segunda-feira, 9 de junho de 2014

Candeeiro alemão século XIX para o XX, um restauro em curso, continuação



Na anterior publicação falou-se num candeeiro metálico de grandes proporções que ainda se encontra em restauro, hoje seguem as fotografias e descrições mais detalhadas deste magnífico exemplar.
O metal empregue é provavelmente em liga de estanho e antimónio, amplamente usado em finais do século XIX e XX na fabricação de candeeiros, sobretudo na Alemanha e Áustria. O seu uso tinha como finalidade reproduzir peças em bronze, mais caras e inacessíveis à população em geral, contribuindo para uma diversidade infinita de candeeiros. De um modo geral o uso desta liga é desmerecido por alguns, visto se encontrarem exemplares bastante simples e toscos, mas há candeeiros magníficos que se encontravam nas casas abastadas. Nos antigos acervos da Casa Real há candeeiros nesta liga metálica (um deles estava na mesa de cabeceira do Rei Dom Carlos no Palácio da Pena), cuja complexidade de motivos e fundição são bastante decorativos. O século XIX produzia estas peças pretensiosas, mas que eram adquiridas por um público conhecedor, culto e abastado.




Outro exemplar que pertenceu à Casa Real (duas perspectivas), o qual se encontra no Palácio da Vila de Sintra, ilustrações retiradas do seguinte link:


O candeeiro que ainda está a ser restaurado pertence a esta categoria, pretensioso mas ao mesmo tempo de boa qualidade.




O candeeiro actualmente. As duas dimensões são as seguintes: 20cm na base e 44cm em altura até ao queimador. O globo tem 10cm de diâmetro para encaixe na galeria, mas estilisticamente não é o indicado, assim como a chaminé Matador 20´´, os quais foram usados para demonstração.



Os motivos estilizados deste exemplar são claramente inspirados na cultura greco-romana, revelando ao mesmo tempo um certo kitsch irresistível oitocentista que me seduziu. A sua fabricação parece ser claramente alemã, sensivelmente entre 1870 a 1900.




Pormenores da base do candeeiro (duas perspectivas). Os padrões, flores e outros motivos estilizados conjugam-se harmoniosamente conforme se vai desenvolvendo o corpo principal do candeeiro. As diferentes peças eram fundidas separadamente e depois soldadas, conforme se pode observar.




Corpo principal do candeeiro com as três figuras femininas, as quais são soldadas ao candeeiro. A graciosidade e a curvatura das estilizações tornam este exemplar invulgar e vaporoso, conferindo uma certa leveza ao apoio da taça que camufla o reservatório.




Pormenor da esfera entre as figuras femininas.




A taça com as suas peças em latão (duas perspectivas). Os altos-relevos classicistas são animados por graciosas flores dispostas simetricamente, o que mais uma vez confere graciosidade e leveza ao conjunto.




A taça com o Agni Brenner 20´´´da Wild & Wessel de Berlim. A opção por este queimador deveu-se ao facto de me ter apaixonado pela sua dimensão e beleza. O candeeiro como já se referiu tinha um queimador Kosmos 14```da Hugo Schneider danificado que não era o original, segundo o vendedor. Mas estes queimadores morriam, não sobressaíam neste candeeiro, daí ter optado pelo Agni 20´´´. O design deste queimador, assaz invulgar e belo, assume um papel de destaque e de glorificação, realçado pelas peças estilizadas em latão da taça.
O cromatismo é assim reforçado pelo latão, o qual ainda irá ser mais destacado quando se pintar este candeeiro com o preto fosco.




A galeria posta no queimador, a qual pode ser retirada e optar-se por um abat-jour em seda, mas esse tem de ser feito especificamente para este candeeiro, com uma armação própria.




A galeria desmontada.



O queimador Agni 20´´´é já de si uma peça rara, mas muito difícil de completar, conforme se verá na próxima publicação.

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