quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Os candeeiros no cinema e na televisão

Desde criança que sou fascinado pelo século XIX e início do século XX.

Ao longo da vida tenho visto inúmeros filmes e séries televisivas que retratam esse período. Onde têm aparecido diversos candeeiros, como não poderia deixar de ser. Nessas filmagens foram utilizados anacronicamente candeeiros de épocas posteriores. Infelizmente estes detalhes têm sido descurados e há cenas completamente desastrosas. No entanto há extraordinárias recriações históricas feitas por especialistas.

As reconstituições históricas são complexas e requerem um estudo aprofundado. Tudo deverá ser questionado para se atingir a perfeição e rigor exigidos. Se houver dúvidas o melhor será não colocar determinada peça. Mais vale a omissão do que o erro. A reposição da peça poderá ser feita, segundo um estudo meticuloso, se se provar que pertence ao período em questão. Estas regras, gerais, devem ser aplicadas em todas as reconstituições históricas. Quer sejam em cenários para filmagens, em cenários de teatro e em salas de museu, entre outras. O escritor, poeta e dramaturgo Oscar Wilde é rigoroso nestas questões. Nomeadamente no que se refere às peças teatrais. No final do século XIX foram realizadas diversas peças de teatro privadas, representadas por figuras conhecidas da alta sociedade londrina, passadas em épocas anteriores. Estas peças de teatro decorriam na época medieval mas, com roupas do século XVIII. O que não contribuiu para a qualidade da peça. Desta forma não se enfatiza todo o ambiente daquele período, o qual deve envolver o espectador na narrativa. Este processo complexo é também apoiado na iluminação, no som, na música e no desempenho dos actores, entre muitos outros factores.



Para esta publicação escolhemos determinados filmes e séries televisivas, os quais foram ordenados cronologicamente.







Camille (1936)




Os actores Greta Garbo (Marguerite Gautier) e Robert Taylor (Armand Duval) durante as filmagens. Na mesa um candeeiro para secretária de época posterior à retratada no filme.



Ilustração retirada de:

http://ratocine.blogspot.pt/2012/04/camille-1936.html



Gone with the Wind (1939)




Inigualável adaptação do romance, publicado em 1936, da escritora americana Margaret Mitchell ao cinema com o nome Gone with the Wind, traduzido para E Tudo o Vento Levou em Portugal. Com o inesquecível desempenho dos actores Vivien Leigh, Clark Gable, Hattie McDaniel, Olivia de Havilland e Leslie Howard, entre outros.

O filme desenrola-se um dia antes da declaração da Guerra Civil americana (1861-1865). Nas primeiras cenas na casa da família O'Hara, ao entardecer, a personagem Mammy (interpretada por Hattie McDaniel) desce as escadas e pede luz ao criado Pork (o actor Oscar Polk) para a entrada porque chegou Mrs. O'Hara. Este prontamente pega num candeeiro de época, aparentemente um Solar com semelhanças aos candeeiros da Cornelius & Company, com um queimador para petróleo. Este parece ser de época posterior. Logo após esta cena a criada Mammy avisa Mr. Gerald O'Hara. Este está no escritório com um candeeiro aceso na mesa. O candeeiro é também de época posterior. Em toda esta sequência sabiamente reduziram a luz elétrica.

A maioria dos candeeiros em vidro usados no filme, com motivos florais e formas arredondadas, foram fabricados no final do século XIX e início do século XX. Induzindo em erro os antiquários e o público em geral. Daí a designação errónea de Gone with the Wind lamps nos Estados Unidos da América. Esta questão já foi abordada na publicação datada de 31 de Agosto de 2016.

Todavia há cenários onde apropriadamente utilizaram candeeiros da época. Por exemplo no quarto de Scarlett O'Hara (Vivien Leigh) da sua nova residência em Atlanta.


A actriz Vivien Leigh (Scarlett O'Hara) durante as filmagens do filme, no dia em que a cidade de Atlanta é bombardeada.



Ilustração retirada de:

https://fineartamerica.com/featured/12-gone-with-the-wind-1939-granger.html

O actor Clark Gable (Rhett Butler) encostado ao fogão de sala na casa da tia Pittypat Hamilton. Na mesa, por detrás do sofá, um candeeiro em forma de mocho.



Ilustração retirada de:

http://goldenageestate.tumblr.com/post/105259856150/clark-gable-gone-with-the-wind-1939


Nestas cenas do filme há a registar o seguinte:

- na primeira é a biblioteca em Twelve Oaks. Na mesa está um candeeiro de época posterior, do último quartel do século XIX e início do século XX. Este tem uma coluna e um globo decorado;

- na segunda é a sala em casa da tia Pittypat Hamilton. De novo nas mesas há o mesmo tipo de candeeiro anteriores;

- a terceira cena é a sala de Rhett Butler. Os candeeiros são apropriados para a época, nomeadamente o candeeiro sobre a mesa com o globo decorado;

- a quarta e última cena é no quarto de cama de Scarlett O'Hara. Nas mesas-de-cabeceira há um requintado par de candeeiros para óleo vegetal (modérateur ou Carcel) com globos adequados. Estes parecem da manufatura Baccarat com o motivo de dragões.

Os actores são Vivien Leigh (Scarlett O'Hara), Clark Gable (Rhett Butler), Hattie McDaniel (Mammy) e Kelly Griffin (Bonnie Blue Butler).



Ilustrações retiradas de:

https://hookedonhouses.net/2009/03/22/gone-with-the-wind-tara-twelve-oaks-aunt-pittypats-house/

Um dos famosos erros, entre outros, do filme: o fio elétrico visível do candeeiro para petróleo. A cena é a da chegada de Ashley Wilkes e de Rhett Butler a casa do primeiro, após este ter sido ferido.

