O candeeiro
que vos apresento hoje foi fabricado pela manufactura Wild & Wessel de Berlim. Este tipo de candeeiros é paradigmático
do período de 1890 até 1904, inspirado nos elementos da arquitectura clássica.
Este modelo
podia ser adquirido com várias versões, consoante o preço final.
Os
componentes metálicos podiam ser em zinco, em latão, em bronze ou em outro
metal.
Os restantes
componentes podiam ser em pedra, em metal esmaltado, em vidro ou em cerâmica,
entre outros.
Peças iguais
às deste candeeiro foram fotografadas para o catálogo comemorativo dos 50 anos
da manufactura, editado em 1894. Na fotografia o candeeiro tem o número 2420. É
composto por peças metálicas em bronze e por serpentinstein (um tipo de pedra comum na Alemanha e utilizado em
peças decorativas).
No catálogo
de 1902/1903, desta manufactura, a base da coluna e o capitel eram utilizadas
no modelo 2421 e 2499. A base e restantes peças diferem deste candeeiro. No
mesmo catálogo as pedras disponíveis eram: ónix do Brasil, imitação de ónix, serpentin, imitação de malaquite e rouge ant. (não sabemos que tipo de
pedra seria este).
Este candeeiro
é composto por peças em pedra, em zinco, em latão e em vidro. Esta manufactura
fabricava as peças metálicas em Berlim e as de vidro em Wiesau, na Silésia
prussiana. Nesta última eram produzidos os reservatórios, os quebra-luzes e as
chaminés, entre outras peças.
A base de
mármore assenta em quatro pés metálicos, aparafusados a ela. Ao centro passa o
parafuso interno, que une todas as peças, e onde é enroscada a porca.
A coluna tem
a base em zinco e um fuste em mármore. O capitel coríntio é também em zinco e
serve de base ao reservatório. Este assenta numa peça em latão, onde é
enroscado o parafuso interno. O reservatório é todo lapidado ao redor e no
bocal está colada a anilha.
O queimador enroscado
é o modelo Kosmos, tamanho 14, e está
em boas condições.
No queimador
encontra-se um suporte para quebra-luz. Este suporte foi fabricado
especificamente para os queimadores da Wild
& Wessel. Os recortes e perfurações coincidem com as perfurações da
grelha exterior da chaminé. Ambas complementam-se e comprovam o requinte que
esta manufactura tinha no fabrico das suas peças.
Este suporte
pode ser usado com um quebra-luz em vidro, quase plano, e especificamente
fabricado pela Wild & Wessel. O
perímetro exterior tem um rebordo onde se pode apertar uma fita em tecido, de
onde pende uma faixa também em tecido. A outra opção é usar um abat-jour em tecido, como os indicados
nos catálogos antigos.
O candeeiro
encontra-se em boas condições. No processo de limpeza o reservatório
descolou-se. Procedeu-se depois à remoção do gesso antigo e à sua colagem com
gesso novo.
O queimador
estava um pouco sujo por dentro, com restos de insectos e pó.
As peças
metálicas em zinco ainda têm vestígios acobreados do revestimento exterior. O
zinco com o tempo oxida e o banho metálico exterior vai desaparecendo com o
tempo. A opção levada a cabo pela maioria dos colecionadores é deixar estas
peças como estão, sem pintar ou colocar outra camada metálica.
Em Portugal
há um par de candeeiros disperso da Wild
& Wessel. A base e o capitel da coluna são iguais a este. Foram
adquiridos para um edifício emblemático de Lisboa e mais não digo por enquanto.
Estampa 48
do catálogo de 1894 da Wild & Wessel.
O candeeiro com o número 2420 é o segundo a contar da direita.
Estampa 57
do catálogo anterior. O candeeiro com o número 2613 é em bronze e serpentinstein, o quebra-luz de vidro é
o indicado para o suporte deste candeeiro.
Página 26 do
catálogo de 1902 a 1903 da Wild &
Wessel. O candeeiro 2499, canto superior direito, tem a mesma base e
capitel da coluna. O mesmo acontece com o modelo 2421, quarto a contar da esquerda
em baixo.
Fotografias
do candeeiro, várias perspectivas.
É impressionante reviver estes testemunhos vivos, como comprova o catálogo. Espetacular.
ResponderEliminarparabens
António Lima