Desde
criança que sou fascinado pelo século XIX e início do século XX.
Ao longo da
vida tenho visto inúmeros filmes e séries televisivas que retratam esse
período. Onde têm aparecido diversos candeeiros, como não poderia deixar de
ser. Nessas filmagens foram utilizados anacronicamente candeeiros de épocas
posteriores. Infelizmente estes detalhes têm sido descurados e há cenas
completamente desastrosas. No entanto há extraordinárias recriações históricas
feitas por especialistas.
As
reconstituições históricas são complexas e requerem um estudo aprofundado. Tudo
deverá ser questionado para se atingir a perfeição e rigor exigidos. Se houver
dúvidas o melhor será não colocar determinada peça. Mais vale a omissão do que
o erro. A reposição da peça poderá ser feita, segundo um estudo meticuloso, se
se provar que pertence ao período em questão. Estas regras, gerais, devem ser
aplicadas em todas as reconstituições históricas. Quer sejam em cenários para
filmagens, em cenários de teatro e em salas de museu, entre outras. O escritor,
poeta e dramaturgo Oscar Wilde é rigoroso nestas
questões. Nomeadamente no que se refere às peças teatrais. No final do século
XIX foram realizadas diversas peças de teatro privadas, representadas por
figuras conhecidas da alta sociedade londrina, passadas em épocas anteriores. Estas
peças de teatro decorriam na época medieval mas, com roupas do século XVIII. O
que não contribuiu para a qualidade da peça. Desta forma não se enfatiza todo o
ambiente daquele período, o qual deve envolver o espectador na narrativa. Este
processo complexo é também apoiado na iluminação, no som, na música e no desempenho
dos actores, entre muitos outros factores.
Para esta
publicação escolhemos determinados filmes e séries televisivas, os quais foram
ordenados cronologicamente.
Camille (1936)
Os
actores Greta Garbo (Marguerite Gautier) e Robert Taylor (Armand Duval) durante
as filmagens. Na mesa um candeeiro para secretária de época posterior à
retratada no filme.
Ilustração
retirada de:
http://ratocine.blogspot.pt/2012/04/camille-1936.html
Gone with the Wind (1939)
Inigualável
adaptação do romance, publicado em 1936, da escritora americana Margaret Mitchell ao cinema com o nome Gone with the Wind, traduzido para E Tudo o Vento Levou em Portugal. Com o
inesquecível desempenho dos actores Vivien Leigh, Clark Gable, Hattie McDaniel,
Olivia de Havilland e Leslie Howard, entre outros.
O filme
desenrola-se um dia antes da declaração da Guerra Civil americana (1861-1865).
Nas primeiras cenas na casa da família O'Hara, ao entardecer, a personagem
Mammy (interpretada por Hattie McDaniel) desce as escadas e pede luz ao criado
Pork (o actor Oscar Polk) para a entrada porque chegou Mrs. O'Hara. Este
prontamente pega num candeeiro de época, aparentemente um Solar com semelhanças aos candeeiros da Cornelius & Company, com um queimador para petróleo. Este
parece ser de época posterior. Logo após esta cena a criada Mammy avisa Mr.
Gerald O'Hara. Este está no escritório com um candeeiro aceso na mesa. O
candeeiro é também de época posterior. Em toda esta sequência sabiamente
reduziram a luz elétrica.
A maioria
dos candeeiros em vidro usados no filme, com motivos florais e formas
arredondadas, foram fabricados no final do século XIX e início do século XX.
Induzindo em erro os antiquários e o público em geral. Daí a designação errónea
de Gone with the Wind lamps nos
Estados Unidos da América. Esta questão já foi abordada na publicação datada de
31 de Agosto de 2016.
Todavia há
cenários onde apropriadamente utilizaram candeeiros da época. Por exemplo no
quarto de Scarlett O'Hara
(Vivien Leigh) da sua nova residência em Atlanta.
A actriz
Vivien Leigh (Scarlett O'Hara) durante as filmagens do filme, no dia em que a
cidade de Atlanta é bombardeada.
Ilustração
retirada de:
https://fineartamerica.com/featured/12-gone-with-the-wind-1939-granger.html
O actor
Clark Gable (Rhett Butler) encostado ao fogão de sala na casa da tia Pittypat
Hamilton. Na mesa, por detrás do sofá, um candeeiro em forma de mocho.
Ilustração
retirada de:
http://goldenageestate.tumblr.com/post/105259856150/clark-gable-gone-with-the-wind-1939
Nestas
cenas do filme há a registar o seguinte:
- na
primeira é a biblioteca em Twelve Oaks. Na mesa está um candeeiro de época
posterior, do último quartel do século XIX e início do século XX. Este tem uma
coluna e um globo decorado;
- na
segunda é a sala em casa da tia Pittypat Hamilton. De novo nas mesas há o mesmo
tipo de candeeiro anteriores;
- a
terceira cena é a sala de Rhett Butler. Os candeeiros são apropriados para a
época, nomeadamente o candeeiro sobre a mesa com o globo decorado;
- a
quarta e última cena é no quarto de cama de Scarlett O'Hara. Nas
mesas-de-cabeceira há um requintado par de candeeiros para óleo vegetal (modérateur ou Carcel) com globos adequados. Estes parecem da manufatura Baccarat com o motivo de dragões.
Os
actores são Vivien Leigh (Scarlett O'Hara), Clark Gable (Rhett Butler), Hattie
McDaniel (Mammy) e Kelly Griffin (Bonnie Blue Butler).
Ilustrações
retiradas de:
https://hookedonhouses.net/2009/03/22/gone-with-the-wind-tara-twelve-oaks-aunt-pittypats-house/
Um dos
famosos erros, entre outros, do filme: o fio elétrico visível do candeeiro para
petróleo. A cena é a da chegada de Ashley Wilkes e de Rhett Butler a casa do
primeiro, após este ter sido ferido.
Os
actores são Olivia de Havilland (Melanie Hamilton), Leslie Howard (Ashley
Wilkes), Clark Gable (Rhett Butler) e Vivien Leigh (Scarlett O'Hara).
