A
prestigiante manufactura Wild &
Wessel foi fundada no dia 1 de Julho de 1855 na cidade de Berlim, por Emil
Wild e por Friedrich Wilhelm Wessel, num apartamento na Alexandrinenstrasse número
37. Começaram por fabricar candeeiros para óleo vegetal com grande sucesso,
cuja aprendizagem remonta ao ano e 1844.
Mudaram-se
em 1858 para outras instalações, necessárias para acomodar a maquinaria e de
forma a responder às encomendas, na Prinzessinnenstrasse número 26 em Berlim.
Em 1861 as instalações fabris ocuparam o número 27 da mesma rua, construindo
para isso um novo edifício.
Participam
pela primeira vez numa Exposição Universal, em 1862, na cidade de Londres
expondo candeeiros a preços acessíveis a um grande público.
Em 1859
começam a produzir queimadores, de torcida plana simples, para petróleo,
baseados nas experiencias com este combustível nos Estados Unidas da América. O
queimador evolui para outro, com a torcida plana arredondada em volta do tubo,
anunciado a 22 de Junho de 1865. Nesse mesmo ano foi patenteado na França e era
chamado Le Bec Prussien. No mesmo ano
participam numa exposição na cidade de Stettin, pela qual receberam uma
medalha.
Provavelmente
o primeiro candeeiro a petróleo de suspensão, fabricado em Berlim em 1865,
tinha o referido queimador. Estes candeeiros atingiram o auge da sua produção
na viragem do século XX.
Participam
na Exposição Universal de 1867 em Paris com candeeiros a óleo vegetal e
petróleo, atingindo um grande sucesso pelo aperfeiçoamento dos queimadores a
petróleo, tendo sido premiados. Este foi o ponto de viragem na proliferação dos
queimadores a petróleo para outros países europeus. No dia 1 de Julho, durante
a exposição, o Rei, a Rainha e o Príncipe herdeiro da Prússia visitaram o
Palácio da Indústria e o expositor da manufactura, acompanhados pelo som da
música da orquestra liderada pelo famoso compositor Gioacchino Rossini, seguido
pelo discurso do Imperador Napoleão.
Em 1869
participam numa exposição na cidade de Amesterdão, tendo sido premiados.
O queimador de
torcida arredondada passou a ter rodas motrizes, um novo design e foi anunciado, a partir de 10 de Maio 1870, como Kosmos Brenner. Nos catálogos franceses
este queimador era anunciado como Les
veritables, devido à qualidade elevada no fabrico e boa incidência de luz,
até ao início da Primeira Guerra Mundial.
O
reservatório dos candeeiros a petróleo convém estar sempre próximo ao
queimador, de forma a assegurar uma boa capilaridade. A Wild & Wessel começa a utilizar o vidro e a porcelana no
fabrico de reservatórios, com uma riqueza de padrões até então nunca vistos, e
na maioria dos exemplares sem estarem camuflados no interior do candeeiro, como
os indicados para óleo vegetal.
A partir de
1870 a fabricação de candeeiros a petróleo suplanta os candeeiros para óleo
vegetal, apesar de terem sido encomendados à Wild & Wessel 8000 a 10000 candeeiros a óleo vegetal.
No dia 1 de
Janeiro de 1872 inauguram a fábrica de vidro em Wiesau, localidade próxima a Nürnberg,
de forma a tornar rentável o fabrico de peças que anteriormente eram fabricadas
na região da Silésia.
Numa
exposição na cidade de Moscovo, em 1872, foram premiados e exportam queimadores
para a Rússia.
Participam
na Exposição Universal de 1873 de Viena, com uma variedade grande de candeeiros
a petróleo e alguns exemplares para óleo vegetal. No expositor havia candeeiros
de mesa, de pé e de tecto, tendo sido galardoados com duas medalhas, sendo uma
de Mérito. Nesse mesmo ano empregavam mais de 300 trabalhadores e constroem, em
terrenos próprios na Ritterstrasse, uma nova unidade fabril.
Na cidade de
Munique participam numa exposição, em 1876, e receberam um prémio de
participação.
Voltam a
expôr candeeiros numa Exposição Universal em Paris, no ano de 1878.
Na cidade de
Nürnberg partiparam na exposição de 1879 e 1885, tendo sido premiados em ambas.
Em 1880 a
firma celebra 25 anos com uma festa no Hotel
Kaiserhof em Berlim e com outra para os seus trabalhadores, mulheres e
filhos nas margens do rio Havel na localidade de Wannsee.
