O candeeiro
que vos apresento é da manufatura Wild
& Wessel de Berlim, modelo número 1155 e foi adquirido no ano passado.
As peças que
o compõem são em zinco e eram revestidas a tinta. Esta foi aplicada em tons de
verde e simulava uma peça em bronze oxidado, mas com o tempo esta camada foi-se
deteriorando. Devido a esta situação decidimos repor os referidos tons e para
isso fizemos uma pesquisa. Analisamos este candeeiro e outros da mesma
manufatura, cujas imagens foram retiradas da internet e gravadas para a nossa
base de dados. O que conseguimos estabelecer foi o seguinte: uma camada mais
escura como fundo e por cima pinceladas num tom mais claro, de forma a criar
contrastes. O objetivo é o de simular uma certa antiguidade ao objeto.
O candeeiro
é formado por uma jarra, assente em quatro pés, encimados por quatro pináculos
e uma base. Esta desenvolve-se em linhas curvas, com motivos vegetalistas,
laçarias e outras estilizações. Esta secção foi também utilizada no modelo
1696, o que indica a compatibilidade entre peças durante a montagem de modelos,
assegurando assim uma disponibilidade variada de candeeiros. No topo desta peça
está a jarra e tem na base folhas de acanto, flores estilizadas e encimadas
superiormente por uma saliência arredondada. Nas duas faces principais há
molduras ovais, com uma fiada de contas, com folhas estilizadas na base. As
molduras são encimadas por ornatos e volutas, das quais partem, no sentido
descendente, folhas. Lateralmente há motivos decorativos que terminam num
leque, de onde brotam frutos, espigas e flores. Numa das molduras há uma
criança, sentada numa cadeira, a escrever num livro, tendo como fundo a base e
fuste de uma coluna, encimada por um festão. Na face oposta é uma criança,
sentada num banco, a tocar cítara. Todas estas estilizações ao gosto clássico
remetem para a poesia, a literatura, a música e a arquitetura. Lateralmente há
rostos femininos emoldurados por volutas, ornatos, panejamentos pendentes e
encimados por conchas. Todas estas peças foram fundidas separadamente e depois
aplicadas à jarra. Na base dos rostos há argolas onde, possivelmente, estavam
pendentes pegas metálicas, provavelmente em latão.
No corpo
principal assenta uma virola em zinco e onde entra o balde interno. Este é em
latão e tem um parafuso, unido por uma porca na base. No balde entra o
reservatório amovível de latão, cujo original deveria ser em vidro. No topo tem
a tampa com ornatos estilizados.
Este
candeeiro é exemplificativo das técnicas de produção em massa, da
compatibilidade entre diferentes peças e do ecletismo. Temos assim referências
clássicas, renascentistas e barrocas mescladas num só exemplar. A forma como as
peças foram conjugadas na jarra confere equilíbrio e torna o conjunto elegante, realçando assim uma certa verticalidade.
Tem todas as características estilísticas do período de 1865 a 1903 em que a manufatura lançou no mercado este tipo de candeeiros.
Tem todas as características estilísticas do período de 1865 a 1903 em que a manufatura lançou no mercado este tipo de candeeiros.
O queimador
que tinha não deve ser o original e é do tipo Matador. Tinha
sido eletrificado, não ficou danificado e tinha uma galeria. Esta passou para o queimador Kosmos
Vulkan no tamanho 14, que entretanto adquirimos. Para o substituir
enroscamos vários queimadores da Wild
& Wessel, nomeadamente o Central
Vulkan 16''', o Kosmos Solar 16'''
e o Agni 20'''. O tamanho e a proporção
destes exemplares não combina com o candeeiro, por isso optamos por um Kosmos 14'''.
O globo é de
um candeeiro, adquirido em Dezembro, e do princípio do século XX. Tem a base
recortada em curvas com estilizações de flores e treliças. Estas são foscas
assim como o topo, desta forma a incidência de luz é esbatida, de forma a
projetar mais luminosidade para as superfícies em baixo. Este quebra-luz não
estava destinado para este candeeiro mas, ficou perfeito e em equilíbrio com as
suas proporções.
O restauro
por enquanto está concluído, mas de futuro esperamos colocar as pegas em falta.
Seguem as
fotografias do candeeiro.
O candeeiro
com a chaminé e o globo, duas fotografias.
A base
do candeeiro.
As faces
principais e uma das laterais.
A tampa
do reservatório.
O queimador
com a chaminé e o globo.
O balde
interno em latão.
O candeeiro
aceso com o globo, três fotografias.
O modelo
1696 no catálogo de 1902/1903 da Wild
& Wessel, cuja base tem a mesma peça que este modelo mas invertida.
O candeeiro
antes do restauro, duas fotografias.
A base
do candeeiro.
A tampa
do reservatório, o reservatório e o balde interno.
As peças
todas desmontadas antes de serem restauradas.
Um dos
rostos femininos laterais onde podemos observar a qualidade na modelagem, a
união dos diferentes moldes e os tons originais.
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