terça-feira, 31 de maio de 2016

Candeeiro Wild & Wessel






O candeeiro que vos apresento hoje foi fabricado pela manufactura Wild & Wessel de Berlim. Este tipo de candeeiros é paradigmático do período de 1890 até 1904, inspirado nos elementos da arquitectura clássica.

Este modelo podia ser adquirido com várias versões, consoante o preço final.

Os componentes metálicos podiam ser em zinco, em latão, em bronze ou em outro metal.

Os restantes componentes podiam ser em pedra, em metal esmaltado, em vidro ou em cerâmica, entre outros.

Peças iguais às deste candeeiro foram fotografadas para o catálogo comemorativo dos 50 anos da manufactura, editado em 1894. Na fotografia o candeeiro tem o número 2420. É composto por peças metálicas em bronze e por serpentinstein (um tipo de pedra comum na Alemanha e utilizado em peças decorativas).

No catálogo de 1902/1903, desta manufactura, a base da coluna e o capitel eram utilizadas no modelo 2421 e 2499. A base e restantes peças diferem deste candeeiro. No mesmo catálogo as pedras disponíveis eram: ónix do Brasil, imitação de ónix, serpentin, imitação de malaquite e rouge ant. (não sabemos que tipo de pedra seria este).



Este candeeiro é composto por peças em pedra, em zinco, em latão e em vidro. Esta manufactura fabricava as peças metálicas em Berlim e as de vidro em Wiesau, na Silésia prussiana. Nesta última eram produzidos os reservatórios, os quebra-luzes e as chaminés, entre outras peças.

A base de mármore assenta em quatro pés metálicos, aparafusados a ela. Ao centro passa o parafuso interno, que une todas as peças, e onde é enroscada a porca.

A coluna tem a base em zinco e um fuste em mármore. O capitel coríntio é também em zinco e serve de base ao reservatório. Este assenta numa peça em latão, onde é enroscado o parafuso interno. O reservatório é todo lapidado ao redor e no bocal está colada a anilha.

O queimador enroscado é o modelo Kosmos, tamanho 14, e está em boas condições.

No queimador encontra-se um suporte para quebra-luz. Este suporte foi fabricado especificamente para os queimadores da Wild & Wessel. Os recortes e perfurações coincidem com as perfurações da grelha exterior da chaminé. Ambas complementam-se e comprovam o requinte que esta manufactura tinha no fabrico das suas peças.

Este suporte pode ser usado com um quebra-luz em vidro, quase plano, e especificamente fabricado pela Wild & Wessel. O perímetro exterior tem um rebordo onde se pode apertar uma fita em tecido, de onde pende uma faixa também em tecido. A outra opção é usar um abat-jour em tecido, como os indicados nos catálogos antigos.



O candeeiro encontra-se em boas condições. No processo de limpeza o reservatório descolou-se. Procedeu-se depois à remoção do gesso antigo e à sua colagem com gesso novo.

O queimador estava um pouco sujo por dentro, com restos de insectos e pó.

As peças metálicas em zinco ainda têm vestígios acobreados do revestimento exterior. O zinco com o tempo oxida e o banho metálico exterior vai desaparecendo com o tempo. A opção levada a cabo pela maioria dos colecionadores é deixar estas peças como estão, sem pintar ou colocar outra camada metálica.



Em Portugal há um par de candeeiros disperso da Wild & Wessel. A base e o capitel da coluna são iguais a este. Foram adquiridos para um edifício emblemático de Lisboa e mais não digo por enquanto.


Estampa 48 do catálogo de 1894 da Wild & Wessel. O candeeiro com o número 2420 é o segundo a contar da direita.



Estampa 57 do catálogo anterior. O candeeiro com o número 2613 é em bronze e serpentinstein, o quebra-luz de vidro é o indicado para o suporte deste candeeiro.




Página 26 do catálogo de 1902 a 1903 da Wild & Wessel. O candeeiro 2499, canto superior direito, tem a mesma base e capitel da coluna. O mesmo acontece com o modelo 2421, quarto a contar da esquerda em baixo.




Fotografias do candeeiro, várias perspectivas.