sexta-feira, 29 de maio de 2020

Candeeiro de pé alto para petróleo com queimador Duplex da Hinks

A história deste candeeiro de pé alto começou em abril do ano passado. Recebi uma mensagem de uma amiga a avisar-me que iria a leilão. Desloquei-me à exposição e verifiquei o estado em que estava. Passados dias tive de ir para fora de Lisboa. Liguei para a leiloeira, deixei o meu contacto e pedi para me contactarem no dia em que iria ser licitado. Tinha-me imposto um limite de numerário, já a fazer contas com as comissões e os impostos decorrentes. Um pouco antes de ser leiloado ligaram-me e consegui arrematá-lo pelo limite que tinha definido. Paguei e passados dias voltei para ir levantá-lo.

O candeeiro estava desengonçado, com peças trocadas e o queimador Duplex, de fabrico britânico, está estragado.

O primeiro passo foi desmontar e colocar as peças corretamente. Apertei os parafusos e limpei o pó. O queimador é de fraca qualidade, que não condiz com o restante conjunto, e troquei-o por um Duplex da Hinks que tinha em reserva. Coloquei também um suporte para quebra-luz que estava guardado para um candeeiro deste tipo.

Neste processo consciencializei-me de que este candeeiro de pé alto poderá ser americano, mas fabricado especificamente para a Europa. Esta suposição baseia-se no design das peças e no depuramento das formas, que se aproximam mais da produção norte-americana coeva. Deverá ter sido fabricado entre 1890 a 1910. A maioria das peças é em latão polido, os parafusos e o travão são em metal ferroso e o tampo é em ónix.

O candeeiro assenta em quatro pés ogivais, com saliências arredondadas, que ascendem sinuosamente nas extremidades de quatro tubos lisos. A meia altura há um tabuleiro cujos cantos, com orifícios, passam através dos tubos e têm patilhas, com os parafusos, para assentar o tabuleiro. Este tem uma cercadura que encerra um motivo padronizado de linhas retas e curvilíneas, com motivos vegetalistas estilizados. O tabuleiro tem um motivo simétrico, repetido nos quatro eixos, formado por volutas e linhas curvilíneas. O centro, onde assenta o tubo central, tem um círculo radial com motivos vegetalistas. Esta peça enriquece e contrasta com o conjunto por ser profusamente decorativa. Nelas estão aparafusados arcos com um tubo vertical no eixo de simetria e rematado por uma esfera, que passa por dentro dos arcos. Estes servem de separadores para se poderem colocar jornais e revistas, ficando assim bem acondicionados. O tampo tem uma cercadura com o mesmo motivo e é aparafusado, nos quatro cantos, aos tubos. O tampo em si é em ónix com tons esverdeados. Os seus tons maviosos, com laivos castanhos, harmonizam-se com as peças em latão. Todo este conjunto tem uma certa leveza pela forma como os tubos dos pés, o tabuleiro e o tampo foram eximiamente conjugados. Ao centro há um conjunto de tubos, com os respetivos remates nas extremidades, onde entra o tubo. Este é enroscado na base do tabuleiro e no seu interior desliza outro com um travão interior, que faz pressão internamente. Este é acionado pela alavanca que está no cesto onde assenta o reservatório. Desta forma o candeeiro tem de altura mínima 1,5m e 2 metros de máxima. O cesto tem uma base perfurada, provavelmente para poder também receber candeeiros com queimadores de corrente de ar central, com motivos radiais estilizados. No seu perímetro é vazado e de desenho depurado. O reservatório é amovível e de superfícies lisas, integrando-se assim com o desenho do conjunto. O queimador é um Duplex, com chave elevatória da galeria e apagadores, da Hinks remarcado para o mercado francês. O suporte para quebra-luz é da mesma fábrica britânica.

Todas as peças estavam em reserva à espera desta feliz reunião que aqui vos apresento.

Este candeeiro de pé alto é uma evolução desta tipologia que foi criada para pianos. Passado pouco tempo começaram a ter tabuleiros e tampo, ou vários, para poderem também ser colocados ao lado de mobiliário de assento. Permitindo assim uma boa luz para a leitura de um jornal, de uma revista ou de um livro. Os tabuleiros servem para se disporem molduras com fotografias, peças decorativas, floreiras ou outros objetos decorativos.

O modelo para o quebra-luz já foi escolhido e será uma surpresa num futuro próximo.

 

Seguem as fotografias do candeeiro de pé alto.




O candeeiro de pé alto, duas perspetivas.




Um dos pés do candeeiro.






O tabuleiro perfurado e os arcos separadores para os jornais e as revistas.




O tampo em ónix.




A alavanca elevatória e o cesto onde assenta o reservatório amovível.



O reservatório amovível com o queimador Duplex e o suporte para o quebra-luz.