Adquiri
este candeeiro numa conceituada leiloeira de Lisboa após ter sido retirado por
falta de licitação. O estado em que se encontrava afugentava qualquer
comprador, mas algo havia nele que de imediato me atraiu irresistivelmente. No
primeiro contacto que tive com o candeeiro verifiquei logo o queimador e o
reservatório. O queimador estava totalmente colado e não mexia um milímetro mas
o reservatório estava em perfeitas condições.
Após uma
segunda observação verificou-se o seguinte:
- reservatório
tem Evered & Company Limited Patent
gravado;
- o
queimador tem Evered & Company
Limited Patent R D 141632 gravado no topo da galleria;
- a
alavanca elevatória tem Evered`s Patent;
- cada regulador tem Evered & Company London Birmingham.
Os reguladores
devidamente marcados.
Numa
pesquisa na internet descobriu-se que a companhia metalúrgica tinha sido
fundada em 1809, com o nome Richard
Evered and Son, em Tyburn Road, Erdington, Birmingham. A companhia, em 1851,
participa na Exposição Universal no Crystal
Palace, e em 1869 abre escritório na cidade de Londres, Drury Lane. Na década
de vinte do século XX interrompe a produção de queimadores de petróleo,
concentrando-se em várias outros objetos em metal, nomeadamente para iluminação
elétrica e materiais de construção, entre outros. A companhia ainda existe mas
com outra denominação.
A produção
de queimadores duplex burner começa em 1865, data em que outra firma britânica de
renome, a Joseph Hinks & Son, o
patenteia, conjuntamente com os apagadores e a sua alavanca. A firma foi
fundada antes de 1865, na Great Hampton Street e Hockley Street, igualmente na
cidade de Birmingham. A produção deste tipo de queimador teve um enorme sucesso
e foi melhorada com a adição da alavanca para subir e descer a chaminé para
acender, sem retirar a chaminé. Na mesma cidade há a salientar a firma Samuel S. Messengers & Son, a qual surge
por volta de 1810 na Gloucester Place e Alston Street. A firma participa também
na Exposição Universal de 1851 mas cessa a produção na década de trinta do
século XX.
O queimador
também foi produzido nos Estados Unidos da América, nomeadamente pela firma Edward Miller & C.º.
O candeeiro
foi, seguramente, produzido depois de 1865 até 1910. Até agora só se sabe o
fabricante do reservatório e queimador. A base onde estas peças assentam não
tem qualquer marca mas, a qualidade da fundição e detalhes denunciam um artigo
de grande qualidade. O design delicado, a conjugação dos motivos florais e
estilizados apontam para a segunda metade do século XIX. O material escolhido o
bronze em dourado e cinzelado, confere uma certa sofisticação e contraste de
cor realçado pelos componentes ingleses. A base deve de ser de fabrico europeu
e possivelmente ter sido encomendada por algum decorador ou firma de renome na
altura.
Realizaram-se
tentativas para se descobrir a proveniência desta peça mas, até agora nada foi
descoberto. Na conceituada leiloeira Christie`s
surgiu um candeeiro ligeiramente parecido com este, igualmente da Evered & C.º.
O candeeiro
no estado em que se encontrava aquando da aquisição. Foi removido o globo e
chaminé para ser fotografado.
O queimador
duplex burner da Evered & C.º (três perspectivas) cheio de gordura e
oxidação, que impedia o movimento das alavancas e reguladores. O nome duplex
burner deve-se ao uso de duas torcidas paralelas no queimador, como o próprio
nome indica.
A
remoção da galeria permite uma limpeza constante. O queimador tem na base uma
rodela de cortiça, a qual assenta no reservatório.
O queimador
encaixa no reservatório através de um sistema de baioneta e no seu interior existe
uma segunda rodela de cortiça.
O candeeiro
no segundo dia de limpeza. A remoção da sujidade no queimador foi uma surpresa
agradável, afinal é em banho de prata, o que realça ainda mais o efeito dos
diferentes tons.
O candeeiro
no terceiro dia, limpo e com os metais polidos.
A base
em bronze dourado e cinzelado. O restauro desta peça deve ser feito por
especialistas devidamente qualificados, o que ainda não foi feito. As diferentes
peças são aparafusadas conforme se irá ver nas seguintes ilustrações.
O pé
da base (duas perspectivas) onde assentam as três peças decorativas que
suportam o topo. A delicadeza dos motivos florais e da chama central revelam a
grande qualidade da fundição.
As três
peças decorativas (duas perspectivas) conjugam-se harmoniosamente e suportam a
taça onde pousa o reservatório.
Na taça
perfurada onde o reservatório pousa, a decoração segue a mesma linguagem que o
resto da base.
O queimador
limpo e polido com um produto específico para prata. O reservatório foi
igualmente polido com um produto específico para latão e outros metais.
candeeiro mto bonito, uma verdadeira obra de arte
ResponderEliminarmtos parabéns
É impossível visitar estas vossas paginas sem deixar no mínimo um pequeno comentário.
ResponderEliminarO vosso trabalho é qualquer coisa de admirável.
Para além da paixão que têm ainda transmitem esse amor por candeeiros a petróleo.
Esse bichinho já cresce em mim dia apos dia cada vez mais forte. obrigado amigos.
Este candeeiro foi um desafio mas, continuo sem saber o fabricante da base em bronze, talvez francês...
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