Ilustração
retirada de:
http://southernlagniappe.blogspot.pt/2011/02/gone-with-wind.html
Uma das
cenas mais comoventes do filme, antes da morte de Melanie Hamilton. O candeeiro
de suspensão, para petróleo, é de época posterior à retratada.
Os
actores são Alicia Rhett (India Wilkes), Laura Hope Crews (Aunt Pittypat
Hamilton), Leslie Howard (Ashley Wilkes), Mickey Kuhn (Beau Wilkes), Vivien
Leigh (Scarlett O'Hara) e Clark Gable (Rhett Butler).
Ilustração
retirada de:
https://vivienleigh.files.wordpress.com/2009/10/gone_with_the_wind-2278.jpg
Gaslight (1944)
No ano
de 1940 foi lançado o filme britânico Gaslight,
com os actores Anton Walbrook e Diana Wynyard nos papéis principais. O filme
foi baseado na peça teatral Gas Light
do dramaturgo inglês Patrick Hamilton.
A mesma
peça foi posteriormente adaptada, em 1944, pelo realizador americano George
Cukor. Os actores foram Charles Boyer (interpretou os personagens Gregory
Anton/Sergius Bauer), Ingrid Bergman (a personagem Paula Alquist Anton), Joseph
Cotten (o personagem Brian Cameron), Dame May Whitty (a personagem Miss Bessie
Thwaites) e Angela Lansbury (a personagem Nancy Oliver), entre outros.
O filme
foi feito a preto e branco. Ideal para os contrastes de luz e sombra das chamas
do gás. Estes contrastes são perfeitos para o desempenho dos actores e
enquadramentos.
A acção
desenrola-se na cidade de Londres na década de 80 do século XIX. Na mesma época
começaram a aparecer no mercado os abat-jours
em tecido. Os quais foram usados em dois candeeiros para óleo vegetal,
aparentemente do tipo modérateur ou Carcel, no fogão de sala durante as
filmagens. É sempre importante pensar nos fogões de sala. Estes tinham
candeeiros pousados ou candeeiros de parede, consoante o gosto pessoal.
Os
actores Charles Boyer (Gregory Anton/Sergius Bauer) e Ingrid Bergman (Paula
Alquist) numa das cenas do filme.
Ilustrações
retiradas de:
https://www.vox.com/culture/2017/1/21/14315372/what-is-gaslighting-gaslight-movie-ingrid-bergman
A actriz
Ingrid Bergman numa das cenas dos candeeiros para gás. Estes baixavam a chama
quando outros eram acesos na habitação. Estes estavam no sótão onde o marido
procurava as jóias de uma famosa cantora de ópera que tinha assassinado. A qual
era tia da mulher com quem estava casado.
Ilustração
retirada de:
https://crystalkalyana.wordpress.com/2015/10/04/gaslight-1944/
Um par
de candeeiros modérateur sobre o
fogão de sala. Estes têm apropriadamente abat-jours
em tecido que condizem com a época do filme.
Parte de
um catálogo francês com um modelo para candeeiro. Este podia ser para óleo
vegetal ou para petróleo, sendo esta última opção a mais barata. No lado
direito um modelo de abat-jour em
tecido e rendas.
Ilustrações
retiradas de:
https://letincelle.net/
A Vizinha do Lado (1945)
No ano a
seguir é lançado o filme A Vizinha do
Lado do director português António Lopes Ribeiro. A acção do filme
desenrola-se na Lisboa do princípio do século XX. Nos apartamentos utilizaram
correctamente candeeiros para gás e para petróleo. Estes estavam pousados numa
credência, num piano e numa mesa. O que faz deste filme um dos melhores no uso
de candeeiros do cinema português.
Cartaz
publicitário ao filme.
Ilustração
retirada de:
http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/3313/A+Vizinha+do+Lado
Os actores
António Vilar (Eduardo), Nascimento Fernandes (professor Plácido Mesquita),
Madalena Sotto (Isabel Moreira) e António Silva (Saraiva) numa das cenas do
filme.
Ilustração
retirada de:
http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/3313/A+Vizinha+do+Lado
A
personagem Maria, a criada, pela actriz Hortense Luz. O candeeiro, por detrás,
esteve em cima do piano. Todos os candeeiros foram corretamente usados neste
filme.
Ilustração
retirada de:
https://www.top250.tv/Movie/Casting/123663
Senso (1954)
No ano
de 1954 o realizador italiano Luchino Visconti apresentou ao público o filme Senso. O filme foi baseado numa obra
literária do arquiteto italiano Camillo Boito.
O filme
tem como cenário a cidade de Veneza, na Primavera de 1866, ocupada pelas tropas
austríacas. Na ópera La Fenice a
Condessa Livia Serpieri (interpretada pela actriz Alida Valli) apaixona-se pelo
tenente austríaco Franz Mahler (interpretado pelo actor Farley Granger). Esta
paixão destrutiva terminará na loucura da condessa e na morte do tenente.
Neste
filme foram utilizados candeeiros de época. Nomeadamente um verde para petróleo
e outros do tipo modérateur. Todavia
há cenas com candeeiros de época posterior. Como por exemplo um candeeiro de
coluna, com reservatório em vidro e queimador para petróleo, no quarto da
Condessa na sua vila de campo.
Cartaz
publicitário ao filme. No lado direito foi pintado, muito apropriadamente, um
candeeiro da época do filme.
Ilustração
retirada de:
https://i.pinimg.com/originals/6c/4c/02/6c4c02382dfa4e08507ab3b3269675b8.jpg
Os
actores Farley Granger (tenente Franz Mahler) e Alida Valli (condesa Livia
Serpieri). Nesta cena há um candeeiro do tipo modérateur sobre o toucador, com a respectiva peanha e globo
apropriado. No lado esquerdo há um candeeiro para petróleo, que parece ser
apropriado para a época em questão. Todavia há demasiada luz eléctrica a incidir
na actriz e toucador.