Os actores são Olivia de Havilland (Melanie Hamilton), Leslie Howard (Ashley Wilkes), Clark Gable (Rhett Butler) e Vivien Leigh (Scarlett O'Hara).



Ilustração retirada de:

http://southernlagniappe.blogspot.pt/2011/02/gone-with-wind.html

Uma das cenas mais comoventes do filme, antes da morte de Melanie Hamilton. O candeeiro de suspensão, para petróleo, é de época posterior à retratada.

Os actores são Alicia Rhett (India Wilkes), Laura Hope Crews (Aunt Pittypat Hamilton), Leslie Howard (Ashley Wilkes), Mickey Kuhn (Beau Wilkes), Vivien Leigh (Scarlett O'Hara) e Clark Gable (Rhett Butler).



Ilustração retirada de:

https://vivienleigh.files.wordpress.com/2009/10/gone_with_the_wind-2278.jpg







Gaslight (1944)




No ano de 1940 foi lançado o filme britânico Gaslight, com os actores Anton Walbrook e Diana Wynyard nos papéis principais. O filme foi baseado na peça teatral Gas Light do dramaturgo inglês Patrick Hamilton.

A mesma peça foi posteriormente adaptada, em 1944, pelo realizador americano George Cukor. Os actores foram Charles Boyer (interpretou os personagens Gregory Anton/Sergius Bauer), Ingrid Bergman (a personagem Paula Alquist Anton), Joseph Cotten (o personagem Brian Cameron), Dame May Whitty (a personagem Miss Bessie Thwaites) e Angela Lansbury (a personagem Nancy Oliver), entre outros.

O filme foi feito a preto e branco. Ideal para os contrastes de luz e sombra das chamas do gás. Estes contrastes são perfeitos para o desempenho dos actores e enquadramentos.

A acção desenrola-se na cidade de Londres na década de 80 do século XIX. Na mesma época começaram a aparecer no mercado os abat-jours em tecido. Os quais foram usados em dois candeeiros para óleo vegetal, aparentemente do tipo modérateur ou Carcel, no fogão de sala durante as filmagens. É sempre importante pensar nos fogões de sala. Estes tinham candeeiros pousados ou candeeiros de parede, consoante o gosto pessoal.


Os actores Charles Boyer (Gregory Anton/Sergius Bauer) e Ingrid Bergman (Paula Alquist) numa das cenas do filme.



Ilustrações retiradas de:

https://www.vox.com/culture/2017/1/21/14315372/what-is-gaslighting-gaslight-movie-ingrid-bergman

A actriz Ingrid Bergman numa das cenas dos candeeiros para gás. Estes baixavam a chama quando outros eram acesos na habitação. Estes estavam no sótão onde o marido procurava as jóias de uma famosa cantora de ópera que tinha assassinado. A qual era tia da mulher com quem estava casado.



Ilustração retirada de:

https://crystalkalyana.wordpress.com/2015/10/04/gaslight-1944/



Um par de candeeiros modérateur sobre o fogão de sala. Estes têm apropriadamente abat-jours em tecido que condizem com a época do filme.

Parte de um catálogo francês com um modelo para candeeiro. Este podia ser para óleo vegetal ou para petróleo, sendo esta última opção a mais barata. No lado direito um modelo de abat-jour em tecido e rendas.



Ilustrações retiradas de:

https://letincelle.net/







A Vizinha do Lado (1945)




No ano a seguir é lançado o filme A Vizinha do Lado do director português António Lopes Ribeiro. A acção do filme desenrola-se na Lisboa do princípio do século XX. Nos apartamentos utilizaram correctamente candeeiros para gás e para petróleo. Estes estavam pousados numa credência, num piano e numa mesa. O que faz deste filme um dos melhores no uso de candeeiros do cinema português.

Cartaz publicitário ao filme.



Ilustração retirada de:

http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/3313/A+Vizinha+do+Lado

Os actores António Vilar (Eduardo), Nascimento Fernandes (professor Plácido Mesquita), Madalena Sotto (Isabel Moreira) e António Silva (Saraiva) numa das cenas do filme.



Ilustração retirada de:

http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/3313/A+Vizinha+do+Lado

A personagem Maria, a criada, pela actriz Hortense Luz. O candeeiro, por detrás, esteve em cima do piano. Todos os candeeiros foram corretamente usados neste filme.



Ilustração retirada de:

https://www.top250.tv/Movie/Casting/123663







Senso (1954)




No ano de 1954 o realizador italiano Luchino Visconti apresentou ao público o filme Senso. O filme foi baseado numa obra literária do arquiteto italiano Camillo Boito.

O filme tem como cenário a cidade de Veneza, na Primavera de 1866, ocupada pelas tropas austríacas. Na ópera La Fenice a Condessa Livia Serpieri (interpretada pela actriz Alida Valli) apaixona-se pelo tenente austríaco Franz Mahler (interpretado pelo actor Farley Granger). Esta paixão destrutiva terminará na loucura da condessa e na morte do tenente.

Neste filme foram utilizados candeeiros de época. Nomeadamente um verde para petróleo e outros do tipo modérateur. Todavia há cenas com candeeiros de época posterior. Como por exemplo um candeeiro de coluna, com reservatório em vidro e queimador para petróleo, no quarto da Condessa na sua vila de campo.


Cartaz publicitário ao filme. No lado direito foi pintado, muito apropriadamente, um candeeiro da época do filme.



Ilustração retirada de:

https://i.pinimg.com/originals/6c/4c/02/6c4c02382dfa4e08507ab3b3269675b8.jpg


Os actores Farley Granger (tenente Franz Mahler) e Alida Valli (condesa Livia Serpieri). Nesta cena há um candeeiro do tipo modérateur sobre o toucador, com a respectiva peanha e globo apropriado. No lado esquerdo há um candeeiro para petróleo, que parece ser apropriado para a época em questão. Todavia há demasiada luz eléctrica a incidir na actriz e toucador.



