terça-feira, 3 de junho de 2014

Candeeiro a petróleo em liga de estanho e antimónio



Com o restauro do candeeiro, mencionado nas anteriores publicações, fiquei com outro, embora menos apelativo e que eu sentia a necessidade de alterar algo nele.




O candeeiro no dia da sua compra, duas ilustrações.



Um dos pontos que me desmerecia nele era a união grosseira entre o pé metálico e o reservatório em vidro, o que é impensável nestes candeeiros na sua época. Mesmo os candeeiros mais modestos têm uma perfeição na união das peças que este tinha perdido. Pus-me a pensar no assunto e um dia, vasculhando na internet, descobri um reservatório de fabrico actual precisamente igual a esse.




O candeeiro após a primeira intervenção, a qual só foi a limpar os vidros e polir os metais.



O candeeiro denunciava um restauro descuidado, pela união das peças mencionadas e pela horripilante pintura em purpurina. Na minha cabeça de repente fez-se luz, aproveitar um dos depósitos americanos que sobraram e colocar neste. Tudo batia certo, o número de estilizações do globo, reservatório e os três pés da base, além do cromatismo ficar mais apelativo com a adição do latão entre o vidro e o metal.
O primeiro passo foi remover a pasta, que não era gesso como antigamente se fazia mas outra actual, e pôr de parte o reservatório. O segundo foi remover a purpurina e depois pintar de preto fosco, mas o meu amigo Nuno apaixonou-se pelo candeeiro e os tons cinzentos do metal. Este metal, o qual não tem marcas nem se sabe a origem, é em liga de estanho e antimónio. Os tons imperfeitos do cinzento são apelativos, por isso segui o seu conselho e deixámos estar à cor natural.
O passo a seguir, mais fácil, foi colocar o reservatório com o seu parafuso, que atravessa a base metálica, e comprar um disco metálica e apertar a extremidade para as peças ficarem unidas. O resultado transformou da noite para o dia este desenxovalhado candeeiro numa peça bastante equilibrada e apelativa.
Outro dado curioso foi a base ter 3 pés, o globo ter 6 estilizações, o reservatório ter duas bandas com 15 pontas, a de cima ciruclar e a de baixo pontiaguda, ambas em baixo-relevo. O resultado foi fenomenal, tudo se encaixa.




O candeeiro após o restauro, duas ilustrações.



O uso das ligas de estanho e antimónio era usada em variados tipos de candeeiro, desde os mais simples e populares, até aos mais sofisticados. Esta liga é difícil de restaurar, por isso é preciso ter muito cuidado para não se quebrar nenhuma peça deste material.
A origem deste candeeiro continua um mistério para mim, apesar de ter como seguro os seguintes dados:

- o queimador Kosmos 14” é da Gaudard, portanto fabrico francês;

- a chaminé Kosmos 14” é de fabrico sueco e tem as seguintes inscrições de debaixo de uma coroa: Blysglass 14”.

As restantes peças que vieram ainda não se sabe a origem, mas é provável que sejam alemãs.




A base em liga de estanho e antimónio, duas perspectivas. Esta base tem reminiscências estilísticas dos castiçais que se usam nas igrejas e oratórios, mas como está perfurada inviabiliza o seu uso para velas.




A união entre as diferenças resultou estupendamente, o cinzento do metal com o latão e o reservatório são fenomenais.




O reservatório é parcialmente fosco, excepto nas bandas estilizadas decorativas, o que ainda realça mais o efeito elegante do candeeiro.




O queimador conjuga-se igualmente com os restantes tons do candeeiro. O globo tem uma presença fenomenal devido ao seu sóbrio e sofisticado design.




O candeeiro sem globo e chaminé visto de cima. As diferentes estilizações das peças complementam-se entre si.



Na próxima publicação falarei da importância de se adquirir petróleo de boa qualidade, visto o mercado estar saturado de produtos de qualidade duvidosa, além de porem em risco a nossa segurança. Outro ponto fundamental é o custo/benefício dos candeeiros a petróleo, visto ser um tema em moda nos dias de hoje.

2 comentários:

  1. Belo restauro! O candeeiro ficou impecável.
    Como tirou a purpurina? Eu tive um com essa pintura, mas tive receio que o decapante estragasse a liga metálica.
    Cumprimentos

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  2. Obrigado Francisco. Neste caso por acaso usei decapante e esfreguei, mas no candeeiro a seguir usei soda cáustica.

    O uso da soda cáustica convém ser no exterior, por causa dos vapores, mas ficou impecável, mas mesmo assim tive que esfregar pequenas zonas para tirar tudo.

    Cumprimentos

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