Ilustração
retirada de:
http://www.cinetecadibologna.it/alida_valli_senso
Uma cena
na casa alugada pelo tenente Franz Mahler. O candeeiro, aparentemente, é da
época do filme. Embora pareça ser de época posterior.
Os
actores são Alida Valli (condesa Livia Serpieri), Marcella Mariani (Clara) e Farley
Granger (tenente Franz Mahler).
Ilustração
retirada de:
http://filmi-contrast.blogspot.pt/2014/01/junoon-as-rebellion-and-defeat-part-ii.html
Il Gattopardo (1963)
O ano de
1963 ficará para sempre na história do cinema, como o do lançamento do filme
italiano Il gattopardo. Foi também
realizado por Luchino Visconti e onde participaram os actores Burt Lancaster (o
personagem Príncipe Don Fabrizio Salina), Rina Morelli (a personagem Princesa
Maria Stella Salina), Alain Delon (o personagem Tancredi Falconeri) e Claudia
Cardinale (a personagem Angelica Sedara), entre outros.
O filme
foi baseado na obra do escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Príncipe
de Lampedusa. A acção desenrola-se durante o Risorgimento, no sul de Itália, no
ano de 1860.
Nas
primeiras cenas, da missa na capela interior, há um candeeiro no escritório que
é de época posterior. A mesma situação acontece quando a personagem Angelica
entra pela primeira vez em cena no salão. No primeiro plano está um par de
candeeiros, com globos, e rodeados de flores. Efetivamente essas cenas, assim
como as da sala de jantar, têm demasiada luz elétrica. O que arruína toda a
subtileza e contrastes da época.
No
decorrer do filme a cena em que o Príncipe de Salina e sua mulher, a
prepararem-se para dormir, se apaga um candeeiro para óleo vegetal. Esta cena
não é natural, visto ter sido apagada lentamente uma lâmpada elétrica.
O mesmo
anacronismo no uso de candeeiros é visível na cena do jogo de cartas. A qual
também se desenrola no referido salão. Nas mesas há candeeiros para petróleo em
zinco. Estes são da década de 70 a 90 do século XIX.
Nas
cenas do baile no palácio Ponteleone colocaram candeeiros aparentemente de
época. A forma, a altura e outros detalhes assim o denunciam. Todavia o
queimador parece ser de época posterior. Novamente há demasiada luz elétrica
que não favorece as cenas. Sobretudo as cenas com os candelabros, os lustres e
apliques de parede com velas. Na cena exterior da ceia, durante o intervalo do
baile, usaram os mesmos candeeiros do interior. Infelizmente a incidência da
luz elétrica estraga a atmosfera cálida de uma noite de verão.
Não
obstante estes detalhes e considerações, este filme é um dos mais belos da
história do cinema.
A actriz
Claudia Cardinale durante as filmagens do filme.
Ilustração
retirada de:
http://jammerine.tumblr.com/post/22273127696
Uma das
cenas na sala de estar, durante o baile no palácio fictício Ponteleone
(inspirado no Palazzo Monteleone). Os candeeiros colocados nos interiores deste
palácio são apropriados para a época. Todavia os restantes candeeiros usados
para o filme são de época posterior.
Os
actores são Claudia Cardinale (Angelica Sedara), Burt Lancaster (Princípe Don
Fabrizio Salina) e Alain Delon (Tancredi Falconeri).
Ilustração
retirada de:
http://www.nanopress.it/cultura/2017/05/23/il-gattopardo-frasi-celebri-dal-libro-al-film/173095/
Umas das
cenas mais famosas: o baile no palácio Ponteleone. As cenas, assim como outras
que se passam à noite, têm demasiada luz elétrica.
Ilustração
retirada de:
https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html
A ceia
no intervalo do baile no palácio Ponteleone. Esta cena exterior foi extraordinariamente
bem realizada, onde utilizaram os candeeiros do interior, mas com demasiada luz
elétrica.
Ilustrações
retiradas de:
https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html
Upstairs, Downstairs, A Família Bellamy
em Portugal (1971 a 1975)
No ano
de 1971 foram realizados os primeiros episódios da série britânica Upstairs Downstairs, cuja ideia original
foi das actrizes Jean Marsh e Eileen Atkins. A acção começa em Novembro de 1903
e termina em 1930. Trata-se da vida de uma família da alta sociedade londrina e
dos seus criados.
Nesta
época os cenários eram feitos de acordo com os ângulos. Daí aqueles espaços, e
a sua articulação, serem arquitectonicamente impossíveis de existirem. Este
hábito analítico ficou para sempre comigo desde criança.
Na série
foram utilizados alguns candeeiros. Numas cenas estavam devidamente acesos com
chama e noutras à luz elétrica.
A
caracterização, o desempenho dos actores, os cenários, os textos e outros
detalhes são louváveis. Tornando esta série num marco na história da televisão.
Um dos
melhores cenários desta série foi o quarto de hóspedes. Este quarto foi criado
para a personagem de Baron Klaus von Rimmer no episódio A Suitable Marriage. A decoração, ao gosto Império, foi
complementada por cadeiras a imitar bambu e um candeeiro em metal dourado. Este
parece ter sido um candeeiro para óleo vegetal, no qual colocaram um
reservatório em vidro e um queimador Duplex.
O candeeiro parece ser o mesmo, conjuntamente com outro, usado nas filmagens da
série inglesa The Buccaneers, em
1995.
Os
actores são George Innes (Alfred) e Horst Janson (Baron Klaus von Rimmer).
Ilustrações
retiradas de:
https://www.updown.org.uk/photos/pixld1.htm
Para o
episódio A Family Gathering, filmado
em 1972, foram escolhidos dois candeeiros para a sala de Lady Marjorie Bellamy.
Os quais realçam toda a decoração do cenário.
Os
actores são Joan Benham (Lady Prudence Fairfax), Nicola Pagett (Elizabeth Bellamy/Kirbridge),
Rachel Gurney (Lady Marjorie Bellamy), John Alderton (Thomas Watkins), Gordon
Jackson (Hudson) e Pauline Collins (Sarah).
