domingo, 29 de janeiro de 2017

Central Vulkan 16''' Wild & Wessel


O queimador Central Vulkan da Wild & Wessel é um dos preferidos de qualquer colecionador. Efetivamente há quem perca a cabeça para ter um exemplar em perfeitas condições.

Este género de queimadores tem origem nos queimadores Kosmos, que evoluíram para o Kosmos Solar. Este último tem a mesma construção que os primeiros mas, foi incluído um tubo de corrente de ar central. Desta forma a chama alonga-se verticalmente, aumentando assim a incidência de luz. Esta inovação foi patenteada em 1879 por outra manufatura berlinense, a Schuster & Baer, fundada por Ernst Schuster e Hugo Baer. A Wild & Wessel baseou-se neste conceito e criou o queimador Kosmos Solar.

No dia 14 de Junho de 1881 é patenteado um novo queimador da Wild & Wessel, com base nos descritos, com o número 16783. No topo há um espalhador, em disco e espigão, para moldar a chama em todo o seu perímetro. Esta modelagem da chama também é conseguida através da chaminé, cujo design é feito propositadamente para esse fim. A torcida é movida pelo sistema de roldanas internas e nascia a gama Kosmos Vulkan, que teve um grande sucesso comercial. No mesmo ano, no dia 8 de Dezembro, é atribuída a patente número 18574 à Wild & Wessel. Nesta patente desenvolveram um carreto, com uma construção específica, para mover a torcida. Esta tem “tentáculos” formados pelos fios longitudinais, os quais são cozidos com tecido nas pontas e para se manterem unidos. Desta forma otimiza-se a capilaridade do petróleo para abastecer a chama.

Com base na segunda patente é desenvolvida a número 20957. Registada no dia 3 de Março de 1882 e prolongada até 7 de Dezembro de 1896. Nesta patente é desenvolvido outro tipo de carreto, para a mesma torcida. Os tentáculos passam através de dois tubos, paralelos e que se movem, e a torcida adapta-se à forma cilíndrica do canhão central. Este tem forma cónica, é onde se movimenta a torcida e pode-se desenroscar. Nasceu assim a gama Kosmos Vulkan, que teve grande sucesso comercial.

A segunda patente também foi a base da número 30196. Foi registada a 10 de Abril de 1884 e prolongada também até ao dia 7 de Dezembro de 1896. Os desenhos construtivos são de um novo tipo de carreto, com características comuns ao anterior, e um novo design.

No dia 28 de Dezembro de 1884 a patente 31839, também atribuída à Wild & Wessel, é de uma chaminé. Esta tem um rebordo arredondado, em todo o perímetro, na base e logo acima da grelha em latão.

No mesmo ano, a 28 de Dezembro, a patente 32422 é atribuída à manufatura, com prolongamento até ao mesmo prazo citado. A construção, o design e outras características do carreto são melhoradas. Estas características são as mesmas que encontramos nos queimadores Central Vulkan e Central.

Nasciam assim quatro gamas distintas, em termos de design, e com base nas mesmas experiências: a Kosmos Vulkan, a Central Vulkan, a Central e a Vulkan Universal Brenner. As chaminés destas duas últimas têm o referido rebordo para se distinguirem das primeiras. O design das grelhas, para fixar a chaminé, também são diferentes, entre muitas outras particularidades.

No ano de 1889 a Wild & Wessel fabricava os seguintes queimadores, entre outros, e que eram:



- o Vulkan, no tamanho 16 e 18;

- o Kosmos Vulkan, nos tamanhos 14, 15, 16, 18 e 30;

- o Central Vukan, nos tamanhos 16, 18, 24, 30 e 50;

- o Central, no tamanho 16 e 18

- o Solaröl;

- o Kosmos Normal, nos tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 15, 16 e 20;

- o Kosmos Solar (tubo de ar central), nos tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 15, 16 e 20;

- o Kosmos, nos mesmos tamanhos anteriores;

- o Flach (torcida plana), nos tamanhos 2, 3, 5, 7, 10 e 14.



Em 1892 temos conhecimento de:



- o Central Vukan, nos tamanhos 16, 18, 24 e 30, deixou de haver o tamanho 50;

- Vulkan Universal nos tamanhos 18, 24 e 30;

- o Central (que é um Kosmos mas, com design diferente e chaminé), no tamanho 14.