Ilustração retirada de:

http://www.cinetecadibologna.it/alida_valli_senso


Uma cena na casa alugada pelo tenente Franz Mahler. O candeeiro, aparentemente, é da época do filme. Embora pareça ser de época posterior.

Os actores são Alida Valli (condesa Livia Serpieri), Marcella Mariani (Clara) e Farley Granger (tenente Franz Mahler).



Ilustração retirada de:

http://filmi-contrast.blogspot.pt/2014/01/junoon-as-rebellion-and-defeat-part-ii.html







Il Gattopardo (1963)




O ano de 1963 ficará para sempre na história do cinema, como o do lançamento do filme italiano Il gattopardo. Foi também realizado por Luchino Visconti e onde participaram os actores Burt Lancaster (o personagem Príncipe Don Fabrizio Salina), Rina Morelli (a personagem Princesa Maria Stella Salina), Alain Delon (o personagem Tancredi Falconeri) e Claudia Cardinale (a personagem Angelica Sedara), entre outros.

O filme foi baseado na obra do escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Príncipe de Lampedusa. A acção desenrola-se durante o Risorgimento, no sul de Itália, no ano de 1860.

Nas primeiras cenas, da missa na capela interior, há um candeeiro no escritório que é de época posterior. A mesma situação acontece quando a personagem Angelica entra pela primeira vez em cena no salão. No primeiro plano está um par de candeeiros, com globos, e rodeados de flores. Efetivamente essas cenas, assim como as da sala de jantar, têm demasiada luz elétrica. O que arruína toda a subtileza e contrastes da época.

No decorrer do filme a cena em que o Príncipe de Salina e sua mulher, a prepararem-se para dormir, se apaga um candeeiro para óleo vegetal. Esta cena não é natural, visto ter sido apagada lentamente uma lâmpada elétrica.

O mesmo anacronismo no uso de candeeiros é visível na cena do jogo de cartas. A qual também se desenrola no referido salão. Nas mesas há candeeiros para petróleo em zinco. Estes são da década de 70 a 90 do século XIX.

Nas cenas do baile no palácio Ponteleone colocaram candeeiros aparentemente de época. A forma, a altura e outros detalhes assim o denunciam. Todavia o queimador parece ser de época posterior. Novamente há demasiada luz elétrica que não favorece as cenas. Sobretudo as cenas com os candelabros, os lustres e apliques de parede com velas. Na cena exterior da ceia, durante o intervalo do baile, usaram os mesmos candeeiros do interior. Infelizmente a incidência da luz elétrica estraga a atmosfera cálida de uma noite de verão.

Não obstante estes detalhes e considerações, este filme é um dos mais belos da história do cinema.


A actriz Claudia Cardinale durante as filmagens do filme.



Ilustração retirada de:

http://jammerine.tumblr.com/post/22273127696

Uma das cenas na sala de estar, durante o baile no palácio fictício Ponteleone (inspirado no Palazzo Monteleone). Os candeeiros colocados nos interiores deste palácio são apropriados para a época. Todavia os restantes candeeiros usados para o filme são de época posterior.

Os actores são Claudia Cardinale (Angelica Sedara), Burt Lancaster (Princípe Don Fabrizio Salina) e Alain Delon (Tancredi Falconeri).



Ilustração retirada de:

http://www.nanopress.it/cultura/2017/05/23/il-gattopardo-frasi-celebri-dal-libro-al-film/173095/

Umas das cenas mais famosas: o baile no palácio Ponteleone. As cenas, assim como outras que se passam à noite, têm demasiada luz elétrica.



Ilustração retirada de:

https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html

A ceia no intervalo do baile no palácio Ponteleone. Esta cena exterior foi extraordinariamente bem realizada, onde utilizaram os candeeiros do interior, mas com demasiada luz elétrica.



Ilustrações retiradas de:

https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html







Upstairs, Downstairs, A Família Bellamy em Portugal (1971 a 1975)




No ano de 1971 foram realizados os primeiros episódios da série britânica Upstairs Downstairs, cuja ideia original foi das actrizes Jean Marsh e Eileen Atkins. A acção começa em Novembro de 1903 e termina em 1930. Trata-se da vida de uma família da alta sociedade londrina e dos seus criados.

Nesta época os cenários eram feitos de acordo com os ângulos. Daí aqueles espaços, e a sua articulação, serem arquitectonicamente impossíveis de existirem. Este hábito analítico ficou para sempre comigo desde criança.

Na série foram utilizados alguns candeeiros. Numas cenas estavam devidamente acesos com chama e noutras à luz elétrica.

A caracterização, o desempenho dos actores, os cenários, os textos e outros detalhes são louváveis. Tornando esta série num marco na história da televisão.


Um dos melhores cenários desta série foi o quarto de hóspedes. Este quarto foi criado para a personagem de Baron Klaus von Rimmer no episódio A Suitable Marriage. A decoração, ao gosto Império, foi complementada por cadeiras a imitar bambu e um candeeiro em metal dourado. Este parece ter sido um candeeiro para óleo vegetal, no qual colocaram um reservatório em vidro e um queimador Duplex. O candeeiro parece ser o mesmo, conjuntamente com outro, usado nas filmagens da série inglesa The Buccaneers, em 1995.

Os actores são George Innes (Alfred) e Horst Janson (Baron Klaus von Rimmer).



Ilustrações retiradas de:

https://www.updown.org.uk/photos/pixld1.htm


Para o episódio A Family Gathering, filmado em 1972, foram escolhidos dois candeeiros para a sala de Lady Marjorie Bellamy. Os quais realçam toda a decoração do cenário.

