A chama
de um queimador Kosmos é de facto bastante boa, mas o seu reflexo no vidro da
chaminé pode encandear um pouco a vista, todavia há soluções para contornar
esse pequeno problema.
Na
anterior publicação falou-se num queimador fabricado pela Gaudard, cujo globo
assenta na própria grelha, mas nos restantes queimadores pode-se optar por
outras soluções.
Queimador
Gaudard com globo e chaminé.
Nesta imagem
temos uma das soluções, um suporte para globo (em cima à esquerda) ou aranha,
como vulgarmente se chama. Este suporte é comercializado em várias medidas para
a gama Kosmos, neste caso trata-se de um para Kosmos 14” e com 8,5cm de
diâmetro exterior. Na mesma imagem temos a sua aplicação num queimador, canto
inferior direito.
Não só
há estes suportes para globos, como também os há para abat-jours de grande
dimensão, igualmente para a gama Kosmos (neste caso num queimador da Hugo
Schneider). Este suporte assenta num queimador de 14” e tem 23cm de diâmetro
exterior, todavia há no mercado diâmetros inferiores consoante o efeito que se
queira dar. O abat-jour convém ser de vidro opaline e o seu formato é variado.
Nos
dias de hoje encontram-se facilmente no mercado globos e abat-jours de vidro com
variadas decorações, mas na época havia também suportes e armações para papel, tecido,
seda ou renda. Nas publicações da época é possível localizá-los e ter uma ideia
do seu efeito, infelizmente poucos sobreviveram e raramente surgem no mercado.
Nesta imagem
temos o gabinete de trabalho do Conde de Arnoso, na Rua de São Domingos à Lapa
em Lisboa. No móvel coberto, lado direito, por cima, há o que parece ser um
candeeiro a óleo vegetal Modérateur, com abat-jour de papel. Na mesa há um
candeeiro duplo, com o reservatório no meio, indicado para secretária.
A fotografia
foi publicada na revista Illustração Portugueza n.º 11, datada de 7 de Maio de
1906.
Na mesma
publicação periódica, desta vez no número a seguir (datado de 14 de Maio de
1906), na casa do compositor João Arroyo nos arredores de Sintra, na mesa onde
pousou encontra-se um magnífico candeeiro. O corpo principal assenta num tripé
metálico e da chaminé está suspenso um magnífico abat-jour de renda ou seda. No
restante artigo é interessante notar-se a modernidade do interior da habitação,
contrastando com alguns artigos domésticos.
Nesta imagem
surge outro gabinete de trabalho, desta vez no Porto e pertencente ao
investigador de cerâmica José Queiroz. Na sua secretária (lado direito)
encontra-se um pé metálico, provavelmente de um candeeiro a óleo vegetal sinumbra,
o qual foi adaptado a petróleo. Da chaminé parte igualmente um interessante
abat-jour de seda ou renda, camuflando parte do reservatório, queimador e quase
a chaminé na totalidade.
A fotografia
foi igualmente publicada na revista Illustração Portugueza n.º 64, datada de 13
de Maio de 1907.
Na capa
da revista Serões, n.º 43 datada de Janeiro de 1909, foi retratada uma jovem
lendo a revista à luz de um candeeiro com abat-jour de tecido. Nesta imagem,
bem ao gosto da época, o candeeiro pousa numa mesinha exótica, tendo ao lado um
pequeno bule e chávena de chá.
Nesta fotografia,
disponibilizada pelo Arquivo Fotográfico de Lisboa e da autoria de José Artur
Leitão Bárcia, sem data, temos o gabinete de trabalho pertencente a Carlos
Malheiro Dias (director da revista a Illustração Portugueza, jornalista,
cronista, romancista, contista, político e historiador português). No tecto
está suspenso um candeeiro a gás, na mesinha ao centro um candeeiro a petróleo
com abat-jour de vidro e ao lado do retratado encontra-se um candeeiro com um
magnífico abat-jour de tecido. A sua forma exuberante é bastante característica
da época, a qual surge em variados catálogos e publicidade de fabricantes
americanos, ingleses e alemães, entre outros.
No mesmo
arquivo há um conjunto de fotografias datadas de 1911, posteriormente
publicadas na revista Illustração Portugueza n.º 269 datada de 17 de Abril, da
escritora e poetisa Maria Amália Vaz de Carvalho, com o seu neto António e uma
empregada na sua casa de veraneio em Cascais. Na mesa ao centro da sala
encontra-se um magnífico candeeiro a petróleo, com um gracioso abat-jour de
seda suspenso pela chaminé. A vila de Cascais foi das primeiras a ter
iluminação eléctrica, no entanto é interessante notar a presença de candeeiros
a petróleo nesta época.
Os abat-jours
de tecido geralmente apoiavam-se de duas formas; ou no queimador de onde partia
a armação (indicado para tecidos ou feitios pesados); ou pela chaminé onde se
apoiavam os ganchos metálicos (indicado para tecidos leves).
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