domingo, 3 de janeiro de 2016

Candeeiro da manufactura berlinense Ehrich & Graetz, datado de 1900 a 1930



No passado dia 22 fui à Baixa de Lisboa para comprar as prendas de última hora.

Às 18h tinha combinado ir ao Museu Nacional de Arte Antiga, para assistir ao lançamento da obra Histórias de Antiguidades, da autoria do Dr. Anísio Franco.

Atrasei-me um pouco e lá fui a pé da Baixa para Santos-o-Velho. No caminho fui por uma rua pouco movimentada e pela qual não costumo passar. De repente vi uma loja que me suscitou curiosidade e entrei. Tal qual um cão de caça com o faro apurado.

Entrei e rodeei tudo até dar de frente com dois candeeiros em latão. Um era um Rayo, sem espalhador, e o outro era um Ehrich & Graetz.

Peguei no segundo candeeiro e vi que o queimador era o modelo Matador no tamanho 20, tinha a chave elevatória da galeria e o espalhador original. A tampinha para encher o reservatório tem o símbolo da manufactura Ehrich & Graetz, uma estrela raiada de 8 pontas. Entre a base e o reservatório o latão estava bastante oxidado. Olhei para o preço bastante acessível na base e peguei nele. Na loja não tinham multibanco e lá fui a correr para uma caixa. Paguei o candeeiro e cheguei 3 minutos atrasado ao Museu Nacional de Arte Antiga.



O queimador é precisamente igual aos que foram descritos aqui, nomeadamente em:









O sistema interno acionado pela chave elevatória é o mesmo. Os caracteres e estrelas em volta da base são também os mesmos.

No mercado o queimador Matador surge com ligeiras alterações, que são:



- os botões do reguladores (em latão ou em resina, com diferentes informações e marcas);

- os caracteres na base do queimador, o número de estrelas também é variável;

- o sistema interno da chave elevatória em pelo menos duas versões.



Todo o candeeiro foi fabricado pela Ehrich & Graetz.

Na base tem um disco metálico em ferro interior, bastante oxidado, através do qual passa o parafuso interno. Desta forma a base e o reservatório ficam unidos, além de permitir um peso considerável para que o candeeiro fique estável. O parafuso estava bastante enferrujado, o que causou em roda da base do reservatório sinais extremos de oxidação.

O candeeiro encontra-se a ser recuperado.



É um candeeiro difícil de datar com segurança.

Nos catálogos de época é referido como candeeiro para mesa ou para secretária, consoante o uso pretendido. Podia ter suporte para quebra-luz ou simplesmente ser usado só com a chaminé.

As estilizações e linhas sóbrias enquadram-se no movimento Jugendstil germânico.

Nos catálogos estes candeeiros foram produzidos de 1900 até 1930.

Bases metálicas lisas, com relevos ou não, com decorações ou não. Reservatórios em latão lisos ou com as mesmas estilizações anteriores. Em alguns exemplares o reservatório podia ser em vidro. Desta forma obtinha-se variados tipos de modelos, de forma a satisfazer o grande público.

O queimador podia ser do tamanho 14 ou superior, visto a rosca ser compatível com vários. Eram adquiridos geralmente em separado, aumentando por isso o preço final.



O candeeiro desmontado. A base e o parafuso em ferro separados.



O queimador com a chave da galeria, duas perspectivas.



A base metálica com o número 900 em baixo-relevo. Será o número do modelo do candeeiro ou da peça?




Página 35 de um catálogo em húngaro e alemão, datado de 1905. Candeeiros de mesa ou para piano em latão.




Página 21 do catálogo, datado de 1907, do fabricante e retalhista Kretzschmar, Bösenberg & Co., sediado em Dresden. Vários modelos para candeeiros em latão polido ou patinado. O candeeiro podia ser comprado em separado ou com o queimador escolhido.
Os modelos assemelham-se nas estilizações ao exemplar adquirido em Lisboa.




Catálogo de 1912 a 1913 do retalhista alemão Freytag & Koch, quadro 3. Candeeiros com as mesmas estilizações que os anteriores mas, com abat-jours em vidro e peças metálicas. Na base do abat-jour há franjas em missangas, que estavam em voga na primeira metade do século XX. Na parte superior os mesmos candeeiros mas, com reservatórios em vidro e estilizações pintadas. Nas mesmas formas podia-se optar por candeeiros totalmente em vidro.




Catálogo francês de 1921 do retalhista parisiense H. Markhbeinn, página 17. Modelos de candeeiros similares aos anteriores.

2 comentários:

  1. Palavras para quê !!! Que trabalheira que vocês têm ...
    Estudar horas e horas para depois nós virmos à fonte e beber todo o vosso saber ...
    Não tenho palavras para agradecer tudo que me ensinam. Obrigado

    ResponderEliminar
  2. Este merece um próximo post quando estiver arranjado.

    abraço

    ResponderEliminar