Os actores são Joan Benham (Lady Prudence Fairfax), Nicola Pagett (Elizabeth Bellamy/Kirbridge), Rachel Gurney (Lady Marjorie Bellamy), John Alderton (Thomas Watkins), Gordon Jackson (Hudson) e Pauline Collins (Sarah).





Ilustração retirada de:

http://www.updown.org.uk/photos/pixbw3.htm


Capa da revista TV Times, 3 a 9 de Novembro de 1973, com a actriz Jean Marsh (Rose Buck) e um candeeiro para petróleo.



Ilustração retirada de:

http://www.updown.org.uk/photos/pixbw3.htm







L'innocente (1976)


No ano de 1976 o realizador Luchino Visconti lançou o seu derradeiro filme L'innocente, em Portugal O Intruso. Trata-se da adaptação ao cinema do romance do escritor italiano Gabriele D'Annunzio.

A acção desenrola-se na cidade de Roma no final do século XIX. Época esplêndida para se utilizarem variados meios de iluminação, visto terem sido utilizados simultaneamente na época em questão. O realizador transportou para o filme toda a vivência, vivida na sua infância, da aristocracia italiana.

Os candeeiros utilizados nas filmagens enquadram-se com o ambiente mas, com falhas notórias. Essas falhas são ao nível de candeeiros a simularem antigos, de abat-jours em tecido baseados nos antigos, de queimadores falsos e de outros detalhes. No entanto foram utilizados de forma admirável as rendas e lenços sobre os globos, o que enriquece o cenário e contribui para a sua autenticidade. Infelizmente há também demasiada luz eléctrica nas cenas interiores.

Este é um dos meus filmes preferidos. A interpretação magistral de Giancarlo Giannini, de Laura Antonelli e de Jennifer O'Neill são marcantes. Cujas personagens estão envoltas pela atmosfera sinistra do fim, cuja música nos envolve no drama.

Luchino Visconti teve sempre um dom especial na escolha de actores.


Cena na sala da condessa Teresa Raffo. O candeeiro sobre a mesa de jogo não é adequado. Este é apropriado para os candeeiros de suspensão e além disso tem um queimador falso. Na restante decoração há um par de candeeiro em cerâmica elétricos. Estes imitam os candeeiros para óleo vegetal e com abat-jours em tecido. Os abat-jours são baseados nos antigos mas, ao gosto dos anos 70 do século XX. Todavia o requinte no vestuário, na decoração dos espaços e outros detalhes é irrepreensível.

Os actores são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Jennifer O'Neill (Teresa Raffo).



Ilustração retirada de:

https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html


Chegada de Giuliana Hermil (interpretada por Laura Antonelli) ao boudoir. O candeeiro, ao fundo, tem um abat-jour de tecido apropriado para a época.



Ilustração retirada de:

https://www.dvdtalk.com/reviews/36577/linnocente/


Cena da convalescença de Giuliana Hermil com o marido. Na cómoda está um candeeiro, para óleo vegetal, com renda por cima do globo, como era usual na época.

Os actores são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Laura Antonelli (Giuliana Hermil).



Ilustração retirada de:

http://www.backseatmafia.com/blu-ray-review-innocent-linnocente/


Cena que não seguiu na versão final do filme. Os personagens estão no quarto e com um candeeiro aceso. A cena, como em quase todas do filme, tem demasiada luz elétrica.

Os actores são os mesmos.



Ilustração retirada de:

http://www.scanorama.lt/en/film/innocent

A personagem Giuliana Hermil (Laura Antonelli) com o filho no berço. Atrás da actriz está um candeeiro também com rendas sobre o globo. O quarto onde filmaram tem também demasiada luz elétrica.



Ilustração retirada de:

http://m.imdb.com/title/tt0074686/mediaviewer/rm2491673088


Umas das últimas cenas do filme com a condessa Teresa Raffo e Tullio Hermil. O candeeiro, ao fundo sobre a secretária, da sala parece ter um queimador falso. No entanto toda a decoração foi magistralmente conseguida.

Os actores são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Jennifer O'Neill (Teresa Raffo).



Ilustrações retiradas de:

https://twitter.com/cultfilmsuk/status/701080145193410561

http://rarefilm.net/l-innocente-the-innocent-1976-luchino-visconti-giancarlo-giannini-laura-antonelli-jennifer-o-neill-drama-romance/


O corpo de Tullio Hermil estendido no Jardim de Inverno, com decorações ao gosto oriental.

Os actores são os mesmos.



Ilustração retirada de:

http://www.cinema.de/bilder/linnocente-die-unschuld,1334634.html







La storia vera della signora dalle camelie (1981)




Na história do cinema tem havido inúmeras adaptações do romance A Dama das Camélias, do escritor francês Alexandre Dumas Filho. Uma delas foi em 1981, pelo realizador italiano Mauro Bolognini, denominada La storia vera della signora dalle camelie.

A personagem principal, Alphonsine Plessis, foi interpretada pela genial actriz francesa Isabelle Huppert.

Nas cenas do filme sabiamente utilizaram candeeiros do tipo modérateur mas, noutras usaram candeeiros elétricos a simularem antigos. Estes candeeiros retiram toda a autenticidade ao filme, estragando a ambiência sugerida pelos cenários. Nas cenas noturnas interiores há também demasiada incidência de luz elétrica.


A actriz Isabelle Huppert (Alphonsine Plessis) numa das cenas do filme. Onde aparecem inúmeros candeeiros de época mas, infelizmente conjugados com outros elétricos. Estes são uma imitação de fraca qualidade dos candeeiros novecentistas.



Ilustração retirada de:

http://www.circolocinemalucca.it/gioved-al-centrale/la-storia-vera-della-signora-delle-camelie/


Duas cenas do filme com candeeiros para óleo vegetal usados corretamente.



