O queimador Central Vulkan da Wild & Wessel é um dos preferidos de qualquer colecionador.
Efetivamente há quem perca a cabeça para ter um exemplar em perfeitas
condições.
Este género
de queimadores tem origem nos queimadores Kosmos,
que evoluíram para o Kosmos Solar.
Este último tem a mesma construção que os primeiros mas, foi incluído um tubo
de corrente de ar central. Desta forma a chama alonga-se verticalmente,
aumentando assim a incidência de luz. Esta inovação foi patenteada em 1879 por
outra manufatura berlinense, a Schuster
& Baer, fundada por Ernst Schuster e Hugo Baer. A Wild & Wessel baseou-se neste conceito e criou o queimador Kosmos Solar.
No dia 14 de
Junho de 1881 é patenteado um novo queimador da Wild & Wessel, com base nos descritos, com o número 16783. No
topo há um espalhador, em disco e espigão, para moldar a chama em todo o seu
perímetro. Esta modelagem da chama também é conseguida através da chaminé, cujo
design é feito propositadamente para
esse fim. A torcida é movida pelo sistema de roldanas internas e nascia a gama Kosmos Vulkan, que teve um grande
sucesso comercial. No mesmo ano, no dia 8 de Dezembro, é atribuída a patente
número 18574 à Wild & Wessel.
Nesta patente desenvolveram um carreto, com uma construção específica, para
mover a torcida. Esta tem “tentáculos” formados pelos fios longitudinais, os
quais são cozidos com tecido nas pontas e para se manterem unidos. Desta forma
otimiza-se a capilaridade do petróleo para abastecer a chama.
Com base na
segunda patente é desenvolvida a número 20957. Registada no dia 3 de Março de
1882 e prolongada até 7 de Dezembro de 1896. Nesta patente é desenvolvido outro
tipo de carreto, para a mesma torcida. Os tentáculos passam através de dois
tubos, paralelos e que se movem, e a torcida adapta-se à forma cilíndrica do
canhão central. Este tem forma cónica, é onde se movimenta a torcida e pode-se
desenroscar. Nasceu assim a gama Kosmos
Vulkan, que teve grande sucesso comercial.
A segunda
patente também foi a base da número 30196. Foi registada a 10 de Abril de 1884
e prolongada também até ao dia 7 de Dezembro de 1896. Os desenhos construtivos
são de um novo tipo de carreto, com características comuns ao anterior, e um
novo design.
No dia 28 de
Dezembro de 1884 a patente 31839, também atribuída à Wild & Wessel, é de uma chaminé. Esta tem um rebordo
arredondado, em todo o perímetro, na base e logo acima da grelha em latão.
No mesmo
ano, a 28 de Dezembro, a patente 32422 é atribuída à manufatura, com prolongamento
até ao mesmo prazo citado. A construção, o design
e outras características do carreto são melhoradas. Estas características são
as mesmas que encontramos nos queimadores Central
Vulkan e Central.
Nasciam
assim quatro gamas distintas, em termos de design,
e com base nas mesmas experiências: a Kosmos
Vulkan, a Central Vulkan, a Central e a Vulkan Universal Brenner. As chaminés destas duas últimas têm o
referido rebordo para se distinguirem das primeiras. O design das grelhas, para fixar a chaminé, também são diferentes,
entre muitas outras particularidades.
No ano de
1889 a Wild & Wessel fabricava os
seguintes queimadores, entre outros, e que eram:
- o Vulkan, no tamanho 16 e 18;
- o Kosmos Vulkan, nos tamanhos 14, 15, 16,
18 e 30;
- o Central Vukan, nos tamanhos 16, 18, 24,
30 e 50;
- o Central, no tamanho 16 e 18
- o Solaröl;
- o Kosmos Normal, nos tamanhos 6, 8, 10,
12, 14, 15, 16 e 20;
- o Kosmos Solar (tubo de ar central), nos
tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 15, 16 e 20;
- o Kosmos, nos mesmos tamanhos anteriores;
- o Flach (torcida plana), nos tamanhos 2,
3, 5, 7, 10 e 14.
Em 1892 temos
conhecimento de:
- o Central Vukan, nos tamanhos 16, 18, 24 e
30, deixou de haver o tamanho 50;
- Vulkan Universal nos tamanhos 18, 24 e
30;
- o Central (que é um Kosmos mas, com design
diferente e chaminé), no tamanho 14.