Devido à
proliferação de outras manufacturas na cidade de Berlim, entre 1880 a 1885, a
Wild & Wessel teve uma quebra de vendas.
Com a
introdução, em 1878, de novas leis de patente, novos designs e da marca registada a manufactura aproveita esta oportunidade
e lança no mercado a Vestalampe
(inspirada nas antigas lâmpadas romanas), o Meteorlaterne
(lanterna à prova de venta usada no exterior), o Centralbrenner, o Central-Vulkanbrenner
e o Kosmos-Vulkanbrenner. Com a
defesa assegurada das patentes e o investimento em novos queimadores para petróleo
de grande dimensão, o sucesso da manufactura manteve-se.
Para a
Exposição Comercial de Berlim, em 1879, escolheram criteriosamente um conjunto
de candeeiros, atingindo um enorme sucesso. Foram galardoados com a Medalha de
Prata do Estado Prussiano por serviços comerciais.
Investem em
novas técnicas de gravação do vidro, inspiradas nos mestres vidreiros da
Checoslováquia, e nas novas técnicas de modelagem para cerâmica, ambas
utilizadas na produção de maiores e mais requintados candeeiros. Na década de
80 o gosto japonizante originou exemplares de grande qualidade, assim como
candeeiros em zinco.
Participaram
na Centennial Exhibition na cidade de Melbourne, na Austrália, de 1888 a 1889,
com uma grande variedade de candeeiros a petróleo.
Em 1889
levam de novo a Paris vários candeeiros, participando na Exposição Universal
desse ano, exibidos perto da ponte Jena com o título Panoramique de l'Industrie et des Applications du Petrole.
No início da
década de 90 investem em candeeiros de coluna e em candeeiros de pequena
dimensão chamados de Babylampen (introduzidos
pela primeira vez em França e bastante apreciados pelo público feminino), ambos
com abat-jours de seda e renda.
A introdução
dos abat-jours em tecido teve origem
na Inglaterra e foram fabricados na Alemanha, França e nos Estados Unidos da
América. Neste último país, por volta de 1890, começaram a ser fabricados
candeeiros de pé alto e guéridons com candeeiro incorporado. Este tipo de
candeeiros foram também fabricados pela Wild
& Wessel e por outras manufacturas alemães, francesas e inglesas.
Na Exposição
Universal de 1893 na cidade de Chicago voltaram a ser premiados pela excelência
dos candeeiros apresentados.
Em 1894
empregavam 250 homens nas instalações fabris das peças metálicas de Berlim e
150, na maioria jovens e mulheres, nas instalações fabris das peças em vidro em
Wiesau. Cada operário trabalhava 59 horas semanais, antes 66, e com um salário
superior aos empregados de comércio.
Produziam
anualmente 52000 queimadores para torcida arredondada e 35000 para torcida
plana. Nos queimadores de maior dimensão a produção rondava as 65000 peças,
incluindo os Centralbrenner, os Central-Vulkanbrenner, os Kosmos-Vulkanbrenner e os Kosmosbrenner, na fábrica de Berlim.
Na fábrica
de Wiesau produziam anualmente, em 1894, cerca de 3,5 milhões de chaminés e
200.000 quebra-luzes de vidro fosco.
Nas fábricas
os operários começavam a trabalhar às 6:30H da manhã e terminavam às 19H, de
segunda-feira a sexta-feira, e nos sábados terminavam às 18H. os intervalos
decorriam entre as H8 e 8:30H, 12H às 13:30H, 4 às 4:30H. Os operários tinham
seguro de sáude e várias regalias. Todas estas directrizes entraram em vigor a
1 de Abril de 1892.
Criaram
cerca de 1000 modelos para candeeiros, desde candeeiros para a cozinha como para os salões luxuosos, com o apoio de
uma equipa de quarenta modeladores, escultores e arquitectos, entre 1855 e
1894. Os principais escultores, arquitectos e modeladores foram:
- o escultor
H. Zacharias, criações foram inspiradas no período gótico, pompeiano e
enveredou depois outros estilos, foi o criador do candeeiro de suspensão em
1865, que se acredita ter sido o primeiro a ser produzido em Berlim;
- o escultor
C. Silbernagel, criador de várias
esculturas realistas para candeeiros;
- o
arquitecto Fingerling, criador de um candeeiro de tecto ao gosto pompeiano;
- o escutor
e modelador J. Loewel, criador de vários modelos para candeeiros ao gosto da
época da Renascença em zinco;
- o escultor
e professor Wolff, criador de um candeeiro ao gosto pompeiano com formas
animalescas;
- o escultor
e professor P. Schley, criador de candeeiros ao gosto da Renascença, em 1894
era chefe modelador na fábrica de porcelana Königliche
Porzellan-Manufaktur (KPM) de Berlim;
- R.