Ilustração
retirada de:
http://www.updown.org.uk/photos/pixbw3.htm
Capa da
revista TV Times, 3 a 9 de Novembro de
1973, com a actriz Jean Marsh (Rose Buck) e um candeeiro para petróleo.
Ilustração
retirada de:
http://www.updown.org.uk/photos/pixbw3.htm
L'innocente (1976)
No ano
de 1976 o realizador Luchino Visconti lançou o seu derradeiro filme L'innocente, em Portugal O Intruso. Trata-se da adaptação ao cinema do romance do escritor
italiano Gabriele D'Annunzio.
A acção
desenrola-se na cidade de Roma no final do século XIX. Época esplêndida para se
utilizarem variados meios de iluminação, visto terem sido utilizados simultaneamente
na época em questão. O realizador transportou para o filme toda a vivência,
vivida na sua infância, da aristocracia italiana.
Os
candeeiros utilizados nas filmagens enquadram-se com o ambiente mas, com falhas
notórias. Essas falhas são ao nível de candeeiros a simularem antigos, de abat-jours em tecido baseados nos
antigos, de queimadores falsos e de outros detalhes. No entanto foram
utilizados de forma admirável as rendas e lenços sobre os globos, o que
enriquece o cenário e contribui para a sua autenticidade. Infelizmente há
também demasiada luz eléctrica nas cenas interiores.
Este é
um dos meus filmes preferidos. A interpretação magistral de Giancarlo Giannini,
de Laura Antonelli e de Jennifer O'Neill são marcantes. Cujas personagens estão
envoltas pela atmosfera sinistra do fim, cuja música nos envolve no drama.
Luchino
Visconti teve sempre um dom especial na escolha de actores.
Cena na
sala da condessa Teresa Raffo. O candeeiro sobre a mesa de jogo não é adequado.
Este é apropriado para os candeeiros de suspensão e além disso tem um queimador
falso. Na restante decoração há um par de candeeiro em cerâmica elétricos.
Estes imitam os candeeiros para óleo vegetal e com abat-jours em tecido. Os abat-jours
são baseados nos antigos mas, ao gosto dos anos 70 do século XX. Todavia o
requinte no vestuário, na decoração dos espaços e outros detalhes é
irrepreensível.
Os
actores são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Jennifer O'Neill (Teresa Raffo).
Ilustração
retirada de:
https://theredlist.com/wiki-2-17-513-863-589-587-view-history-biopic-5-profile-1963-bthe-leopard-b-1.html
Chegada
de Giuliana Hermil (interpretada por Laura Antonelli) ao boudoir. O candeeiro,
ao fundo, tem um abat-jour de tecido
apropriado para a época.
Ilustração
retirada de:
https://www.dvdtalk.com/reviews/36577/linnocente/
Cena da
convalescença de Giuliana Hermil com o marido. Na cómoda está um candeeiro,
para óleo vegetal, com renda por cima do globo, como era usual na época.
Os actores
são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Laura Antonelli (Giuliana Hermil).
Ilustração
retirada de:
http://www.backseatmafia.com/blu-ray-review-innocent-linnocente/
Cena que
não seguiu na versão final do filme. Os personagens estão no quarto e com um
candeeiro aceso. A cena, como em quase todas do filme, tem demasiada luz
elétrica.
Os
actores são os mesmos.
Ilustração
retirada de:
http://www.scanorama.lt/en/film/innocent
A
personagem Giuliana Hermil (Laura Antonelli) com o filho no berço. Atrás da
actriz está um candeeiro também com rendas sobre o globo. O quarto onde
filmaram tem também demasiada luz elétrica.
Ilustração
retirada de:
http://m.imdb.com/title/tt0074686/mediaviewer/rm2491673088
Umas das
últimas cenas do filme com a condessa Teresa Raffo e Tullio Hermil. O
candeeiro, ao fundo sobre a secretária, da sala parece ter um queimador falso.
No entanto toda a decoração foi magistralmente conseguida.
Os
actores são Giancarlo Giannini (Tullio Hermil) e Jennifer O'Neill (Teresa Raffo).
Ilustrações
retiradas de:
https://twitter.com/cultfilmsuk/status/701080145193410561
http://rarefilm.net/l-innocente-the-innocent-1976-luchino-visconti-giancarlo-giannini-laura-antonelli-jennifer-o-neill-drama-romance/
O corpo
de Tullio Hermil estendido no Jardim de Inverno, com decorações ao gosto
oriental.
Os
actores são os mesmos.
Ilustração
retirada de:
http://www.cinema.de/bilder/linnocente-die-unschuld,1334634.html
La storia vera della signora dalle
camelie (1981)
Na
história do cinema tem havido inúmeras adaptações do romance A Dama das Camélias, do escritor francês
Alexandre Dumas Filho. Uma delas foi em 1981, pelo realizador italiano Mauro Bolognini, denominada La storia vera della signora dalle camelie.
A
personagem principal, Alphonsine Plessis, foi interpretada pela genial actriz
francesa Isabelle Huppert.
Nas
cenas do filme sabiamente utilizaram candeeiros do tipo modérateur mas, noutras usaram candeeiros elétricos a simularem
antigos. Estes candeeiros retiram toda a autenticidade ao filme, estragando a
ambiência sugerida pelos cenários. Nas cenas noturnas interiores há também demasiada
incidência de luz elétrica.
A actriz
Isabelle Huppert (Alphonsine Plessis) numa das cenas do filme. Onde aparecem
inúmeros candeeiros de época mas, infelizmente conjugados com outros elétricos.
Estes são uma imitação de fraca qualidade dos candeeiros novecentistas.
Ilustração
retirada de:
http://www.circolocinemalucca.it/gioved-al-centrale/la-storia-vera-della-signora-delle-camelie/
Duas
cenas do filme com candeeiros para óleo vegetal usados corretamente.
Ilustrações
retiradas de:
https://i.pinimg.com/originals/52/c0/91/52c0915ca968d094ad5603f2b0f04234.jpg
https://i.pinimg.com/originals/2e/21/ac/2e21acba877a67b29aacc655f4381890.jpg
Sherlock Holmes, A Scandal in Bohemia
(1984)
No ano
de 1984 foi exibido na televisão o primeiro episódio da série Sherlock Holmes, baseada nos romances e
contos policiais do escritor inglês Sir Arthur Ignatius Conan Doyle. O
detective foi personificado pelo excelente actor inglês Jeremy Brett.
