Em Setembro
deste ano um amigo partilhou comigo no Facebook
um candeeiro antigo. À primeira vista não pareceu ser um bom exemplar mas,
bastou-me um relance para compreender que era um bom candeeiro a petróleo do
início do século XX.
O candeeiro
em questão tem uma base, uma coluna, ambas em metal, e um reservatório aparentemente
em cristal da Baccarat. Esta célebre
manufactura francesa produziu reservatórios, globos, chaminés e candeeiros em
cristal moldado, muito apreciados pela qualidade e pelo design em finais do século XIX para o XX.
O queimador
foi um verdadeiro desafio. Não é comum e levou-me algum tempo a associar a
marca no botão do regulador com as manufaturas antigas alemãs. Numa pesquisa
consegui associar o queimador à Jacob Hirschhorn
de Berlim. Depois de constatar a marca foi fácil identificar o queimador.
Trata-se do Löwen Brenner, lançado para o mercado antes de 1893.
Na obra Die
Deutsche Petroleum-Lampe in Wort und Bild de 1893, da autoria de Jacques
Goldberg, o queimador é do tamanho 15, enrosca em anilhas para tamanho 14, a
chaminé tem 47mm de diâmetro inferior e 250mm de altura, tem capacidade de luz
equivalente a 36 velas e a torcida é plana para ser arredondada com 72mm de
largura. A chaminé é comum a outros queimadores, como o Volks Brenner da Carl Holy
por exemplo, e outros contemporâneos, podendo ainda ser adquirida no mercado. O
espalhador é um disco com um espigão.
Em 1906 o
queimador mantém as mesmas características anteriores mas incluem outro com o
tamanho 12. Este tem o mesmo design
mas a chaminé tem de diâmetro inferior 37mm e 210 de altura, a torcida tem 53mm
de largura e enrosca em anilhas para tamanho 10. O espalhador manteve a mesma
forma.
Na obra Die Deutsche Lampe in Wort und Bild,
publicada em 1911 da autoria de Jacques Goldberg, o queimador é o mesmo, as
mesmas medidas anteriores mas, o espalhador muda para um cilindro com
perfurações e chapéu.
A chaminé
está marcada Cristal Oliveira Cardoso
& ca., de Lisboa Sol (Registada) Superba 12.
Pagina 9 do
catálogo de 1895 dos armazéns A. Naud
em Paris. Os reservatórios espiralados e outros são visíveis em candeeiros de
coluna em mármore e latão.
O Löwen Brenner na obra Die Deutsche Petroleum-Lampe in Wort und
Bild de 1893, da autoria de Jacques Goldberg, página 22.
O mesmo
queimador na obra Die Deutsche Lampe in
Wort und Bild de 1906, da autoria de Jacques Goldberg, página 34.
O queimador
na obra Die Deutsche Lampe in Wort und
Bild de 1911, da autoria de Jacques Goldberg, página 64 e a mudança notória
do espalhador.
O candeeiro,
quatro perspetivas. Fotografias por José Daniel Soares Ferreira.
O reservatório,
três perspetivas. Fotografias por José Daniel Soares Ferreira.
O queimador,
quatro perspetivas. Fotografias por José Daniel Soares Ferreira.
A chaminé.
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