quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Par de candeeiros modérateurs franceses

O par de modérateurs que vos trago foram adquiridos recentemente e vieram, felizmente, com as respetivas chaminés e dois globos diferentes, mas bastante sujos e ainda com azeite a escorrer do bocal.

O primeiro passo foi lavá-los cuidadosamente e mergulhar os bocais com os queimadores colados em água quente com detergente; tarefa morosa e delicada, que levou muito tempo para conseguir retirar os queimadores e desenroscar o bocal que une todas as peças. Neste processo constatei que o bocal de um dos candeeiros estava cortado e por isso o acumular de óleo ao longo dos anos dificultou ainda mais a tarefa de limpeza.

No processo de desmontagem não encontrei quaisquer marcas relativas à fábrica nas peças metálicas, no entanto, as virolas onde assentam os bocais têm o número 190 e o metal foi adaptado para assentar nas peças em porcelana, que também não ostentam quaisquer marcas e cada uma tem o número 189 inciso na pasta. A numeração parece estar relacionada com a montagem de determinado modelo e as respetivas peças metálicas; cujas medidas deviam ser compatíveis com as peças em porcelana e estas eram especificamente encomendadas e numeradas às fábricas.

Os candeeiros assentam em quatro pés e bases de metal dourado de desenho simples, com ornatos no perímetro, e onde assentam as virolas, no mesmo metal, para camuflarem as bases das peças de porcelana em forma de jarra. Nestas há no perímetro do bojo folhagens em tons de verde e um castanho nacarado (tonalidade desenvolvida pela Gillet & Brianchon) com flores brancas e que aparentam ser lírios do vale, cujo nome científico é Convallaria majalis, sobre fundo negro fosco.

O lírio do vale é uma flor que abunda em França e noutros países europeus, sobretudo no norte, têm vindo a ser representados ao longo dos séculos e aparecem associados a candeeiros de rua no filme Mon Oncle de Jacques Tati, datado de 1958, e foi por essa razão que resolvi adquirir estes candeeiros. As outras foram o facto de a porcelana ter um fundo negro fosco contrastante com os motivos florais e com as peças metálicas em metal dourado polido; conjugação sedutora, equilibrada e sóbria, que me cativou logo de imediato assim que os vi.

Os topos das peças em porcelana têm anéis em metal dourado para evitar que estas se lasquem ou que se partam com o atrito das peças metálicas, pormenor muito raro e revelador de um certo cuidado, onde assentam as virolas, com ornatos sóbrios, e no topo destas o bocal do queimador.

As galerias têm motivos inspirados em paus ou canas com as suas folhagens em cadeia, provavelmente de inspiração oriental, e em consonância com os anéis onde pousam os quebra-luzes com ornatos orientais.

As chaves são em forma de um laço e enfatizam o carácter europeu do conjunto.

Devido a todos estes pormenores os candeeiros foram provavelmente fabricados entre 1870 a 1890.

O preço foi irrecusável e comecei a recuperar os candeeiros aos poucos.

No futuro espero vir a usá-los com globos ou com abat-jours de seda cor-de-rosa em formato oriental.

Seguem as suas fotografias.

 

 

 

O par de moderadores com globos.




Um dos moderadores sem globo.

 

 

 



O corpo principal em porcelana com os lírios do vale e a forma como se entrelaçam pelo bojo.




A base com os quatro pés do moderador.

 

 

 

O queimador com e sem galeria.




A base do moderador sem marcas.

 

 

 


Os queimadores e as cremalheiras dos reservatórios de cada candeeiro.