terça-feira, 29 de abril de 2014

Candeeiro a petróleo português


Um dia num mercado de rua encontrei um amoroso candeeiro opaline a petróleo em azul claro. Após uma cuidada análise verifiquei se havia alguma fenda ou anomalia e passados 15 dias decidi adquiri-lo. Imediatamente o quis conjugar com uma jarra, igualmente opaline e quase do mesmo tom, estimada por minha mãe, que a trouxe de casa da avó paterna. A jarra tem ramos de flores policromos, cuidadosamente pintados, e poderá ser de fabrico nacional.
O candeeiro tem também raminhos de flores policromos, que se aproximam em tons cromáticos aos da jarra, mas a qualidade da pintura é mais espraiada.
Uma análise mais cuidada revelou no regulador do queimador o seu fabricante: Nacional Porto. Esta curiosidade é interessante, visto não haver registos, até agora, de fabricantes portugueses de queimadores Kosmos, como é o caso.
O queimador de 6” tem as medidas standard dos queimadores alemães e franceses da mesma época, mas a rosca tem diâmetro inferior aos mencionados. Estamos pois portanto diante de um queimador invulgar, fabrico português, copiado dos estrangeiros. O corpo principal parece ser também se fabrico português, mas também poderá ser de algum outro fabricante europeu, nomeadamente francês, alemão ou checo. Só podemos conjecturar, visto não haver marcas no vidro que possam datar e atribuir este exemplar.
O próximo passo foi limpar o candeeiro com água e detergente, seguido do polimento, depois de seco, dos metais. As peças metálicas foram desmontadas e limpas individualmente.



Candeeiro durante a limpeza, duas perspectivas.



Depois da limpeza foi necessário adquirir um globo e chaminé, mas por causa do seu tamanho, não havia na altura no mercado globos de diâmetro inferior a 15cm, o que desproporcionava o conjunto. A chaminé e torcida foram uma dor de cabeça, simplesmente já não se fabricam para os Kosmos 6” cá em Portugal e nem se comercializam.
O problema da chaminé foi resolvido após uma busca exaustiva nas lojas especializadas em Lisboa, num resto que estava em armazém. A torcida veio num saco cheio de queimadores sujos, foi lavada e enxugada. Mas ainda continuava o problema do globo, tulipa, ou abat-jour. Na altura calhou rever uma série de época, inglesa e perfeccionista até aos mais ínfimos detalhes, coisa que nos escapa por cá, e ver um Kosmos com uma bobèche. Este recurso é charmoso, mas cá não há o diâmetro necessário para se os poder colocar.
Fiquei então com mais esta inspiração, apesar de ter ponderado seriamente numa tulipa para candeeiros eléctricos com bordo amarelo. Nisto nas minhas deambulações pelos antiquários lisboetas descubro um caixote mágico. Cheio de chaminés, acessórios e globos para candeeiros a acetilene e a gás. No meio daquelas peças todas veio ao de cima, embrulhados em papel amarelado gasto pelo tempo, uma mimosa tulipa em vidro.
O diâmetro para encaixe era o suficiente, até 7cm, o tom verde e meio nublado condizia com os tons verdes do candeeiro, tem a altura suficiente, etc…
Assentou que nem uma luva, a peça veio contrabalançar e realçar as cores e formas do conjunto.
Confesso que ainda não desisti da ideia de uma tulipa de bordo amarelo, visto ser uma das minhas cores preferidas, para poder alternar com a outra peça.
Os globos, abat-jours, tulipas e outros acessórios são como os de moda. A sua conjugação pode ser brilhante ou desastrosa, depende de bom senso e procura persistente pela peça ideal.



Candeeiro opaline, duas perspectivas.



Regular marcado Nacional Porto.



Peças desmontadas, duas perspectivas.




Candeeiro com a jarra mencionada, duas perspectivas.



Pormenor da pintura na jarra, duas perspectivas.



Nas bases dos dois exemplares não consta qualquer marca, assinatura ou data.