Ilustrações retiradas de:

https://i.pinimg.com/originals/52/c0/91/52c0915ca968d094ad5603f2b0f04234.jpg

https://i.pinimg.com/originals/2e/21/ac/2e21acba877a67b29aacc655f4381890.jpg







Sherlock Holmes, A Scandal in Bohemia (1984)




No ano de 1984 foi exibido na televisão o primeiro episódio da série Sherlock Holmes, baseada nos romances e contos policiais do escritor inglês Sir Arthur Ignatius Conan Doyle. O detective foi personificado pelo excelente actor inglês Jeremy Brett. Perdoem-se mas, para mim, este será sempre o melhor actor que encarnou o famoso detective.

O primeiro episódio da série foi a adaptação do conto policial A Scandal in Bohemia, publicado pela primeira vez em 1891. Logo neste episódio o ambiente de época foi escrupulosamente respeitado. Sendo esta série um exemplo de referência quanto à recriação de ambientes oitocentistas. A iluminação a gás, a petróleo, a velas e outros meios criam contrastes. Desta forma sentimo-nos transportados para a época retratada e envolvemo-nos no mistério.


Uma cena do primeiro episódio desta série, onde os detalhes da época foram respeitados. Esta série é um exemplo a seguir, nomeadamente a iluminação na sala de Sherlock Holmes, onde foram usados candeeiros para gás e para petróleo. Desta forma conseguiu-se um efeito claro/escuro sugestivo e subtil.

Os actores são Jeremy Brett (Sherlock Holmes) e Wolf Kahler (King of Bohemia).



Ilustração retirada de:

https://www.youtube.com/watch?v=iOiMTWCVO_4


A sala de Irene Adler decorada, nas paredes, ao gosto Arte Nova.

Os actores são Jeremy Brett (Sherlock Holmes), David Burke (Dr Watson) e Wolf Kahler (King of Bohemia).



Ilustração retirada de:

http://granadabrettishholmes.tumblr.com/post/118959343316/a-scandal-in-bohemia


Ilustração da autoria de Sidney Edward Paget para a primeira edição, em 1891, do conto policial A Scandal in Bohemia. No fogão de sala estão dois candeeiros com globo.

Ilustração retirada de:
https://macmcentire.com/2015/07/20/reading-sherlock-holmes-a-scandal-in-bohemia/




Sherlock Holmes, The Hound of the Baskervilles (1988)




Os contos policiais foram sendo adaptados para a série. Ao contrário dos romances policiais que foram adaptados a filmes de televisão, como o famoso The Hound of the Baskervilles em 1988. Cujo trabalho da equipa técnica é meritório na sua adaptação a filme. A cena na sala de jantar de Baskerville Hall é perfeita. O Doutor Watson (interpretado pelo actor inglês Edward Hardwicke) e Sir Henry Baskerville (interpretado pelo actor americano Kristoffer Tabori) terminam o jantar (ou ceia como era designada antigamente essa refeição em Portugal). Na mesa foi colocado um candeeiro em metal dourado com reservatório em vidro, com um queimador Duplex, com um suporte para quebra-luz e com um abat-jour em tecido. A câmara foca a mesa, de baixo, e vai rodando de forma a filmar a luz da chama. Extraordinária cena e realçada pela iluminação de época. Este quebra-luz deverá ter sido inspirado nas ilustrações que Sidney Edward Paget fez, em 1901, para a primeira edição do romance.


Uma das cenas com os actores Jeremy Brett (Sherlock Holmes) e Edward Hardwicke (Dr. John Watson).



Ilustração retirada de:

http://felicelog.blogspot.pt/2010/01/ten-favorite-sherlock-holmes-movies.html


The Hound of the Baskervilles, capa e lombada da primeira edição de 1901.



Ilustração retirada de:

http://classic-literature.co.uk/a-c-doyle-the-hound-of-the-baskervilles-sherlock-holmes/


Ilustrações da autoria de Sidney Edward Paget para a primeira edição. As quais foram tidas em conta na recriação dos ambientes para o filme de 1988. Nomeadamente o abat-jour em tecido no candeeiro, com queimador Duplex e devidamente aceso, que foi colocado na mesa de jantar em Baskerville Hall.

Ilustração retirada de:

http://classic-literature.co.uk/a-c-doyle-the-hound-of-the-baskervilles-sherlock-holmes/







A Room with a View (1985)




A eterna adaptação ao cinema do romance A Room with a View, publicado em 1908, do escritor inglês Edward Morgan Forster. Neste filme temos as sublimes interpretações de Maggie Smith (a personagem Charlotte Bartlett), Helena Bonham Carter (a personagem Lucy Honeychurch), Denholm Elliott (o personagem Mr Emerson), Julian Sands (o personagem George Emerson), Simon Callow (o personagem The Reverend Mr Beebe), Judi Dench (a personagem Eleanor Lavish), Fabia Drake (a personagem Miss Catharine Alan), Daniel Day-Lewis (o personagem Cecil Vyse) e Rosemary Leach (a personagem Mrs Honeychurch), entre outros.

Nas cenas foram usados candeeiros para petróleo devidamente acesos. Todavia o uso de demasiada luz elétrica retira autenticidade ao ambiente sugerido.


A actriz Helena Bonham Carter (Lucy Honeychurch) no quarto de cama, com um candeeiro para petróleo aceso em segundo plano. Neste filme os candeeiros foram acesos mas, infelizmente, há cenas com demasiada luz elétrica. Esta estraga a subtileza e autenticidade pretendidas.



