Desde o
início da coleção que quis ter um par de candeeiros para óleo vegetal em
porcelana. No mês passado tive a oportunidade de adquirir um e que é aqui
apresentado.
Os candeeiros
são ao gosto greco-romano da segunda metade do século XIX e de proporções bem
equilibradas.
Assentam em
bases de metal dourado com quatro pés e no topo têm aros onde assentam as peças
em porcelana em forma de jarras. Estas foram realizadas propositadamente para a
indústria da luminária, não apresentam marcas e só têm a seguinte numeração
incisa e cursiva: 73. Obstante não
estarem marcadas as peças em porcelana são de boa qualidade, visíveis na coloração
branca uniforme, na transparência e na modelagem. Têm duas faixas num azul
esverdeado muito apelativo e que contrastam com uma grega, em preto, no
perímetro do seu bojo. Na face principal foi pintado um medalhão circular em
laranja com os perfis de jovens gregos. O do lado esquerdo tem a cabeça
destapada e o oposto tem um elmo. Estas pinturas foram feitas através de decalques
e devem ter ficado danificadas aquando da cozedura, visto parte da tinta ter-se
queimado. Neste período fabricaram-se vários candeeiros com figuras humanas aos
pares, mas são quase sempre homem/mulher ou mulher/mulher greco-romanos. Toda
esta policromia é bem equilibrada e feita propositadamente para realçar o
dourado das peças metálicas. O topo
das jarras é rematado por virolas, com os mesmos motivos que na base, e onde assentam
os bocais dos reservatórios.
Os reservatórios
são em folha-de-flandres e cada um tem na base a marca da manufatura: L B em roda de um círculo em
alto-relevo. Esta marca foi usada, pelo menos, desde meados do século XIX. Num
deles sobreviveu uma placa em alto-relevo em latão com a seguinte informação: Escallon, Lyon, 49 Quai St Vincent.
Trata-se de um armazém de quinquilharias sedeado na referida cidade francesa e em
funcionamento em 1862.
O queimador
é do tipo triple courant d’air. Trata-se
de um queimador aperfeiçoado pela manufatura parisiense Capy & Cauchy a partir de 1880 e copiado por várias outras,
entre elas a Lépine & Bourdon. Trata-se
de um queimador com um cilindro extra, entre o a galeria e o queimador, com
aberturas para impulsionar, na vertical, a chama e tornando-a assim mais
luminosa.
A galeria
tem motivos salientes classicistas e iguais a um par de candeeiros que
pertenceu à Casa Real Portuguesa. O apoio para o globo já apresenta outros de
inspiração egípcia.
Os candeeiros
têm 40cm de altura, encontram-se ainda sujos e estão em fase de restauro.
Espero que
no futuro os consiga pôr a funcionar de novo e com uns quebra-luzes feitos de
propósito para eles.
O par de
candeeiros da Lépine & Bourdon.
A moldura
com o perfil do jovem.
A moldura
com o perfil do jovem com o elmo.
O motivo padronizado
grego num dos candeeiros.
A marca
incisa e cursiva com a numeração 73 numa das peças em porcelana.
O candeeiro
com o jovem de elmo com as peças desmontadas.
A base em
metal dourado.
A virola que
serve de base ao bocal do reservatório.
A chave do
queimador.
A galeria do
queimador e o apoio para o globo.
A marca da
manufatura Lépine & Bourdon no
candeeiro com o perfil do jovem.
A marca da
manufatura e da loja de quinquilharias Escallon
de Lyon.
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