Perdoem-se mas, para mim, este será sempre o melhor actor que encarnou o famoso
detective.
O
primeiro episódio da série foi a adaptação do conto policial A Scandal in Bohemia, publicado pela
primeira vez em 1891. Logo neste episódio o ambiente de época foi
escrupulosamente respeitado. Sendo esta série um exemplo de referência quanto à
recriação de ambientes oitocentistas. A iluminação a gás, a petróleo, a velas e
outros meios criam contrastes. Desta forma sentimo-nos transportados para a
época retratada e envolvemo-nos no mistério.
Uma cena
do primeiro episódio desta série, onde os detalhes da época foram respeitados.
Esta série é um exemplo a seguir, nomeadamente a iluminação na sala de Sherlock
Holmes, onde foram usados candeeiros para gás e para petróleo. Desta forma
conseguiu-se um efeito claro/escuro sugestivo e subtil.
Os
actores são Jeremy Brett (Sherlock Holmes) e Wolf Kahler (King of Bohemia).
Ilustração
retirada de:
https://www.youtube.com/watch?v=iOiMTWCVO_4
A sala
de Irene Adler decorada, nas paredes, ao gosto Arte Nova.
Os
actores são Jeremy Brett (Sherlock Holmes), David Burke (Dr Watson) e Wolf
Kahler (King of Bohemia).
Ilustração
retirada de:
http://granadabrettishholmes.tumblr.com/post/118959343316/a-scandal-in-bohemia
Ilustração
da autoria de Sidney Edward Paget para a primeira edição, em 1891, do conto
policial A Scandal in Bohemia. No fogão
de sala estão dois candeeiros com globo.
Ilustração
retirada de:
https://macmcentire.com/2015/07/20/reading-sherlock-holmes-a-scandal-in-bohemia/
Sherlock Holmes, The Hound of the
Baskervilles (1988)
Os
contos policiais foram sendo adaptados para a série. Ao contrário dos romances
policiais que foram adaptados a filmes de televisão, como o famoso The Hound of the Baskervilles em 1988.
Cujo trabalho da equipa técnica é meritório na sua adaptação a filme. A cena na
sala de jantar de Baskerville Hall é
perfeita. O Doutor Watson (interpretado pelo actor inglês Edward Hardwicke) e
Sir Henry Baskerville (interpretado pelo actor americano Kristoffer Tabori)
terminam o jantar (ou ceia como era designada antigamente essa refeição em
Portugal). Na mesa foi colocado um candeeiro em metal dourado com reservatório
em vidro, com um queimador Duplex,
com um suporte para quebra-luz e com um abat-jour
em tecido. A câmara foca a mesa, de baixo, e vai rodando de forma a filmar a
luz da chama. Extraordinária cena e realçada pela iluminação de época. Este
quebra-luz deverá ter sido inspirado nas ilustrações que Sidney Edward Paget fez,
em 1901, para a primeira edição do romance.
Uma das
cenas com os actores Jeremy Brett (Sherlock Holmes) e Edward Hardwicke (Dr.
John Watson).
Ilustração
retirada de:
http://felicelog.blogspot.pt/2010/01/ten-favorite-sherlock-holmes-movies.html
The Hound of the Baskervilles, capa e lombada da primeira edição de
1901.
Ilustração
retirada de:
http://classic-literature.co.uk/a-c-doyle-the-hound-of-the-baskervilles-sherlock-holmes/
Ilustrações
da autoria de Sidney Edward Paget para a primeira edição. As quais foram tidas
em conta na recriação dos ambientes para o filme de 1988. Nomeadamente o abat-jour em tecido no candeeiro, com
queimador Duplex e devidamente aceso,
que foi colocado na mesa de jantar em Baskerville
Hall.
Ilustração
retirada de:
http://classic-literature.co.uk/a-c-doyle-the-hound-of-the-baskervilles-sherlock-holmes/
A Room with a View (1985)
A eterna
adaptação ao cinema do romance A Room
with a View, publicado em 1908, do escritor inglês Edward Morgan Forster.
Neste filme temos as sublimes interpretações de Maggie Smith (a personagem Charlotte
Bartlett), Helena Bonham Carter (a personagem Lucy Honeychurch), Denholm
Elliott (o personagem Mr Emerson), Julian Sands (o personagem George Emerson), Simon
Callow (o personagem The Reverend Mr Beebe), Judi Dench (a personagem Eleanor
Lavish), Fabia Drake (a personagem Miss Catharine Alan), Daniel Day-Lewis (o
personagem Cecil Vyse) e Rosemary Leach (a personagem Mrs Honeychurch), entre
outros.
Nas
cenas foram usados candeeiros para petróleo devidamente acesos. Todavia o uso
de demasiada luz elétrica retira autenticidade ao ambiente sugerido.
A actriz
Helena Bonham Carter (Lucy Honeychurch) no quarto de cama, com um candeeiro para
petróleo aceso em segundo plano. Neste filme os candeeiros foram acesos mas,
infelizmente, há cenas com demasiada luz elétrica. Esta estraga a subtileza e
autenticidade pretendidas.
Ilustração
retirada de:
https://www.bustle.com/articles/118748-what-your-edwardian-beauty-fashion-routines-would-have-looked-like-according-to-em-forster
Aqui D'El Rei! (1992)
Um dos
melhores filmes portugueses de época, do realizador António-Pedro Saraiva de
Barros e Vasconcelos. A quem dei pessoalmente os merecidos elogios quando
abordei o realizador no Palácio da Ajuda. Com a participação dos actores
Ludmila Mikaël (a personagem Condessa
Mariana de Vilares), Arnaud Giovaninetti (o personagem Nuno Lorena), Jean-Pierre
Cassel (o personagem Conde D. Rodrigo de Vilares), Julie Sergeant (a personagem
Estefânia), José Coronado (o personagem Gastão), Christine Chevreux (a
personagem Rosa, criada da condessa), Joaquim de Almeida (o personagem Manuel),
Montserrat Salvador (a personagem Titão) e José Mário Branco (o personagem Mouzinho
de Albuquerque), entre outros.