Ilustração retirada de:

https://www.bustle.com/articles/118748-what-your-edwardian-beauty-fashion-routines-would-have-looked-like-according-to-em-forster







Aqui D'El Rei! (1992)



Um dos melhores filmes portugueses de época, do realizador António-Pedro Saraiva de Barros e Vasconcelos. A quem dei pessoalmente os merecidos elogios quando abordei o realizador no Palácio da Ajuda. Com a participação dos actores Ludmila Mikaël      (a personagem Condessa Mariana de Vilares), Arnaud Giovaninetti (o personagem Nuno Lorena), Jean-Pierre Cassel (o personagem Conde D. Rodrigo de Vilares), Julie Sergeant (a personagem Estefânia), José Coronado (o personagem Gastão), Christine Chevreux (a personagem Rosa, criada da condessa), Joaquim de Almeida (o personagem Manuel), Montserrat Salvador (a personagem Titão) e José Mário Branco (o personagem Mouzinho de Albuquerque), entre outros.

Tudo foi respeitado ao pormenor e fielmente retrata os ambientes portugueses oitocentistas. Complementados pelo vestuário, pelos cenários, pelos espaços e pela interpretação.

Umas das cenas mais comoventes é quando a criada Rosa pede à Condessa Mariana de Vilares para lhe redigir uma carta. Como fundo há dois candeeiros, do tipo modérateur, acesos nos aposentos. A cena fica enriquecida pelo tom amarelado da chama e dos contrastes de luz/sombra.

A segunda cena é entre os personagens Nuno Lorena e Mouzinho de Albuquerque. O contraste da luz da chama do petróleo, nas feições dos actores, intensifica a atmosfera tensa.


Um dos melhores filmes portugueses onde se respeitou a iluminação de época. Os detalhes, os espaços escolhidos, os edifícios, as cenas de rua, o vestuário e demais detalhes, são louváveis.



Ilustração retirada de:

http://portugalfilmweek.blogspot.pt/2012/08/







Dracula (1992)




Fantástica adaptação ao cinema do romance do escritor irlandês Abraham "Bram" Stoker, em 1992, pelo realizador Francis Ford Coppola.

O uso de candeeiros de época é um pouco dúbio. Há candeeiros antigos mas, outros que imitam os antigos para petróleo. Esta falsidade é desconcertante para um certo rigor. Além de que muitos dos candeeiros são americanos. Estes pormenores não invalidam a excelente qualidade do filme e o desempenho dos actores.


Parte das cenas do filme são passadas no Reino Unido mas, o filme foi rodado nos Estados Unidos da América. Os interiores ingleses fictícios foram ecleticamente decorados e usaram candeeiros americanos. Cujo design e quebra-luzes não se harmonizam com o ambiente inglês da época em questão. Este é um pormenor que não invalida a excelente qualidade deste filme.

As actrizes são Sadie Frost (Lucy Westenra) e Winona Ryder (Wilhelmina Murray).



Ilustração retirada de:

http://www.scifimoviezone.com/imagehorror/dracula92038.jpg







The Age of Innocence (1993)




Exímia adaptação do romance da escritora americana Edith Wharton, publicado em 1920, ao cinema pelo realizador americano Martin Scorsese. Cuja acção se desenrola na década de 70 do século XIX.

Nas cenas interiores há novamente demasiada luz elétrica. Há também o uso anacrónico de candeeiros de finais do século XIX e início do XX. Todavia estas falhas são ofuscadas pelo excelente desempenho dos actores, do guarda-roupa, das filmagens, dos cenários e da música, entre outras qualidades.


Na casa de Mrs Catherine Manson Mingott foram escolhidos muito apropriadamente candeeiros do tipo Solar. Esta razão é muito simples, visto a senhora em questão ser uma viúva e de idade. Daí a escolha acertada dos candeeiros para a sua habitação. Os candeeiros e quebra-luzes parecem ser da manufatura Cornelius & C.º.

O actor é Daniel Day-Lewis (Newland Archer) e o realizador Martin Scorsese durante a rodagem do filme.



Ilustração retirada de:

http://www.indiewire.com/2014/08/watch-25-minute-documentary-on-the-making-of-the-age-of-innocence-with-martin-scorsese-daniel-day-lewis-more-273729/


Nesta comovente cena entre a personagem Ellen Olenska (interpretada pela actriz Michelle Pfeiffer) e o personagem Newland Archer (interpretado pelo actor Daniel Day-Lewis) colocaram ao lado sofá uma mesa. Nesta pousaram anacronicamente um candeeiro, em metal dourado, característico de final do século XIX.



Ilustração retirada de:

http://lwlies.com/articles/the-age-of-innocence-martin-scorsese-most-violent-film/







The Buccaneers (1995)


No seguimento do filme anterior criou-se a série inglesa e americana The Buccaneers, também adaptada de um romance da escritora Edith Wharton. O original ficou incompleto devido à sua morte, tendo sido finalizado nos anos noventa do século XX.

Esta extraordinária adaptação foi fiel em muitos detalhes. A iluminação em determinadas cenas foi a petróleo, o que enriqueceu grandemente toda a estética da série. Por cima dos globos usaram rendas ou lenços, o que contribuiu para uma maior autenticidade. Na maioria dos espaços os ambientes foram fiéis à época, que também é a da década de 70 do século XIX. No entanto foram utilizados candeeiros da década de 80 e posteriores. Esta constatação não invalida a excelente qualidade desta série.


Esta série é uma referência na recriação de ambientes oitocentistas, embora com poucas falhas. Nomeadamente o uso de candeeiros de finais do século XIX e início do XX. Os quais só apareceram no mercado cerca de dez anos depois da época retratada. Em muitos dos interiores usaram-se rendas sobre os globos, o que enfatiza ainda mais o ambiente romântico pretendido.

Os actores são Carla Gugino (Nan St. George), Mira Sorvino (Conchita Closson) e Greg Wise (Guy Thwaite).