Meyerheim, criador de candeeiros ao gosto da Renascença e greco-romano;
- o arquitecto
e professor A. Schütz, criador de vários modelos para candeeiros ao gosto da
Renascença, pompeiano e rococó, em ferro e bronze. Morreu precocemente e foi
professor no Museu de Artes Decorativas, em Berlim. Criou também um modelo para
a famosa Vesta Lampe. Algumas das
criações deste arquitecto foram adquiridas pelo Rei Ludwig II da Baviera, para
os seus palácios.
- o escultor
e professor Wiese, criador de um candeeiro em zinco escultórico director da
Escola de Arte em 1894 em Hanau;
- o escultor
G. Canisius;
- o
professor 0. Lessing;
- o
professor e escultor Professor F. Behrendt, que foi depois também professor no
Museu de Artes Decorativas, em Berlim;
- o
modelador W. Quehl, criador de modelos para candeeiro ao gosto da Renascença e
de um candeeiro com uma escultura de uma mulher, todos em zinco;
- o modelador N. Koenig, candeeiros ao gosto
rococó e renascentistas;
- o
modelador E. Greier, candeeiros ao gosto rococó e renascentistas;
- o modelador B. Pape, criador de candeeiros de pé alto.
A
manufactura Wild & Wessel investiu cerca de 200 mil marcos em escultores e
moldes de forma a promover a indústria artística.
A manufactura
em 1903 é absorvida pela Hugo Schneider,
sediada em Leipzig, mantendo a produção dos mesmos modelos e a marca. Os
produtos Wild & Wessel ainda estavam
em circulação em 1919. Desconhece-se a data de encerramento definitva.
A manufactura
fornecia queimadores e candeeiros para os seguintes comerciantes:
- Schubert & Sorge, sediada em Leipzig;
- H. Mayer & Co., em Stuttgart.
- Kretzschmar, Bösenberg & Co., sediada
em Dresden;
- R. Ditmar, sediada em Viena, com
fábricas na capital austriaca e em Milão;
- A. Naud, em Paris;
- Robert & Villette, Paris e Bordeaux;
- Catterson`s, em Londres.
A comercialização
dos produtos Wild & Wessel ainda carece de um estudo aprofundado. No
mercado português surgem peças de candeeiros e chaminés, modelos da manufactura
berlinense, marcados para Claudino Pinto
& Companhia, com sede em Lisboa.
As moradas
nas peças identificadas são:
- Rua dos
Anjos 77C a 77D, Lisboa;
- Rua dos
Capelistas (depois de 1910 passou-se a designer do Comércio) 44 a 46, Lisboa.
Na
documentação, em arquivo na Câmara Municipal de Lisboa, a firma já se
encontrava na Rua dos Capelistas em 1900.
Além da casa
comercial Claudino Pinto & Companhia havia na cidade de
Lisboa as seguintes casas comerciais:
- José d`Oliveira & Barros, no Largo
de São Domingos para a Travessa de São Domingos (actual Rua Barros Queirós);
- Júlio Gomes Ferreira & C.ª Ld.ª
(fornecedores da Casa Real), na Rua da Vitória;
- Ramiro Pinto & Companhia, na Rua
Augusta.
Capa do
catálogo de 1902/1903 da Wild &
Wessel. O edifício representado parece ser o da sede da manufactura em
Berlim.
Fábrica e
moradia da Wild & Wessel em
Wiesau (em cima lado esquerdo), postal datado de 1919.
Ilustração
retirada do seguinte link:
Candeeiro
para óleo vegetal produzidos de 1856 a 1870, todos em zinco excepto o candeeiro
em cima a meio, que foi fabricado em porcelana. Parte do catálogo de 1894,
edição comemorativa dos 50 anos da parceria entre Emil Wild e Friedrich Wilhelm
Wessel, assim como as imagens que se seguem.
Candeeiros para
petróleo produzidos de 1865 a 1875 em zinco.
Candeeiros para
petróleo em porcelana e montures em
bronze, produzidos de 1870 a 1880.
Candeeiros produzidos
de 1875 a 1885 em cobre polido. De cada lado, em baixo, os Vesta Lampe.
Candeeiros de
1888 a 1894 ao gosto oriental em cerâmica e bronze.
Candeeiros produzidos
de 1890 a 1894.
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