Tudo foi
respeitado ao pormenor e fielmente retrata os ambientes portugueses
oitocentistas. Complementados pelo vestuário, pelos cenários, pelos espaços e
pela interpretação.
Umas das
cenas mais comoventes é quando a criada Rosa pede à Condessa Mariana de Vilares
para lhe redigir uma carta. Como fundo há dois candeeiros, do tipo modérateur,
acesos nos aposentos. A cena fica enriquecida pelo tom amarelado da chama e dos
contrastes de luz/sombra.
A
segunda cena é entre os personagens Nuno Lorena e Mouzinho de Albuquerque. O
contraste da luz da chama do petróleo, nas feições dos actores, intensifica a
atmosfera tensa.
Um dos
melhores filmes portugueses onde se respeitou a iluminação de época. Os
detalhes, os espaços escolhidos, os edifícios, as cenas de rua, o vestuário e
demais detalhes, são louváveis.
Ilustração
retirada de:
http://portugalfilmweek.blogspot.pt/2012/08/
Dracula (1992)
Fantástica
adaptação ao cinema do romance do escritor irlandês Abraham "Bram" Stoker,
em 1992, pelo realizador Francis Ford Coppola.
O uso de
candeeiros de época é um pouco dúbio. Há candeeiros antigos mas, outros que
imitam os antigos para petróleo. Esta falsidade é desconcertante para um certo
rigor. Além de que muitos dos candeeiros são americanos. Estes pormenores não
invalidam a excelente qualidade do filme e o desempenho dos actores.
Parte
das cenas do filme são passadas no Reino Unido mas, o filme foi rodado nos
Estados Unidos da América. Os interiores ingleses fictícios foram ecleticamente
decorados e usaram candeeiros americanos. Cujo design e quebra-luzes não se harmonizam com o ambiente inglês da
época em questão. Este é um pormenor que não invalida a excelente qualidade
deste filme.
As
actrizes são Sadie Frost (Lucy Westenra) e Winona Ryder (Wilhelmina Murray).
Ilustração
retirada de:
http://www.scifimoviezone.com/imagehorror/dracula92038.jpg
The Age of Innocence (1993)
Exímia
adaptação do romance da escritora americana Edith Wharton, publicado em 1920,
ao cinema pelo realizador americano Martin Scorsese. Cuja acção se desenrola na
década de 70 do século XIX.
Nas
cenas interiores há novamente demasiada luz elétrica. Há também o uso
anacrónico de candeeiros de finais do século XIX e início do XX. Todavia estas
falhas são ofuscadas pelo excelente desempenho dos actores, do guarda-roupa, das
filmagens, dos cenários e da música, entre outras qualidades.
Na casa
de Mrs Catherine Manson Mingott foram escolhidos muito apropriadamente
candeeiros do tipo Solar. Esta razão é muito simples, visto a senhora em
questão ser uma viúva e de idade. Daí a escolha acertada dos candeeiros para a
sua habitação. Os candeeiros e quebra-luzes parecem ser da manufatura Cornelius & C.º.
O actor
é Daniel Day-Lewis (Newland Archer) e o realizador Martin Scorsese durante a rodagem
do filme.
Ilustração
retirada de:
http://www.indiewire.com/2014/08/watch-25-minute-documentary-on-the-making-of-the-age-of-innocence-with-martin-scorsese-daniel-day-lewis-more-273729/
Nesta
comovente cena entre a personagem Ellen Olenska (interpretada pela actriz Michelle
Pfeiffer) e o personagem Newland Archer (interpretado pelo actor Daniel
Day-Lewis) colocaram ao lado sofá uma mesa. Nesta pousaram anacronicamente um
candeeiro, em metal dourado, característico de final do século XIX.
Ilustração
retirada de:
http://lwlies.com/articles/the-age-of-innocence-martin-scorsese-most-violent-film/
The Buccaneers (1995)
No
seguimento do filme anterior criou-se a série inglesa e americana The Buccaneers, também adaptada de um
romance da escritora Edith Wharton. O original ficou incompleto devido à sua
morte, tendo sido finalizado nos anos noventa do século XX.
Esta
extraordinária adaptação foi fiel em muitos detalhes. A iluminação em
determinadas cenas foi a petróleo, o que enriqueceu grandemente toda a estética
da série. Por cima dos globos usaram rendas ou lenços, o que contribuiu para
uma maior autenticidade. Na maioria dos espaços os ambientes foram fiéis à
época, que também é a da década de 70 do século XIX. No entanto foram
utilizados candeeiros da década de 80 e posteriores. Esta constatação não
invalida a excelente qualidade desta série.
Esta
série é uma referência na recriação de ambientes oitocentistas, embora com poucas
falhas. Nomeadamente o uso de candeeiros de finais do século XIX e início do
XX. Os quais só apareceram no mercado cerca de dez anos depois da época
retratada. Em muitos dos interiores usaram-se rendas sobre os globos, o que
enfatiza ainda mais o ambiente romântico pretendido.
Os actores
são Carla Gugino (Nan St. George), Mira
Sorvino (Conchita Closson) e Greg Wise (Guy Thwaite).
Ilustrações
retiradas de:
http://www.frockflicks.com/buccaneers-bustle-gowns/
Total Eclipse (1995)
Extraordinária
e arrebatadora adaptação ao cinema, pela realizadora polaca Agnieszka Holland,
da relação entre os poetas franceses Paul-Marie Verlaine e Jean Nicolas Arthur
Rimbaud. Com o magnífico desempenho de Leonardo DiCaprio (o personagem Arthur
Rimbaud), David Thewlis (o personagem Paul Verlaine), Romane Bohringer (a
personagem Mathilde Maute) Denise Chalem (a personagem Madame Maute De
Fleurville) e Dominique Blanc (a personagem Isabelle Rimbaud), entre outros.