Ilustrações retiradas de:

http://www.frockflicks.com/buccaneers-bustle-gowns/







Total Eclipse (1995)




Extraordinária e arrebatadora adaptação ao cinema, pela realizadora polaca Agnieszka Holland, da relação entre os poetas franceses Paul-Marie Verlaine e Jean Nicolas Arthur Rimbaud. Com o magnífico desempenho de Leonardo DiCaprio (o personagem Arthur Rimbaud), David Thewlis (o personagem Paul Verlaine), Romane Bohringer (a personagem Mathilde Maute) Denise Chalem (a personagem Madame Maute De Fleurville) e Dominique Blanc (a personagem Isabelle Rimbaud), entre outros.

Nas primeiras cenas do filme é a chegada de Arthur Rimbaud a Paris. Na sala, onde toca o piano Mathilde Maute e acompanhada por sua mãe, os candeeiros para óleo vegetal estão corretamente distribuídos. Um par sobre o fogão e o outro sobre a mesa. Todavia as chaminés são inapropriadas.

Na cena da biblioteca há outro par de candeeiros, sobre o fogão, também com chaminés erradas.

No quarto de cama do casal Paul Verlaine e Mathilde Maute há candeeiros para óleo vegetal. Também com peças em vidro inapropriadas.

Este filme demonstra um esforço extraordinário no uso correcto dos candeeiros, sobretudo os de origem francesa.

As cenas foram magistralmente filmadas, fazendo deste filme um marco na história do cinema.


O poeta Paul Verlaine (interpretado pelo actor inglês David Thewlis) e o poeta Arthur Rimbaud (interpretado pelo actor americano Leonardo DiCaprio) nesta extraordinária adaptação ao cinema.



Ilustração retirada de:

http://ok.academy/2017/03/kursy-o-stihah-yanki-dyagilevoj-i-frantsuzskom-simvolizme-otkryli-dlya-novosibirtsev/


Cena na biblioteca do sogro de Paul Verlaine. O poeta Arthur Rimbaud aproxima-se do fogão de sala, com os candeeiros de época, e parte um dos Cães de Fó.



Ilustrações retiradas de:

http://halabedi.eus/2016/02/18/no-fiutxur-rimbaud-etorri-duk-hitaz-galdezka/leo-as-arthur-rimbaud-in-total-eclipse-leonardo-dicaprio-25992921-1066-580/

http://www.fanpop.com/clubs/leonardo-dicaprio/images/25992974/title/leo-arthur-rimbaud-total-eclipse-screencap

http://www.fanpop.com/clubs/leonardo-dicaprio/images/26096325/title/leo-arthur-rimbaud-total-eclipse-screencap







Sherlock Holmes (2009)



Neste filme, realizado por Guy Ritchie, foram respeitados os candeeiros de época. Fizeram um esforço para os integrar, com a restante decoração, e estarem acesos para determinadas cenas.


Nesta cena do quarto de hotel, onde esteve a cantora Irene Adler, foi colocado muito apropriadamente um candeeiro na mesa. Este parece ser em metal prateado com um queimador Duplex.



Ilustração retirada de:

https://www.youtube.com/watch?v=9XCHTsuJd_o


O filme é meritório na utilização de candeeiros da época, como os que foram aqui fotografados na sala de estar de Sherlock Holmes.

Os actores são Jude Law (Dr. John Watson), Kelly Reilly (Mary Morstan) e Robert Downey Jr. (Sherlock Holmes).



Ilustração retirada de:

https://i.pinimg.com/originals/60/ff/f3/60fff312096cd9ed5355f370f4293461.jpg







Downton Abbey (2010)



Esta estrondosa série revela qualidade no desempenho dos actores, nos cenários realizados e nos espaços escolhidos, entre outras características. Os espaços escolhidos foram, em parte, no Highclere Castle, morada ancestral da família dos Condes de Carnarvon, o que contribuiu para uma maior autenticidade. As cenas de alguns dos aposentos privados da família, a cozinha, os aposentos dos criados e outros foram feitos em estúdio.

A iluminação de época tem falhas a nível dos candeeiros empregues, dos queimadores e de outros detalhes. Há cenas interiores noturnas em que há demasiada luz eléctrica.


A série começa em Abril de 1912 e escolheram candeeiros para petróleo com coluna. Estes candeeiros estavam já ultrapassados por volta desse tempo, tendo sido substituídos por outros de gosto mais moderno. Daí terem sido sabiamente escolhidos para ilustrar a passagem para a luz elétrica na fictícia Downton Abbey. Todavia a luz elétrica quebra os contrastes claro/escuro da iluminação a petróleo, que deviam ter sido tidos em conta.

As actrizes são Laura Carmichael (Lady Edith Crawley), Michelle Dockery (Lady Mary Crawley), Joanne Froggatt (Anna Bates) e Jessica Brown Findlay (Lady Sybil Crawley).



Ilustração retirada de:

http://downtonabbey.wikia.com/wiki/File:Mary%27s_bedroom.jpg


A mesma escolha acertada de um par de candeeiros, com queimador Duplex, no quarto de cama de Cora Crawley (interpretada por Elizabeth McGovern) casada com Robert Crawley, Earl of Grantham (interpretado por Hugh Bonneville).



Ilustração retirada de:

https://enchantedserenityperiodfilms.blogspot.pt/2010/11/pbs-masterpiece-downton-abbey-and.html?m=1







Bel Ami (2012)




Adaptação cinematográfica do romance, publicado em 1885, do escritor francês Henri René Albert Guy de Maupassant.

Neste filme foram utilizados candeeiros da época, realçados pelo uso globos, de tulipas e de quebra-luzes em tecido apropriados. Esta opção é louvável mas, os candeeiros são, na sua maioria, ingleses. A ação desenrola-se em França, por isso teria aconselhável o uso de candeeiros do tipo modérateur. Os quais foram usados na adaptação anterior, em 2005, na série francesa Bel Ami. Todavia estes tinham falhas no uso de peças em vidro adequadas.


