Não há
nenhum erro no título ao escrever candieiro.
No início do século XX era assim que eram designados este tipo de candeeiros e
era desta forma que se escrevia. Esta designação é a que temos encontrado na
documentação da época referida.
O abat-jour está finalmente terminado e na
sua conceção houve fárias fontes de inspiração.
A primeira
foi o abat-jour do candeeiro que
pertenceu à Rainha Maria Pia, que está no Palácio Nacional da Ajuda. A forma
quadrada, os aros dobrados em curva, o remate no topo, a forma como a renda
tapa parte da seda e as fitas nas pontas da armação. A princípio ainda ponderei
também plissar o tecido mas, no fim não a segui. Não foi por uma questão de
estética. A razão foi a que é uma coisa difícil e precisa de ser bem-feita por
alguém com mais experiência.
A armação
tomou assim forma e foi revestida a seda. Com o azul especificamente idealizado
e felizmente existente em Lisboa. Este tom coaduna-se com o cobre e o latão das
peças metálicas.
O topo foi
preenchido com um frou-frou de seda
branca, para contrastar com o azul, além de quebrar um pouco a cor, senão ficaria
muito preponderante em relação aos outros tons.
O próximo
passo foi arranjar renda a metro apropriada. Após vários meses de procura de
rendas com tule 100% algodão desisti. Parece que já não há no mercado tule com
bordado totalmente nessa fibra natural. O tule há em 100% algodão e noutras
fibras sintéticas. No fim optei por um tule sintético e com bordados 100%
algodão. Não fiquei dececionado, antes pelo contrário, e a qualidade é muito
boa. A escolha recaiu sobre um motivo padronizado composto por círculos e
outras estilizações. O gosto ocidental deste motivo contrasta com o abat-jour e com o próprio candeeiro.
Estes por sua vez são uma mistura entre o ocidente e o oriente.
O próximo
passo foi coser a renda com tule à seda. No final coser este véu ao abat-jour e terminar o que faltava.
O passo
final foram as fitas de seda. Ponderei usar o mesmo tom de azul, para quebrar o
branco, e outro tom de azul-claro. Neste tom foram usadas duas fitas de seda
com largura diferente. A conjugação destas fitas realça e enriquece todo o abat-jour. Estas fitas são o elemento
que falta para enfatizar ainda mais o carácter fin de siècle almejado. Na mesma altura passei uma vista de olhos
pelo álbum, publicado em 1898, Los
Salones de Madrid. Este foi decisivo para terminar o abat-jour com as argolas metálicas em dourado. Estas quebram o azul
e o branco, além de se integrarem com o dourado do queimador.
A luz é
suave, quebrada e velada. Realça com luz e cor um determinado ponto no espaço.
Estes abat-jours são um mimo, algo
muito pessoal e servem para enquadrar um ponto desejado.
O candeeiro
com o abat-jour, cinco ilustrações.
O candeeiro aceso
com o abat-jour, cinco ilustrações.
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