O candeeiro
que vos apresento foi adquirido no passado mês de Novembro. Foi-me sugerido por
um amigo e fiquei desde logo encantado. Um dos atrativos foram os animais fantásticos
que servem como pegas, que nos remetem para uma certa atmosfera misteriosa
novecentista. Na altura estava com vontade de ler o Drácula de Bram Stoker, que
foi recentemente editado em português, e deixei-me influenciar. Os outros atrativos
foram a proporção equilibrada entre as peças que o compõem, a elevada qualidade
na moldagem dos motivos, a expressividade e o equilíbrio dos motivos
estilizados. Todo o candeeiro foi pensado como um todo, além de ter um certo
carácter masculino. Não pensei duas vezes e decidi ficar com ele.
O candeeiro
é de fabrico alemão mas, infelizmente desconheço a manufatura que o produziu. Todavia
a tampa tem semelhanças flagrantes com as tampas dos candeeiros número 1918 e 2243
da Wild & Wessel de Berlim. Os
motivos estilizados indicam que terá sido fabricado no período de 1870 a 1910.
A base do
candeeiro tem motivos estilizados setecentistas, inspirados nas peças de
ourivesaria barroca. Os quatro pés têm concheados e folhagens que envolvem superfícies
ovaladas. Entre eles há motivos de folhagens e entrelaçar de linhas curvilíneas.
Desta base parte outra peça. Também com motivos de folhagens e de linhas
curvilíneas mas, ao gosto greco-romano e egípcio. Este gosto por estas duas épocas
passadas esteve em voga de 1860 a 1880, coincidindo com o gosto pela época do
barroco. Naturalmente aproveitaram estes dois moldes e soldaram as peças,
enfatizando assim o gosto eclético tão característico do século XIX.
Neste
período as manufaturas usavam no mesmo candeeiro vários moldes, os quais eram
compatíveis entre si. Desta maneira um molde, usado anteriormente, podia ser
aproveitado para novos modelos de candeeiros. Efetivamente temos vindo a
observar em inúmeros modelos as mesmas peças moldadas. Estas estão viradas ou
foram conjugadas com outras de fabrico posterior.
No topo
destas peças há outra com motivos estilizados setecentistas de escamas,
medalhões côncavos e folhagens. Esta peça revela o gosto germânico pelas
escamas, empregue na pintura sobre porcelana setecentista.
Finalmente por
cima desta há outra peça com motivos de folhagens, intercalados por secções
vazadas, onde assenta o corpo principal do candeeiro. Nesta união houve um erro
ao soldarem as peças. O corpo principal ficou ligeiramente descentrado em
relação às outras peças anteriores. Este é dividido em seis secções, o que
contrasta com a base quadrada. Em cada secção há uma moldura estilizada, encimada
por folhagens, que tem como fundo motivos vegetalistas. Estes têm baixo-relevo
e linhas horizontais. Entre cada secção há a encimar um escudo, que tem como
base um mascarão, e outros motivos estilizados. O topo termina com folhas
estilizadas de acanto. Todas estas estilizações remetem para o barroco e um
certo gosto pela renascença.
As duas pegas
laterais têm como base outro mascarão. Este tem no reverso outros motivos e no
qual é enroscado um parafuso. Este fica camuflado no interior do candeeiro e é
preso por uma porca. Todo este requinte revela qualidade na conceção deste
candeeiro. No topo de cada pega há outro escudo e a cabeça de um animal. Este tem
traços felinos, dentes aguçados, orelhas em bico e juba. Os escudos e estes
animais remetem-nos para a nobreza ancestral e o período gótico.
A tampa tem
motivos estilizados de conchas e mascarões com aspeto ameaçador. Estes têm a
boca aberta, dentes afiados e olhos irados. Estes motivos coincidem em número
com as secções do corpo principal. Extraordinariamente esta tampa ainda
conserva parte do revestimento acobreado original, assim como a base.
Este candeeiro
é exemplificativo da mistura de épocas passadas num objeto moderno.
O candeeiro veio
para as minhas mãos com uma camada de verniz transparente castanho. Não é
original e extraordinariamente realça os referidos vestígios de cobre. Como o
verniz foi mal aplicado decidi removê-lo. Na recuperação espero voltar a pintar
o candeeiro com uma superfície semelhante.
O
reservatório original, em vidro, já não existe. Na tampa estava ainda o gargalo
preso com gesso. O candeeiro foi a determinada altura eletrificado, passando o fio
elétrico pelo queimador e pela base. Felizmente o queimador não foi prejudicado
pelo processo e é um Matador 15''',
da manufatura berlinense Ehrich &
Graetz, sem o espalhador.
Após medidas
exatas consegui encontrar um reservatório em vidro. Este é antigo e foi enviado
da Alemanha por um amigo. Quando chegou assentou que nem uma luva no candeeiro.
Tendo sido colado com gesso à tampa.
O queimador Matador foi limpo e arrumado. Confesso que
não gosto de o ver neste candeeiro. Fica desproporcional e é de qualidade
mediana, para um candeeiro deste género. Na altura tinha pensado no queimador Patent Reform – Kosmos – Brenner da Schuster & Baer de Berlim. O qual
tinha sido anunciado na publicação anterior mas, não gostei da forma como
assentou na tampa. Passados pouco dias adquiri outro candeeiro com um queimador
Kosmos Vulkan 16''' da Wild & Wessel. Decidi experimentar o
queimador no candeeiro e o efeito foi bastante satisfatório. O queimador
assenta elegantemente na tampa, a sua proporção e design conjugam-se harmoniosamente com o candeeiro. Foram estas
felizes coincidências que o tornaram ainda mais atrativo.
O quebra-luz
que está agora colocado é um globo. Este fica proporcional com o candeeiro e as
estilizações conjugam-se. No entanto tinha idealizado uma tulipa ou um globo
com frisados no topo. Esta inspiração partiu de uma fotografia dos candeeiros
que a Wild & Wessel levou, de
1888 a 1889, a uma exposição na cidade australiana de Melbourne. No mostruário
tinham candeeiros deste género em zinco, em bronze e em latão, com variados
quebra-luzes.
Espero vir a
encontrar no futuro o quebra-luz idealizado.
Seguem as
fotografias do candeeiro.
O candeeiro
com o globo, duas ilustrações.
A base, duas
ilustrações.
O corpo
principal do candeeiro, duas ilustrações.
As pegas
laterais, quatro ilustrações.
O candeeiro
com o globo e o queimador, três ilustrações.
O candeeiro
com o reservatório amovível ao lado.
O reservatório
com o queimador.
A tampa e os
detalhes dos motivos estilizados, três ilustrações.
Mostruário da
manufatura Wild & Wessel na
exposição em Melbourne.
Hola, tengo una lámpara antigua patent reform kosmos Brenner y me gustaría saber el año de fabricación y el precio en que la podría vender.
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