A actriz Uma Thurman (interpreta a personagem Madeleine Forestier) e Robert Pattinson (interpreta o personagem   Georges Duroy) numa as cenas do filme.



Ilustração retirada de:

http://www.filmofilia.com/new-bel-ami-clip-with-robert-pattinson-and-christina-ricci-99701/





Gebo et l'ombre, O Gebo e a sombra (2012)



Este filme foi adaptado da peça de teatro do escritor português Raul Germano Brandão. Foi realizado pelo cineasta português Manoel de Oliveira e com o apoio do meu grande amigo Ara Kebapcioglu. O qual aconselhou e disponibilizou um candeeiro para petróleo em latão, com um queimador Kosmos da manufatura francesa Gaudard.

O meu amigo Ara tem sido um conselheiro inestimável para muitos filmes, nos quais aparecem inúmeros candeeiros da sua colecção. Nomeadamente nos filmes: Camille Claudel (1988), Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles (1994), Capitaine Conan (1996), Le cri de la soie (1996), Sortez des rangs (1996), Les palmes de M. Schutz (1997), Cousin Bette (1998) e Les aventures extraordinaires d'Adèle Blanc-Sec (2010).


Tive a honrosa oportunidade de pegar no candeeiro, acima fotografado e usado para este filme, na loja Lumière de l'œil. A qual pertence ao meu amigo Ara Kebapcioglu. Que tem alugado vários tipos de candeeiros para diversas filmagens, nomeadamente com realizadores e actores de renome. A sabedoria e o rigor de Ara Kebapcioglu reforçam a autenticidade dos filmes na correcta utilização dos candeeiros.

As actrizes são Claudia Cardinale (Doroteia), Leonor Silveira (Sofia) e Jeanne Moreau (Candidinha).



Ilustração retirada de:

https://abraccine.org/2015/05/07/o-gebo-e-a-sombra-dossie-manoel-de-oliveira/







Journal d'une femme de chambre (2015)



Este filme foi baseado na obra do jornalista e escritor francês Octave Mirbeau, pela primeira vez publicada em 1900. Cuja época temporal foi irrepreensivelmente respeitada nas filmagens.

Uma das melhores cenas é quando a criada Célestine (interpretada pela actriz francesa Léa Seydoux) sai da sala de jantar para o vestíbulo. Neste está um candeeiro para petróleo de coluna, com queimador Duplex, aceso e com uma tulipa. A criada vai buscar as pantufas do patrão e cruza-se com o criado Joseph (interpretado pelo actor francês Vincent Lindon).

Todas as filmagens noturnas interiores respeitam a iluminação de época. Sendo este filme um exemplo a seguir.

Neste filme é extraordinária a forma como usaram a iluminação de época, embora com erros crassos em determinados candeeiros. Nesta cena temos a criada Célestine (interpretada pela actriz Léa Seydoux) na sala de estar de Madame Lanlaire. Sobre o fogão de sala foi colocado corretamente um par de candeeiros do tipo modérateur. No vestíbulo, que comunica com esta sala, foi usado um candeeiro com um queimador Duplex. Este foi aceso durante as filmagens, contribuindo assim para criar uma atmosfera de época.



Ilustração retirada de:

https://lestempscritiques.wordpress.com/2015/05/06/notre-avis-nouvelle-adaptation-du-journal-dune-femme-de-chambre-par-benoit-jacquot/


Esta cena de jantar está perfeita em todos os detalhes. No candeeiro de suspensão há um queimador Kosmos, com a chaminé competente, e velas acesas na mesa.

Os actores são Clotilde Mollet (Madame Lanlaire), Léa Seydoux (Célestine) e Hervé Pierre (Monsieur Lanlaire).



Ilustração retirada de:

https://www.readthespirit.com/visual-parables/diary-of-a-chambermaid-2015/


Na cena da cozinha usaram um candeeiro adequado ao ambiente. Este tem um queimador do tipo Matador com a respetiva chaminé.

As actrizes são Léa Seydoux (Célestine) e Mélodie Valemberg (Marianne).



Ilustração retirada de:

https://katushka.tv/torrent/film/129481-dnevnik_gornichnoj/







War and Peace (2016)



Extraordinária adaptação do famoso romance do escritor russo Lev Tolstoi.

A acção desenrola-se no princípio do século XIX, sendo por isso desaconselhável o uso de determinado tipo de candeeiros.


Esta excelente série foi filmada na Rússia, o que contribuiu grandemente para a sua autenticidade. Infelizmente na biblioteca do Príncipe Nikolai Bolkonsky aparece um candeeiro com um queimador Kosmos. Este queimador só apareceu décadas depois das guerras napoleónicas, sendo por isso desaconselhável o seu uso em recriações da primeira metade do século XIX.



Ilustração retirada de:

https://www.hdwallpapers.in/2016_war__peace_tv_series-wallpapers.html







Victoria (2016 a 2017)




O mesmo acontece com esta série britânica. O período retratado é da década de 40 do século XIX mas, usaram candeeiros com queimadores Kosmos e que foram patenteados em 1865. No entanto o guarda-roupa e os cenários são louváveis.

O mesmo erro aconteceu nesta série britânica. Estamos na década de 40 do século XIX e aparecem candeeiros com queimadores Kosmos.



Ilustração retirada de:

http://www.digitalspy.com/tv/feature/a844893/christmas-tv-schedule-2017-bbc-itv-c4-specials-shows-guide-movies-episodes/?zoomable



Os filmes que foram aqui selecionados correspondem a um período cronológico vasto, de forma a compreendermos a evolução do candeeiro nas filmagens de época. Nesta evolução há exemplos que devem ser fontes de inspiração para futuras reconstituições. No entanto ainda ocorrem erros crassos e inadmissíveis.