Um dia
num mercado de rua encontrei um amoroso candeeiro opaline a petróleo em azul
claro. Após uma cuidada análise verifiquei se havia alguma fenda ou anomalia e
passados 15 dias decidi adquiri-lo. Imediatamente o quis conjugar com uma jarra,
igualmente opaline e quase do mesmo tom, estimada por minha mãe, que a trouxe
de casa da avó paterna. A jarra tem ramos de flores policromos, cuidadosamente
pintados, e poderá ser de fabrico nacional.
O candeeiro
tem também raminhos de flores policromos, que se aproximam em tons cromáticos
aos da jarra, mas a qualidade da pintura é mais espraiada.
Uma análise
mais cuidada revelou no regulador do queimador o seu fabricante: Nacional Porto. Esta curiosidade é
interessante, visto não haver registos, até agora, de fabricantes portugueses
de queimadores Kosmos, como é o caso.
O queimador
de 6” tem as medidas standard dos
queimadores alemães e franceses da mesma época, mas a rosca tem diâmetro
inferior aos mencionados. Estamos pois portanto diante de um queimador
invulgar, fabrico português, copiado dos estrangeiros. O corpo principal parece
ser também se fabrico português, mas também poderá ser de algum outro
fabricante europeu, nomeadamente francês, alemão ou checo. Só podemos
conjecturar, visto não haver marcas no vidro que possam datar e atribuir este
exemplar.
O próximo
passo foi limpar o candeeiro com água e detergente, seguido do polimento,
depois de seco, dos metais. As peças metálicas foram desmontadas e limpas
individualmente.
Candeeiro
durante a limpeza, duas perspectivas.
Depois
da limpeza foi necessário adquirir um globo e chaminé, mas por causa do seu
tamanho, não havia na altura no mercado globos de diâmetro inferior a 15cm, o
que desproporcionava o conjunto. A chaminé e torcida foram uma dor de cabeça,
simplesmente já não se fabricam para os Kosmos
6” cá em Portugal e nem se comercializam.
O problema
da chaminé foi resolvido após uma busca exaustiva nas lojas especializadas em
Lisboa, num resto que estava em armazém. A torcida veio num saco cheio de
queimadores sujos, foi lavada e enxugada. Mas ainda continuava o problema do
globo, tulipa, ou abat-jour. Na altura
calhou rever uma série de época, inglesa e perfeccionista até aos mais ínfimos
detalhes, coisa que nos escapa por cá, e ver um Kosmos com uma bobèche. Este
recurso é charmoso, mas cá não há o diâmetro necessário para se os poder
colocar.
Fiquei
então com mais esta inspiração, apesar de ter ponderado seriamente numa tulipa
para candeeiros eléctricos com bordo amarelo. Nisto nas minhas deambulações
pelos antiquários lisboetas descubro um caixote mágico. Cheio de chaminés,
acessórios e globos para candeeiros a acetilene e a gás. No meio daquelas peças
todas veio ao de cima, embrulhados em papel amarelado gasto pelo tempo, uma
mimosa tulipa em vidro.
O diâmetro
para encaixe era o suficiente, até 7cm, o tom verde e meio nublado condizia com
os tons verdes do candeeiro, tem a altura suficiente, etc…
Assentou
que nem uma luva, a peça veio contrabalançar e realçar as cores e formas do
conjunto.
Confesso
que ainda não desisti da ideia de uma tulipa de bordo amarelo, visto ser uma
das minhas cores preferidas, para poder alternar com a outra peça.
Os globos,
abat-jours, tulipas e outros acessórios
são como os de moda. A sua conjugação pode ser brilhante ou desastrosa, depende
de bom senso e procura persistente pela peça ideal.
Candeeiro
opaline, duas perspectivas.
Regular
marcado Nacional Porto.
Peças desmontadas,
duas perspectivas.
Candeeiro
com a jarra mencionada, duas perspectivas.
Pormenor
da pintura na jarra, duas perspectivas.
Nas bases
dos dois exemplares não consta qualquer marca, assinatura ou data.
È maravilhoso ter alguém que partilha esta paixão por candeeiros a petróleo.
ResponderEliminarObrigado por me ensinar como limpar, recuperar e restaurar. Toda a informação que recebo de vós faz-me estar mais atento a verdadeiras preciosidades que aparecem nas feiras de rua.
Boa noite,
ResponderEliminarSão muito bonitos estes candeeiros. Tenho um parecido, infelizmente todo partido, mas colado. Gostaria de saber em que loja de Lisboa poderei encontrar a túlipa e chaminé lindíssimas que comprou para o seu. Obrigada.
Boa tarde
ResponderEliminarA chaminé comprei numa loja de candeeiro mas, podem-se mandar vir pela internet. Essa loja era no Chiado e entretanto encerrou.
A tulipa foi numa loja de velharias no Príncipe Real que já fechou.
Cumprimentos
António Cota
Muito Obrigada, vou tentar encontrar.
EliminarEu tinha um candeeiro igual a esse que partiu apenas sobrou o abajour original cujo estilo é muito diferente desse que adquiriu num antiquário. Se estiver interessado até o posso vender. Obrigado
ResponderEliminarBoa tarde, se quiser pode me enviar uma fotografia.
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