Em 1893 os
queimadores eram vendidos nos seguintes tamanhos:
- Vulkan Universal nos tamanhos 16, 18,
24, 30 e 50;
- Kosmos Vulkan nos tamanhos 14, 16, 18 e
30;
- Central Vulkan nos tamanhos 14, 16, 18,
24 e 30;
- Central Solar (Kosmosform, é um queimador Kosmos
com design diferente e podia ser vendido com chave elevatória, tem carreto como
nos Central Vulkan e a chaminé tem
rebordo), nos tamanhos 14, 16 e 18;
- Flach (torcida plana), nos tamanhos 2,
3, 5, 7, 10 e 14;
- Kosmos, nos mesmos tamanhos 6, 8, 10,
12, 14, 15, 16 e 18;
- Kosmos Normal, nos mesmos tamanhos 6, 8,
10, 12 e 14;
- Central no tamanho 16 e 18.
No ano de
1902 a Wild & Wessel é adquirida
pela Hugo Schneider. As instalações
de Berlim são encerradas e a maquinaria, dos queimadores, é transferida para
Leipzig.
Em 1906 a Wild & Wessel fabricava os seguintes
queimadores:
- Kosmos, Kosmos Solar e Kosmos Normal,
nos tamanhos 6, 8, 10, 12, 14, 16 e 18;
- Kosmos Vulkan nos tamanhos 12, 14, 15,
16 e 18;
- Central Vulkan no tamanho 16 e 18;
- Agni Brenner nos tamanhos 14, 16 e 20;
- Vulkan Universal Lampe nos tamanhos 18, 24
e 30.
No ano de
1911 a gama manteve-se e o Kosmos Vulkan
deixou de ter o tamanho 15.
Não se sabe
ao certo quando saíram definitivamente de linha.
A Hugo Schneider continuou a usar o nome
comercial Wild & Wessel até à
Segunda Grande Guerra.
Patente número
16783 atribuída à Wild & Wessel
em 1881.
Patente número
18574 do mesmo ano.
Patente número
20957 referente ao ano de 1882.
Patente número
30196 datada de 1884.
Patente número
31839 do mesmo ano.
Patente número
32422 também do mesmo ano.
O queimador
que tenho é um Central Vulkan, no
tamanho 16, e deverá ter sido fabricado no final do século XIX e início do XX.
Tem chave elevatória e uma galeria ou aranha para quebra-luz, peça rara e assaz
procurada pelos colecionadores. O botão do regulador está marcado para
exportação e até agora foi o primeiro identificado. Tem dois círculos, em
alto-relevo, concêntricos e 11 estrelinhas de seis pontas em redor (a mais
comum são dois C`s entre 10 estrelinhas de 6 pontas). O importador era A. Robert de Paris, uma firma
comerciante francesa que importava diretamente queimadores da Wild & Wessel.
O queimador Central Vulkan é de facto muito
interessante.
Foi
fabricado com peças em latão de boa qualidade, o sistema construtivo é sólido e
eficaz. As perfurações e outros pormenores integram-se perfeitamente.
A galeria
desenrosca-se toda e tem várias entradas de ar. No cilindro exterior, com um design de cruzes, e no topo. Desta forma
o ar passa e é filtrado pela grelha próxima à chama, controlando assim o fluxo
de ar no interior da chaminé.
No interior
há determinadas particularidades que só as vi depois de ter um queimador
destes. Na base do queimador há furos, estes deixam passar o ar para o tubo
central. Este é de corrente de ar central, tem dois furinhos no topo, é a base
do espalhador e por onde corre o carreto denteado. Este regula a torcida e
cujos tentáculos passam através dos dois tubos. O canhão assenta nos dois tubos
e também funciona como passagem do ar. No seu interior movimenta a torcida e
pode ser desenroscada, para a podermos substituir.
A luz deste
queimador é equivalente a 32 ou 35 velas e consumo horário de 75gr de petróleo.
Não tenho
ainda um candeeiro para este queimador mas, quem sabe, um dia surgirá um…
O queimador
antes de ser limpo com a torcida original.
O queimador
depois de limpo e com a galeria levantada, três perspetivas.
A marca no
botão do regulador.
O topo do
queimador e o design da galeria ou
aranha, duas perspetivas.
A entrada de
ar no topo do cilindro perfurado, que serve de base à galeria.
O queimador
com todas as peças que se podem desmontar.
A base do
carreto, com peças desmontáveis, duas perspetivas.
O queimador
e as entradas de ar na base, as quais comunicam internamente com o tubo
central, duas perspetivas.
A base do
queimador, os tubos para a torcida e as entradas de ar extra, quatro
perspetivas. As três primeiras foram tiradas com o queimador virado ao contrário.
O espalhador
e as medidas, fotografia gentilmente cedida por Ara Kepapcioglu.
O queimador
aceso, com a chama em forma de tulipa, fotografia gentilmente cedida por Ara
Kepapcioglu. Quando estive em Paris vi este candeeiro ao vivo e foi aceso. Foi comprado
ainda com o espalhador preso por ráfia ao queimador.
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