Nas
primeiras cenas do filme é a chegada de Arthur Rimbaud a Paris. Na sala, onde toca
o piano Mathilde Maute e acompanhada por sua mãe, os candeeiros para óleo
vegetal estão corretamente distribuídos. Um par sobre o fogão e o outro sobre a
mesa. Todavia as chaminés são inapropriadas.
Na cena
da biblioteca há outro par de candeeiros, sobre o fogão, também com chaminés
erradas.
No
quarto de cama do casal Paul Verlaine e Mathilde Maute há candeeiros para óleo
vegetal. Também com peças em vidro inapropriadas.
Este
filme demonstra um esforço extraordinário no uso correcto dos candeeiros,
sobretudo os de origem francesa.
As cenas
foram magistralmente filmadas, fazendo deste filme um marco na história do
cinema.
O poeta
Paul Verlaine (interpretado pelo actor inglês David Thewlis) e o poeta Arthur
Rimbaud (interpretado pelo actor americano Leonardo DiCaprio) nesta
extraordinária adaptação ao cinema.
Ilustração
retirada de:
http://ok.academy/2017/03/kursy-o-stihah-yanki-dyagilevoj-i-frantsuzskom-simvolizme-otkryli-dlya-novosibirtsev/
Cena na
biblioteca do sogro de Paul Verlaine. O poeta Arthur Rimbaud aproxima-se do
fogão de sala, com os candeeiros de época, e parte um dos Cães de Fó.
Ilustrações
retiradas de:
http://halabedi.eus/2016/02/18/no-fiutxur-rimbaud-etorri-duk-hitaz-galdezka/leo-as-arthur-rimbaud-in-total-eclipse-leonardo-dicaprio-25992921-1066-580/
http://www.fanpop.com/clubs/leonardo-dicaprio/images/25992974/title/leo-arthur-rimbaud-total-eclipse-screencap
http://www.fanpop.com/clubs/leonardo-dicaprio/images/26096325/title/leo-arthur-rimbaud-total-eclipse-screencap
Sherlock Holmes (2009)
Neste
filme, realizado por Guy Ritchie, foram respeitados os candeeiros de época.
Fizeram um esforço para os integrar, com a restante decoração, e estarem acesos
para determinadas cenas.
Nesta
cena do quarto de hotel, onde esteve a cantora Irene Adler, foi colocado muito
apropriadamente um candeeiro na mesa. Este parece ser em metal prateado com um
queimador Duplex.
Ilustração
retirada de:
https://www.youtube.com/watch?v=9XCHTsuJd_o
O filme
é meritório na utilização de candeeiros da época, como os que foram aqui
fotografados na sala de estar de Sherlock Holmes.
Os actores
são Jude Law (Dr. John Watson), Kelly Reilly (Mary Morstan) e Robert Downey Jr.
(Sherlock Holmes).
Ilustração
retirada de:
https://i.pinimg.com/originals/60/ff/f3/60fff312096cd9ed5355f370f4293461.jpg
Downton Abbey (2010)
Esta
estrondosa série revela qualidade no desempenho dos actores, nos cenários
realizados e nos espaços escolhidos, entre outras características. Os espaços
escolhidos foram, em parte, no Highclere
Castle, morada ancestral da família dos Condes de Carnarvon, o que
contribuiu para uma maior autenticidade. As cenas de alguns dos aposentos
privados da família, a cozinha, os aposentos dos criados e outros foram feitos
em estúdio.
A
iluminação de época tem falhas a nível dos candeeiros empregues, dos
queimadores e de outros detalhes. Há cenas interiores noturnas em que há
demasiada luz eléctrica.
A série
começa em Abril de 1912 e escolheram candeeiros para petróleo com coluna. Estes
candeeiros estavam já ultrapassados por volta desse tempo, tendo sido
substituídos por outros de gosto mais moderno. Daí terem sido sabiamente
escolhidos para ilustrar a passagem para a luz elétrica na fictícia Downton Abbey. Todavia a luz elétrica
quebra os contrastes claro/escuro da iluminação a petróleo, que deviam ter sido
tidos em conta.
As
actrizes são Laura Carmichael (Lady Edith Crawley), Michelle Dockery (Lady Mary
Crawley), Joanne Froggatt (Anna Bates) e Jessica Brown Findlay (Lady Sybil
Crawley).
Ilustração
retirada de:
http://downtonabbey.wikia.com/wiki/File:Mary%27s_bedroom.jpg
A mesma
escolha acertada de um par de candeeiros, com queimador Duplex, no quarto de cama de Cora Crawley (interpretada por Elizabeth
McGovern) casada com Robert Crawley, Earl of Grantham (interpretado por Hugh
Bonneville).
Ilustração
retirada de:
https://enchantedserenityperiodfilms.blogspot.pt/2010/11/pbs-masterpiece-downton-abbey-and.html?m=1
Bel Ami (2012)
Adaptação
cinematográfica do romance, publicado em 1885, do escritor francês Henri René Albert Guy de Maupassant.
Neste
filme foram utilizados candeeiros da época, realçados pelo uso globos, de
tulipas e de quebra-luzes em tecido apropriados. Esta opção é louvável mas, os
candeeiros são, na sua maioria, ingleses. A ação desenrola-se em França, por
isso teria aconselhável o uso de candeeiros do tipo modérateur. Os quais foram usados na adaptação anterior, em 2005,
na série francesa Bel Ami. Todavia
estes tinham falhas no uso de peças em vidro adequadas.
A actriz
Uma Thurman (interpreta a personagem Madeleine Forestier) e Robert Pattinson
(interpreta o personagem Georges Duroy)
numa as cenas do filme.
Ilustração
retirada de:
http://www.filmofilia.com/new-bel-ami-clip-with-robert-pattinson-and-christina-ricci-99701/
Gebo et l'ombre, O Gebo e a sombra (2012)
Este
filme foi adaptado da peça de teatro do escritor português Raul Germano Brandão.
