No
decorrer das publicações têm-se colocado várias fotografias de interiores
domésticos portugueses, mas hoje iremos disponibilizar fotografias de interiores
domésticos portugueses, os quais reflectem o conforto burguês e a evolução
tecnológica.
A iluminação
em finais do século XIX era assegurada por diversos combustíveis que são, entre outros:
- gás;
-
azeite;
-
petróleo;
-
cera;
-
electricidade.
Fotografias
de três salas no Palácio da Mitra, em Lisboa, sem data. Os lustres, sem velas,
são visíveis e a ausência de candeeiros a petróleo, os quais eram retirados
durante o dia para manutenção.
Fotografias
de José Artur Leitão Bárcia retirada do site
de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
As velas
são um meio intemporal de iluminação mas, em finais do seculo XVIII, o inventor
suíço François Pierre Ami Argand (1750 – 1803) patenteou, em 1780, a lâmpada Argand.
Alçado
e cortes do queimador e lâmpada Argand.
Ilustração
retirada do seguinte link:
O combustível
é o óleo de colza, o óleo de baleia ou o azeite (usado desde o tempo dos
romanos) colocado num reservatório. O queimador, com torcida, é protegido por
uma chaminé em vidro. Este tipo de lâmpada revolucionou a iluminação na Europa,
levando ao seu aperfeiçoamento anos mais tarde.
O
relojoeiro francês Bernard Guillaume Carcel (1750 – 1818) aperfeiçoou a lâmpada
Argand, colmatando os seus
inconvenientes, e criou em 1800 a lâmpada Carcel.
O reservatório
encontra-se abaixo do queimador, com um sistema de bombagem e mecanismos de
relógio, que elevam o combustível para o queimador. A capacidade do
reservatório dá para 16 horas ininterruptas de luz.
Este tipo
de candeeiros complexos, de manutenção regular eram dispendiosos e estavam
reservados a um determinado consumidor.
No ano
de 1836, patenteado a 10 de Agosto, o inventor Charles-Louis-Félix Franchot
(1809 – 1881) inventou o famoso candeeiro tipo Modérateur.
O sistema
é aperfeiçoado do candeeiro tipo Carcel,
onde um êmbolo de couro e mola substituem o mecanismo de relógio. A sua
produção estende-se até à Primeira Guerra Mundial, caindo depois em desuso.
Este tipo
de candeeiros, assim como os Solar e os
Astral, entre outros, são todos a óleo
animal ou vegetal.
Sala de
estar pertencente a Júlio Carlos Mardel de Arriaga Velho Cabral da Cunha
Godolphin, em Lisboa, sem data. De cada lado do canapé, em colunas metálicas de
pé de galo, há dois candeeiros tipo Carcel
ou Modérateur.
Fotografia
de José Artur Leitão Bárcia retirada do site
de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
Atelier de escultura de Dona Maria Luísa de
Sousa Holstein, 3ª duquesa de Palmela, no seu Palácio em Lisboa. O mesmo tipo
de candeeiros, em colunas, de cada lado da lareira. Fotografia da autoria de
Francesco Rocchini.
Ilustração
retirada do site de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
Sala verde
no Palácio do Conde de Sabugosa, em Lisboa, 1910. Numa das mesas temos um magnífico
candeeiro tipo Modérateur, com um
animal enroscado ao longo do corpo principal. Na lareira outro candeeiro do
mesmo género com uma renda ao longo do abat-jour.
Fotografia de Augusto Bobone.
Ilustração
retirada do site de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
Outra sala
no Palácio de Santo Amaro, pertencente ao Conde de Sabugosa. Na cómoda
papeleira há um elegante par de candeeiros tipo Carcel ou Modérateur.
Fotografia
de José Artur Leitão Bárcia retirada do site
de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
Sala
no Palácio de Santo Amaro, pertencente ao Conde de Sabugosa, sem data. No armário
com livros há um par de candeeiros, Carcel
ou Modérateur. Na secretária há dois
candeeiros com seus respectivos abat-jours.
Fotografia
de José Artur Leitão Bárcia retirada do site
de pesquisa da Câmara Municipal de Lisboa.
Este tipo
de candeeiros surge esporadicamente em leilões no nosso país. Estranhamente são
sempre anunciados como sendo a petróleo, pois o desconhecimento e ignorância do
público são desastrosos.
Boa tarde, seria possível a utilização da fotografia do estúdio da 3ª duquesa de palmela para fins de utilização da imagem na minha tese de mestrado? Agradeço e aguardo a resposta o mais breve possível!
ResponderEliminarCumprimentos,
Mariana Soua