O estabelecimento
comercial Julio Gomes Ferreira & C.ª
Ld.ª ficava nos números 166 a 170 (sendo este também o número da entrada
para o vestíbulo do edifício, com a escadaria ao fundo) da Rua Áurea, no piso
térreo de um edifício dito pombalino. Tinha também outras instalações, no mesmo
quarteirão mas noutro edifício, nos números 82 a 88 da Rua da Vitória. As oficinas
a vapor ficavam nos números 17 e 19 da Rua de São Tiago.
Não sabemos
quando foi fundada e foi um dos fornecedores da Casa Real.
O seu nome
surge regularmente na consulta de vários projetos de arquitetura, sobretudo no
início do século XX, nomeadamente na obra desenvolvida do arquiteto Manuel
Joaquim Norte Júnior, na do arquiteto Leonel Gaia, na do arquiteto António do
Couto de Abreu e na do arquiteto Miguel José Nogueira Júnior.
Foi um dos
principais fornecedores de instalações de água, de luz elétrica e de gás. Também
instalava louças sanitárias, tinas de banho, ascensores, para-raios, aparelhos
para aquecimento, para iluminação, campainhas, tubos acústicos e fechaduras elétricas.
Além dos serviços prestados vendia esquentadores, vários tipos de lustres, de
candeeiros, bocas-de-incêndio, mangueiras de lona, mangueiras de borracha, termos,
fogões de cozinha e de sala.
A nível de
candeeiros havia para eletricidade, para gás, para petróleo e para velas.
A fachada da
loja para a Rua Áurea foi remodelado no início do século XX. Mantiveram a
passagem para o acesso vertical do edifício, com vitrines, e a fachada da loja foi remodelada. Nas obras suprimiram
as duas portas em cantaria por uma só, ladeada por duas montras. Entre uma das
montras e a passagem para o edifício havia um painel em azulejo.
O painel em
azulejo foi pintado pelo artista Júlio A. César da Silva, tendo como base
azulejos da então Real Fábrica de Louça de Sacavém. O pintor
representou uma figura feminina, com vestes brancas cingidas ao corpo, e que
está a andar sobre o globo terrestre. Os seus cabelos louros caem sobre as
costas e tem uma estrela na cabeça. Na mão direita segura um candeeiro
elétrico, com abat-jour verde. Desta forma
ilumina parte da Europa, da África, da Ásia e da Oceânia. Na parte inferior o
globo e as pernas da figura estão envoltas por nuvens. A parte superior da
composição tem fundo cinzento claro, com estrelas e a lua em quarto minguante. O nome do
estabelecimento comercial encima a composição, com letras estilizadas e
pintadas em vermelho.
Este painel
é de muito boa qualidade, tanto a nível estético como técnico. Foi pintado
propositadamente para a fachada da loja, é uma síntese do que se vendia,
valoriza a iluminação elétrica e é extremamente apelativo. A representação da
figura feminina, o grafismo, a utilização das cores e o equilíbrio é
extraordinário.
Felizmente que
o painel foi removido e salvaguardado pela Câmara Municipal de Lisboa. Recentemente
foi exibido na exposição Fragmentos de
Cor | Azulejos do Museu de Lisboa.
Não sabemos
o ano em que encerrou e actualmente é a Diadema
Joalheiros, fundada a 13 de Outubro de 1966, que ocupa das antigas
instalações da Rua Áurea.
Publicidade
na Illustração Portugueza número 97,
ano 1907.
Painel publicitário
da autoria do pintor Júlio A. César da Silva, aquando da sua exibição na exposição Fragmentos
de Cor | Azulejos do Museu de Lisboa, quatro ilustrações.
Anúncio publicitário
na obra Sociedade dos Architectos
Portuguezes Annuario MCMV, 1905.
Anúncio na
publicação periódica Azulejos, em
1909.
Montra de um
dos estabelecimento da Julio Gomes
Ferreira & C.ª Ld.ª, sem data e sem autor identificado. Os candeeiros
expostos são para azeite mas, já de origem para luz elétrica. A faixa em vidro,
com o nome da firma, parece ser de origem e aquando da remodelação do início do
século XX.
Ilustração retirada
do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa.
Os números
166 a 170 em 2008, aquando de um trabalho que realizei para arquitetura.
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