quinta-feira, 23 de abril de 2020

Candeeiro alemão com queimador Gold Brenner 16’’’ da Schwintzer & Gräff de Berlim, 1900 a 1914



No verão de 2018 estava em Estremoz e vi na internet um anúncio, num site de vendas nacional, de um candeeiro para venda. Contactei o vendedor e reservou-o para mim para quando voltasse a Lisboa. Assim aconteceu e num dia quente depois de almoço lá o fui buscar.

O candeeiro é alemão e deverá ter sido fabricado entre 1900 a 1914. Tem uma base em zinco assente em quatro patas zoomórficas e motivos decorativos classicistas. Superiormente assenta uma secção em pedra e a base da coluna em zinco com saliências no seu perímetro, rematada por um anel em latão. A coluna é no mesmo material pétreo em tons acastanhados e creme. O topo desta tem também outro anel em latão e ambos estavam oxidados. Só me apercebi que eram neste metal após a limpeza do candeeiro, que me surpreendeu pelo efeito luminoso e contrastante com as outras peças. O capitel é baseado nos coríntios, mas modernizado ao gosto coevo e com uma certa influência, embora muito ténue, da Arte Nova.
O reservatório é em vidro transparente lapidado com motivos sóbrios no seu perímetro. A transparência é muito cristalina e denota qualidade.
No bocal está enroscado um queimador Gold Brenner, no tamanho 16 e na versão simples da Schwintzer & Gräff de Berlim.
Esta gama foi lançada no mercado entre 1893 a 1906 nos seguintes tamanhos e especificidades:

- no tamanho 14 com capacidade de luz equivalente a 40 velas acesas;
- no tamanho 16 com capacidade de luz de 50 velas acesas;
- no tamanho 20 com capacidade de luz de 75 velas acesas.

Estes queimadores podiam ser adquiridos nas seguintes versões:

- simples;
- com apagador;
- com chave elevatória da galeria;
- com apagador e com chave elevatória.

A capacidade luminosa do Gold Brenner 16’’’ é quase equivalente à proporcionada pelo queimador Elite 20’’’ da Carl Holy e o Matador 20’’’ da Ehrich & Graetz.
O botão do queimador tem o nome da gama e ao centro duas tochas cruzadas, remetendo assim para a marca da fábrica.
O espalhador tem o seguinte em altos-relevos: 16’’’ GOLD BRENNER * S. & G. *.
A galeria tem umas perfurações para a entrada de ar que nos remetem para motivos florais, pormenor invulgar neste tipo de aberturas nos queimadores desta época.
Um pormenor muito peculiar desta gama é o carreto da torcida poder ser retirado facilitando assim a colocação da torcida, facto que não acontece com a maioria dos queimadores alemães.
O carreto tem na sua base a gravação D. R. G. M. – 37805, que poderá ser a da patente e fica preso por uma mola no tubo central do queimador.


O candeeiro é um exemplar paradigmático do início do século XX e que se caracteriza pelo uso contrastante das peças metálicas e cujas estilizações, embora convencionais, foram modernizadas. O queimador tem o desenho das aberturas na galeria bem proporcionado e que nos remete para a natureza, o que o torna esteticamente num dos mais originais da Schwintzer & Gräff.

Seguem as fotografias do candeeiro com o queimador:







O candeeiro com o queimador e a chaminé.




A base e a coluna do candeeiro.









O capitel do candeeiro.




O reservatório do candeeiro.










O queimador com a chaminé apropriada, o botão do regulador da torcida, as aberturas na galeria e o topo do espalhador.




A base do carreto da torcida com a gravação D. R. G. M. – 37805.









O carreto da torcida retirado do queimador.




O carreto da torcida e o sistema de mola no queimador.