Foi realizado pelo cineasta português Manoel de Oliveira e com o apoio do meu
grande amigo Ara Kebapcioglu. O qual aconselhou e disponibilizou um candeeiro
para petróleo em latão, com um queimador Kosmos
da manufatura francesa Gaudard.
O meu
amigo Ara tem sido um conselheiro inestimável para muitos filmes, nos quais
aparecem inúmeros candeeiros da sua colecção. Nomeadamente nos filmes: Camille Claudel (1988), Interview with the Vampire: The Vampire
Chronicles (1994), Capitaine Conan
(1996), Le cri de la soie (1996), Sortez des rangs (1996), Les palmes de M. Schutz (1997), Cousin Bette (1998) e Les aventures extraordinaires d'Adèle
Blanc-Sec (2010).
Tive a
honrosa oportunidade de pegar no candeeiro, acima fotografado e usado para este
filme, na loja Lumière de l'œil. A
qual pertence ao meu amigo Ara Kebapcioglu. Que tem alugado vários tipos de
candeeiros para diversas filmagens, nomeadamente com realizadores e actores de
renome. A sabedoria e o rigor de Ara Kebapcioglu reforçam a autenticidade dos filmes
na correcta utilização dos candeeiros.
As
actrizes são Claudia Cardinale (Doroteia), Leonor Silveira (Sofia) e Jeanne
Moreau (Candidinha).
Ilustração
retirada de:
https://abraccine.org/2015/05/07/o-gebo-e-a-sombra-dossie-manoel-de-oliveira/
Journal d'une femme de chambre (2015)
Este filme
foi baseado na obra do jornalista e escritor francês Octave Mirbeau, pela
primeira vez publicada em 1900. Cuja época temporal foi irrepreensivelmente
respeitada nas filmagens.
Uma das
melhores cenas é quando a criada Célestine (interpretada pela actriz francesa Léa
Seydoux) sai da sala de jantar para o vestíbulo. Neste está um candeeiro para
petróleo de coluna, com queimador Duplex,
aceso e com uma tulipa. A criada vai buscar as pantufas do patrão e cruza-se
com o criado Joseph (interpretado pelo actor francês Vincent Lindon).
Todas as
filmagens noturnas interiores respeitam a iluminação de época. Sendo este filme
um exemplo a seguir.
Neste
filme é extraordinária a forma como usaram a iluminação de época, embora com
erros crassos em determinados candeeiros. Nesta cena temos a criada Célestine
(interpretada pela actriz Léa Seydoux) na sala de estar de Madame Lanlaire.
Sobre o fogão de sala foi colocado corretamente um par de candeeiros do tipo modérateur. No vestíbulo, que comunica
com esta sala, foi usado um candeeiro com um queimador Duplex. Este foi aceso durante as filmagens, contribuindo assim
para criar uma atmosfera de época.
Ilustração
retirada de:
https://lestempscritiques.wordpress.com/2015/05/06/notre-avis-nouvelle-adaptation-du-journal-dune-femme-de-chambre-par-benoit-jacquot/
Esta cena
de jantar está perfeita em todos os detalhes. No candeeiro de suspensão há um
queimador Kosmos, com a chaminé
competente, e velas acesas na mesa.
Os
actores são Clotilde Mollet (Madame Lanlaire), Léa Seydoux (Célestine) e Hervé
Pierre (Monsieur Lanlaire).
Ilustração
retirada de:
https://www.readthespirit.com/visual-parables/diary-of-a-chambermaid-2015/
Na cena
da cozinha usaram um candeeiro adequado ao ambiente. Este tem um queimador do
tipo Matador com a respetiva chaminé.
As
actrizes são Léa Seydoux (Célestine) e Mélodie Valemberg (Marianne).
Ilustração
retirada de:
https://katushka.tv/torrent/film/129481-dnevnik_gornichnoj/
War
and Peace (2016)
Extraordinária adaptação do
famoso romance do escritor russo Lev Tolstoi.
A acção desenrola-se no princípio
do século XIX, sendo por isso desaconselhável o uso de determinado tipo de
candeeiros.
Esta
excelente série foi filmada na Rússia, o que contribuiu grandemente para a sua
autenticidade. Infelizmente na biblioteca do Príncipe Nikolai Bolkonsky aparece
um candeeiro com um queimador Kosmos.
Este queimador só apareceu décadas depois das guerras napoleónicas, sendo por
isso desaconselhável o seu uso em recriações da primeira metade do século XIX.
Ilustração
retirada de:
https://www.hdwallpapers.in/2016_war__peace_tv_series-wallpapers.html
Victoria (2016 a 2017)
O mesmo
acontece com esta série britânica. O período retratado é da década de 40 do
século XIX mas, usaram candeeiros com queimadores Kosmos e que foram patenteados em 1865. No entanto o guarda-roupa e
os cenários são louváveis.
O mesmo
erro aconteceu nesta série britânica. Estamos na década de 40 do século XIX e
aparecem candeeiros com queimadores Kosmos.
Ilustração
retirada de:
http://www.digitalspy.com/tv/feature/a844893/christmas-tv-schedule-2017-bbc-itv-c4-specials-shows-guide-movies-episodes/?zoomable
Os filmes
que foram aqui selecionados correspondem a um período cronológico vasto, de
forma a compreendermos a evolução do candeeiro nas filmagens de época. Nesta
evolução há exemplos que devem ser fontes de inspiração para futuras
reconstituições. No entanto ainda ocorrem erros crassos e inadmissíveis.
Wonderful compilation, wonderful comments! Thanks Antonio!
ResponderEliminarThank you Ara, I tried to focus on various movies until today. Also I have learned a lot from you over the years
ResponderEliminarExcelente trabalho uma vez mais António, mostrando quão exigentes são as reconstituições para filmes e séries de época. Em Portugal, se houver interessados, já sabem que poderão contar contigo como consultor.
ResponderEliminarObrigado Hugo e tu também sabes o quanto são exigentes as reconstituições. O rigor e a autenticidade são fundamentais para envolver o espectador.
EliminarVeja "O Jardim Secreto". Neste filme também surgem belos exemplares.
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