Em 1893 os queimadores eram vendidos nos seguintes tamanhos:



- Vulkan Universal nos tamanhos 16, 18, 24, 30 e 50;

- Kosmos Vulkan nos tamanhos 14, 16, 18 e 30;

- Central Vulkan nos tamanhos 14, 16, 18, 24 e 30;

- Central Solar (Kosmosform, é um queimador Kosmos com design diferente e podia ser vendido com chave elevatória, tem carreto como nos Central Vulkan e a chaminé tem rebordo), nos tamanhos 14, 16 e 18;

- Flach (torcida plana), nos tamanhos 2, 3, 5, 7, 10 e 14;

- Kosmos, nos mesmos tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 15, 16 e 18;

- Kosmos Normal, nos mesmos tamanhos 6, 8, 10, 12 e 14;

- Central no tamanho 16 e 18.



No ano de 1902 a Wild & Wessel é adquirida pela Hugo Schneider. As instalações de Berlim são encerradas e a maquinaria, dos queimadores, é transferida para Leipzig.

Em 1906 a Wild & Wessel fabricava os seguintes queimadores:



- Kosmos, Kosmos Solar e Kosmos Normal, nos tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 16 e 18;

- Kosmos Vulkan nos tamanhos 12, 14, 15, 16 e 18;

- Central Vulkan no tamanho 16 e 18;

- Agni Brenner nos tamanhos 14, 16 e 20;

- Vulkan Universal Lampe nos tamanhos 18, 24 e 30.



No ano de 1911 a gama manteve-se e o Kosmos Vulkan deixou de ter o tamanho 15.

Não se sabe ao certo quando saíram definitivamente de linha.

A Hugo Schneider continuou a usar o nome comercial Wild & Wessel até à Segunda Grande Guerra.





Patente número 16783 atribuída à Wild & Wessel em 1881.




Patente número 18574 do mesmo ano.




Patente número 20957 referente ao ano de 1882.




Patente número 30196 datada de 1884.




Patente número 31839 do mesmo ano.




Patente número 32422 também do mesmo ano.



O queimador que tenho é um Central Vulkan, no tamanho 16, e deverá ter sido fabricado no final do século XIX e início do XX. Tem chave elevatória e uma galeria ou aranha para quebra-luz, peça rara e assaz procurada pelos colecionadores. O botão do regulador está marcado para exportação e até agora foi o primeiro identificado. Tem dois círculos, em alto-relevo, concêntricos e 11 estrelinhas de seis pontas em redor (a mais comum são dois C`s entre 10 estrelinhas de 6 pontas). O importador era A. Robert de Paris, uma firma comerciante francesa que importava diretamente queimadores da Wild & Wessel.
O queimador Central Vulkan é de facto muito interessante.
Foi fabricado com peças em latão de boa qualidade, o sistema construtivo é sólido e eficaz. As perfurações e outros pormenores integram-se perfeitamente.
A galeria desenrosca-se toda e tem várias entradas de ar. No cilindro exterior, com um design de cruzes, e no topo. Desta forma o ar passa e é filtrado pela grelha próxima à chama, controlando assim o fluxo de ar no interior da chaminé.
No interior há determinadas particularidades que só as vi depois de ter um queimador destes. Na base do queimador há furos, estes deixam passar o ar para o tubo central. Este é de corrente de ar central, tem dois furinhos no topo, é a base do espalhador e por onde corre o carreto denteado. Este regula a torcida e cujos tentáculos passam através dos dois tubos. O canhão assenta nos dois tubos e também funciona como passagem do ar. No seu interior movimenta a torcida e pode ser desenroscada, para a podermos substituir.
A luz deste queimador é equivalente a 32 ou 35 velas e consumo horário de 75gr de petróleo.

Não tenho ainda um candeeiro para este queimador mas, quem sabe, um dia surgirá um…




O queimador antes de ser limpo com a torcida original.





O queimador depois de limpo e com a galeria levantada, três perspetivas.




A marca no botão do regulador.




O topo do queimador e o design da galeria ou aranha, duas perspetivas.




A entrada de ar no topo do cilindro perfurado, que serve de base à galeria.




O queimador com todas as peças que se podem desmontar.




A base do carreto, com peças desmontáveis, duas perspetivas.




O queimador e as entradas de ar na base, as quais comunicam internamente com o tubo central, duas perspetivas.




A base do queimador, os tubos para a torcida e as entradas de ar extra, quatro perspetivas. As três primeiras foram tiradas com o queimador virado ao contrário.




O espalhador e as medidas, fotografia gentilmente cedida por Ara Kepapcioglu.




O queimador aceso, com a chama em forma de tulipa, fotografia gentilmente cedida por Ara Kepapcioglu. Quando estive em Paris vi este candeeiro ao vivo e foi aceso. Foi comprado ainda com o espalhador preso por ráfia ao queimador.