sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Par de candeeiros modérateur da manufatura parisiense Lépine & Bourdon



Desde o início da coleção que quis ter um par de candeeiros para óleo vegetal em porcelana. No mês passado tive a oportunidade de adquirir um e que é aqui apresentado.

Os candeeiros são ao gosto greco-romano da segunda metade do século XIX e de proporções bem equilibradas.

Assentam em bases de metal dourado com quatro pés e no topo têm aros onde assentam as peças em porcelana em forma de jarras. Estas foram realizadas propositadamente para a indústria da luminária, não apresentam marcas e só têm a seguinte numeração incisa e cursiva: 73. Obstante não estarem marcadas as peças em porcelana são de boa qualidade, visíveis na coloração branca uniforme, na transparência e na modelagem. Têm duas faixas num azul esverdeado muito apelativo e que contrastam com uma grega, em preto, no perímetro do seu bojo. Na face principal foi pintado um medalhão circular em laranja com os perfis de jovens gregos. O do lado esquerdo tem a cabeça destapada e o oposto tem um elmo. Estas pinturas foram feitas através de decalques e devem ter ficado danificadas aquando da cozedura, visto parte da tinta ter-se queimado. Neste período fabricaram-se vários candeeiros com figuras humanas aos pares, mas são quase sempre homem/mulher ou mulher/mulher greco-romanos. Toda esta policromia é bem equilibrada e feita propositadamente para realçar o dourado das peças metálicas. O topo das jarras é rematado por virolas, com os mesmos motivos que na base, e onde assentam os bocais dos reservatórios.

Os reservatórios são em folha-de-flandres e cada um tem na base a marca da manufatura: L B em roda de um círculo em alto-relevo. Esta marca foi usada, pelo menos, desde meados do século XIX. Num deles sobreviveu uma placa em alto-relevo em latão com a seguinte informação: Escallon, Lyon, 49 Quai St Vincent. Trata-se de um armazém de quinquilharias sedeado na referida cidade francesa e em funcionamento em 1862.

O queimador é do tipo triple courant d’air. Trata-se de um queimador aperfeiçoado pela manufatura parisiense Capy & Cauchy a partir de 1880 e copiado por várias outras, entre elas a Lépine & Bourdon. Trata-se de um queimador com um cilindro extra, entre o a galeria e o queimador, com aberturas para impulsionar, na vertical, a chama e tornando-a assim mais luminosa.

A galeria tem motivos salientes classicistas e iguais a um par de candeeiros que pertenceu à Casa Real Portuguesa. O apoio para o globo já apresenta outros de inspiração egípcia.

Os candeeiros têm 40cm de altura, encontram-se ainda sujos e estão em fase de restauro.

Espero que no futuro os consiga pôr a funcionar de novo e com uns quebra-luzes feitos de propósito para eles.






O par de candeeiros da Lépine & Bourdon.




A moldura com o perfil do jovem.




A moldura com o perfil do jovem com o elmo.




O motivo padronizado grego num dos candeeiros.




A marca incisa e cursiva com a numeração 73 numa das peças em porcelana.




O candeeiro com o jovem de elmo com as peças desmontadas.




A base em metal dourado.




A virola que serve de base ao bocal do reservatório.




A chave do queimador.




A galeria do queimador e o apoio para o globo.




A marca da manufatura Lépine & Bourdon no candeeiro com o perfil do jovem.




A marca da manufatura e da loja de quinquilharias Escallon de Lyon.