terça-feira, 3 de abril de 2018

Candeeiro da manufatura Wild & Wessel número 1155


O candeeiro que vos apresento é da manufatura Wild & Wessel de Berlim, modelo número 1155 e foi adquirido no ano passado.

As peças que o compõem são em zinco e eram revestidas a tinta. Esta foi aplicada em tons de verde e simulava uma peça em bronze oxidado, mas com o tempo esta camada foi-se deteriorando. Devido a esta situação decidimos repor os referidos tons e para isso fizemos uma pesquisa. Analisamos este candeeiro e outros da mesma manufatura, cujas imagens foram retiradas da internet e gravadas para a nossa base de dados. O que conseguimos estabelecer foi o seguinte: uma camada mais escura como fundo e por cima pinceladas num tom mais claro, de forma a criar contrastes. O objetivo é o de simular uma certa antiguidade ao objeto.

O candeeiro é formado por uma jarra, assente em quatro pés, encimados por quatro pináculos e uma base. Esta desenvolve-se em linhas curvas, com motivos vegetalistas, laçarias e outras estilizações. Esta secção foi também utilizada no modelo 1696, o que indica a compatibilidade entre peças durante a montagem de modelos, assegurando assim uma disponibilidade variada de candeeiros. No topo desta peça está a jarra e tem na base folhas de acanto, flores estilizadas e encimadas superiormente por uma saliência arredondada. Nas duas faces principais há molduras ovais, com uma fiada de contas, com folhas estilizadas na base. As molduras são encimadas por ornatos e volutas, das quais partem, no sentido descendente, folhas. Lateralmente há motivos decorativos que terminam num leque, de onde brotam frutos, espigas e flores. Numa das molduras há uma criança, sentada numa cadeira, a escrever num livro, tendo como fundo a base e fuste de uma coluna, encimada por um festão. Na face oposta é uma criança, sentada num banco, a tocar cítara. Todas estas estilizações ao gosto clássico remetem para a poesia, a literatura, a música e a arquitetura. Lateralmente há rostos femininos emoldurados por volutas, ornatos, panejamentos pendentes e encimados por conchas. Todas estas peças foram fundidas separadamente e depois aplicadas à jarra. Na base dos rostos há argolas onde, possivelmente, estavam pendentes pegas metálicas, provavelmente em latão.

No corpo principal assenta uma virola em zinco e onde entra o balde interno. Este é em latão e tem um parafuso, unido por uma porca na base. No balde entra o reservatório amovível de latão, cujo original deveria ser em vidro. No topo tem a tampa com ornatos estilizados.

Este candeeiro é exemplificativo das técnicas de produção em massa, da compatibilidade entre diferentes peças e do ecletismo. Temos assim referências clássicas, renascentistas e barrocas mescladas num só exemplar. A forma como as peças foram conjugadas na jarra confere equilíbrio e torna o conjunto elegante, realçando assim uma certa verticalidade.
 Tem todas as características estilísticas do período de 1865 a 1903 em que a manufatura lançou no mercado este tipo de candeeiros.

O queimador que tinha não deve ser o original e é do tipo Matador. Tinha sido eletrificado, não ficou danificado e tinha uma galeria. Esta passou para o queimador Kosmos Vulkan no tamanho 14, que entretanto adquirimos. Para o substituir enroscamos vários queimadores da Wild & Wessel, nomeadamente o Central Vulkan 16''', o Kosmos Solar 16''' e o Agni 20'''. O tamanho e a proporção destes exemplares não combina com o candeeiro, por isso optamos por um Kosmos 14'''.

O globo é de um candeeiro, adquirido em Dezembro, e do princípio do século XX. Tem a base recortada em curvas com estilizações de flores e treliças. Estas são foscas assim como o topo, desta forma a incidência de luz é esbatida, de forma a projetar mais luminosidade para as superfícies em baixo. Este quebra-luz não estava destinado para este candeeiro mas, ficou perfeito e em equilíbrio com as suas proporções.

O restauro por enquanto está concluído, mas de futuro esperamos colocar as pegas em falta.

Seguem as fotografias do candeeiro.


O candeeiro com a chaminé e o globo, duas fotografias.



A base do candeeiro.





As faces principais e uma das laterais.



A tampa do reservatório.




O queimador com a chaminé e o globo.



O balde interno em latão.




O candeeiro aceso com o globo, três fotografias.






O modelo 1696 no catálogo de 1902/1903 da Wild & Wessel, cuja base tem a mesma peça que este modelo mas invertida.






O candeeiro antes do restauro, duas fotografias.






A base do candeeiro.






A tampa do reservatório, o reservatório e o balde interno.






As peças todas desmontadas antes de serem restauradas.





Um dos rostos femininos laterais onde podemos observar a qualidade na modelagem, a união dos diferentes moldes e os tons originais.

Sem comentários:

Enviar um comentário