta e no seu interior existe uma segunda rodela de cortiça.



O candeeiro no segundo dia de limpeza. A remoção da sujidade no queimador foi uma surpresa agradável, afinal é em banho de prata, o que realça ainda mais o efeito dos diferentes tons.



O candeeiro no terceiro dia, limpo e com os metais polidos.



A base em bronze dourado e cinzelado. O restauro desta peça deve ser feito por especialistas devidamente qualificados, o que ainda não foi feito. As diferentes peças são aparafusadas conforme se irá ver nas seguintes ilustrações.




O pé da base (duas perspectivas) onde assentam as três peças decorativas que suportam o topo. A delicadeza dos motivos florais e da chama central revelam a grande qualidade da fundição.



As três peças decorativas (duas perspectivas) conjugam-se harmoniosamente e suportam a taça onde pousa o reservatório.



Na taça perfurada onde o reservatório pousa, a decoração segue a mesma linguagem que o resto da base.



O queimador limpo e polido com um produto específico para prata. O reservatório foi igualmente polido com um produto específico para latão e outros metais.



3 comentários:

  1. candeeiro mto bonito, uma verdadeira obra de arte
    mtos parabéns

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  2. É impossível visitar estas vossas paginas sem deixar no mínimo um pequeno comentário.
    O vosso trabalho é qualquer coisa de admirável.
    Para além da paixão que têm ainda transmitem esse amor por candeeiros a petróleo.
    Esse bichinho já cresce em mim dia apos dia cada vez mais forte. obrigado amigos.

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  3. Este candeeiro foi um desafio mas, continuo sem saber o fabricante da base em bronze, talvez francês...

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