Com o
restauro do candeeiro, mencionado nas anteriores publicações, fiquei com outro,
embora menos apelativo e que eu sentia a necessidade de alterar algo nele.
O
candeeiro no dia da sua compra, duas ilustrações.
Um dos
pontos que me desmerecia nele era a união grosseira entre o pé metálico e o
reservatório em vidro, o que é impensável nestes candeeiros na sua época. Mesmo
os candeeiros mais modestos têm uma perfeição na união das peças que este tinha
perdido. Pus-me a pensar no assunto e um dia, vasculhando na internet, descobri um reservatório de
fabrico actual precisamente igual a esse.
O
candeeiro após a primeira intervenção, a qual só foi a limpar os vidros e polir
os metais.
O
candeeiro denunciava um restauro descuidado, pela união das peças mencionadas e
pela horripilante pintura em purpurina. Na minha cabeça de repente fez-se luz,
aproveitar um dos depósitos americanos que sobraram e colocar neste. Tudo batia
certo, o número de estilizações do globo, reservatório e os três pés da base,
além do cromatismo ficar mais apelativo com a adição do latão entre o vidro e o
metal.
O
primeiro passo foi remover a pasta, que não era gesso como antigamente se fazia
mas outra actual, e pôr de parte o reservatório. O segundo foi remover a
purpurina e depois pintar de preto fosco, mas o meu amigo Nuno apaixonou-se
pelo candeeiro e os tons cinzentos do metal. Este metal, o qual não tem marcas
nem se sabe a origem, é em liga de estanho e antimónio. Os tons imperfeitos do
cinzento são apelativos, por isso segui o seu conselho e deixámos estar à cor
natural.
O
passo a seguir, mais fácil, foi colocar o reservatório com o seu parafuso, que
atravessa a base metálica, e comprar um disco metálica e apertar a extremidade
para as peças ficarem unidas. O resultado transformou da noite para o dia este desenxovalhado
candeeiro numa peça bastante equilibrada e apelativa.
Outro
dado curioso foi a base ter 3 pés, o globo ter 6 estilizações, o reservatório
ter duas bandas com 15 pontas, a de cima ciruclar e a de baixo pontiaguda,
ambas em baixo-relevo. O resultado foi fenomenal, tudo se encaixa.
O
candeeiro após o restauro, duas ilustrações.
O uso
das ligas de estanho e antimónio era usada em variados tipos de candeeiro,
desde os mais simples e populares, até aos mais sofisticados. Esta liga é
difícil de restaurar, por isso é preciso ter muito cuidado para não se quebrar
nenhuma peça deste material.
A
origem deste candeeiro continua um mistério para mim, apesar de ter como seguro
os seguintes dados:
- o
queimador Kosmos 14” é da Gaudard, portanto fabrico francês;
- a
chaminé Kosmos 14” é de fabrico sueco
e tem as seguintes inscrições de debaixo de uma coroa: Blysglass 14”.
As
restantes peças que vieram ainda não se sabe a origem, mas é provável que sejam
alemãs.
A base
em liga de estanho e antimónio, duas perspectivas. Esta base tem reminiscências
estilísticas dos castiçais que se usam nas igrejas e oratórios, mas como está
perfurada inviabiliza o seu uso para velas.
A
união entre as diferenças resultou estupendamente, o cinzento do metal com o
latão e o reservatório são fenomenais.
O
reservatório é parcialmente fosco, excepto nas bandas estilizadas decorativas,
o que ainda realça mais o efeito elegante do candeeiro.
O
queimador conjuga-se igualmente com os restantes tons do candeeiro. O globo tem
uma presença fenomenal devido ao seu sóbrio e sofisticado design.
O
candeeiro sem globo e chaminé visto de cima. As diferentes estilizações das
peças complementam-se entre si.
Na
próxima publicação falarei da importância de se adquirir petróleo de boa
qualidade, visto o mercado estar saturado de produtos de qualidade duvidosa,
além de porem em risco a nossa segurança. Outro ponto fundamental é o
custo/benefício dos candeeiros a petróleo, visto ser um tema em moda nos dias
de hoje.
Belo restauro! O candeeiro ficou impecável.
ResponderEliminarComo tirou a purpurina? Eu tive um com essa pintura, mas tive receio que o decapante estragasse a liga metálica.
Cumprimentos
Obrigado Francisco. Neste caso por acaso usei decapante e esfreguei, mas no candeeiro a seguir usei soda cáustica.
ResponderEliminarO uso da soda cáustica convém ser no exterior, por causa dos vapores, mas ficou impecável, mas mesmo assim tive que esfregar pequenas zonas para tirar tudo.
Cumprimentos